Por que a Apple não precisa mais do Google Maps

A nova versão do iPhoto não usa o Google Maps para as habilidades de mapas do Journals e do Slideshows. É uma mudança pequena, claro, mas é um sinal de algo bem maior. Porque, basicamente, a Apple não precisa mais do Google Maps. E é só questão de tempo até que ele suma dos aparelhos […]
Adeus, Google?

A nova versão do iPhoto não usa o Google Maps para as habilidades de mapas do Journals e do Slideshows. É uma mudança pequena, claro, mas é um sinal de algo bem maior. Porque, basicamente, a Apple não precisa mais do Google Maps. E é só questão de tempo até que ele suma dos aparelhos da empresa.

Deixando claro, o iOS ainda está bem conectado com os dados do Google Maps. Quase todas as funcionalidades do iOS utilizam suas informações. Mas se esse realmente foi o tiro de aviso, a Apple tem em mãos as ferramentas para mudar isso sem sofrimento.

Não pode vencê-los? Compre-os

Durante os últimos anos, a Apple silenciosamente comprou uma série de empresas de mapas. Nenhum produto final surgiu delas até então, mas aquisições importantes deram à Apple os músculos para, muito no mínimo, melhorar algumas habilidades periféricas por contra própria — mesmo que isso ainda signifique usar o Google Maps como backbone principal.

No ano passado, a Apple comprou a C3 Technologies, que é especializada em mapas 3D ultrarrealistas. Nos dois anos anteriores, ela também levou a Placebace, empresa que customiza camadas de informações em mapas, e a Poly9, que tem um produto bem parecido com o Google Earth.

Essas empresas dão à Apple uma base sólida, mas nenhuma delas opera na escala do Google Maps. Elas são boas contribuidoras, sistemas interessantes, mas o Google Maps continua sendo o único mecanismo capaz de criar um app tão completo de mapas. Pelo menos até agora.

O inimigo do inimigo

Você lembra do Bing, né? Seu sistema de busca é bom. Seus mapas, nos EUA, são ainda melhores. Trata-se de um produto bem finalizado que chega a superar o Google Maps em vários sentidos, e o Maps sem dúvida empurraria o termo “Bing” para debaixo do tapete se tivesse a oportunidade. Mas em certas situações, o Google é superior demais em relação ao Bing, e qualquer tipo de queda de performance (que não venha de um produto de dentro da empresa, pelo menos) é o necessário para a Apple abandonar uma ideia. Por isso, o TNW confirma que este novo sistema de dados de mapas não é movido pelo Bing. E há também o problema de o Bing Maps estar sendo rebatizado aos poucos como Nokia Maps. É muito improvável pensar que a Apple deixaria alguma parte de seu iPhone com o nome de um concorrente de hardware.

Apesar disso, o Bing continua tendo seu apelo óbvio. É impossível calcular o valor de um backbone já pronto de um sistema de mapas, especialmente um que já esteja conectado a seu próprio mecanismo de busca. A Apple aprendeu na marra como é difícil criar um sistema de busca do zero. Além disso, trocar o Google pela Microsoft é um movimento lateral do tipo “colaborando com a competição”. E a Microsoft já deu grandes sinais de que gosta de fazer dinheiro com plataformas rivais. É só ver o que ela está fazendo com as fabricantes de Android. E o lance da parceria com a Nokia, bem, é só um nome. Isso pode ser modificado ou simplesmente ignorado.

Assim, um casamento entre iOS e Bing parece um tanto absurdo, mas há sentido em juntá-los também. E, lembre-se, não faz muito tempo que a Apple e a Microsoft consideraram uma parceria de buscas no Bing.

Gratuito e fácil

Ou talvez a Apple não precise nem disso. O OpenStreetMaps, um projeto de mapas open source, poderia por um fim na corrida de renderização de mapas. O OSM junta dados de aparelhos GPS móveis, conhecimento local, fotos aéreas e dados oficiais disponíveis de monte, como informações do governo ou dados doados por empresas.

O The Next Web e o 512 Pixels deram uma boa esmiuçada no novo sistema de mapas da Apple e determinaram que, pelo menos graficamente, os novos mapas do iPhoto não parecem ser do OSM. Isso não significa que o OSM não está sendo usada: ela confirmou que a Apple está sim usando seus mapas customizados no iPhoto. Porém, a empresa não avisou o OSM e nem deu créditos aos contribuidores do projeto. Ainda segundo a empresa, a Apple usa dados do OSM desde abril de 2010, o que é bem estranho. No futuro, no entanto, ela pode usá-lo de forma mais legítima como motor de seus mapas. Sem pagar nada.

Tudo, menos o Google

Apesar de a relação entre a Apple e o Google Maps ter funcionado muito bem até então, o pessoal de Cupertino provavelmente odeia o fato de o Google ser o poder principal de um dos apps mais importantes do iOS. É difícil começar uma guerra termonuclear com um inimigo em suas próprias máquinas. A Apple mostrou em seus estapeamentos com a Samsung que ela não vê problemas nisso — a Samsung vende diversos tipos de componentes para as iCoisas — mas obviamente esta não é a situação ideal.

Independente de como a Apple arrancará o band-aid do Google Maps, isso irá acontecer. Estamos falando de duas empresas em guerra. Socos. Chutes. Mistura de chutes e socos — chocos. Elas sempre terão que interagir entre elas — é isso que acontece quando duas gigantes fazem negócios no mesmo lugar — mas quando a Apple deixou passar alguma oportunidade de expandir seus jardins? Quando ela deixou uma situação confortável para um rival?

Então, apesar de os dados de localização do Places ainda serem movidos pelo Google e o Google Maps ainda ser padrão do iOS, essa trégua deve acabar. A Apple vem há anos contratando seus cartógrafos digitais. E esse é o primeiro sinal de que a empresa pretende usá-los.

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