Por que tem reduzido mensalmente a quantidade de linhas móveis no Brasil?

Todos os meses, a Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações) anuncia dados da telefonia móvel no Brasil. No último anúncio, referente ao mês de maio deste ano, a agência ressaltou que, comparado com maio do ano passado, o Brasil perdeu quase sete milhões de linhas. • Brasil e 18 países planejam acabar com roaming internacional até […]

Todos os meses, a Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações) anuncia dados da telefonia móvel no Brasil. No último anúncio, referente ao mês de maio deste ano, a agência ressaltou que, comparado com maio do ano passado, o Brasil perdeu quase sete milhões de linhas.

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Pode parecer um número pequeno, pois no mês de maio o Brasil registrou 235,45 milhões de linhas, mas ele sinaliza uma mudança importante no mercado local. “O mercado está passando por um amadurecimento”, afirmou Eduardo Jacomassi, gerente de universalização e ampliação do acesso da Anatel, em conversa com o Gizmodo Brasil.

Em novembro de 2010, o Brasil atingiu pela primeira vez a marca de duas linhas telefônicas por habitante, e, pelo menos desde 2015, o número de linhas tem reduzido. Segundo Jacomassi, um dos grandes fatores para essa limpeza na base das operadoras é a redução da taxa de interconexão entre as teles.

Se você é um pouco mais velho, deve se lembrar o quanto era caro fazer uma chamada de celular para uma operadora diferente da sua. Por ser assim, muitas empresas criavam pacotes de chamadas e mensagens entre clientes da mesma empresa telefônica para incentivar o efeito comunidade, o que fazia muita gente perguntar qual era a operadora antes de anotar um número em sua lista de contatos. Em um cenário fragmentado e caro para fazer chamadas, uma boa faixa da população mantinha múltiplos chips — a demanda era tão esquisita que chegou até a ser lançado celular com suporte a três chips.

Para se ter ideia de números, em 2014, o valor de remuneração de uso de rede da telefonia móvel era de R$ 0,23. Os valores atuais variam entre R$ 0,04 e R$ 0,10, dependendo da região. Isso acabou popularizando planos do tipo “fale à vontade”.

Essa limpeza de base de chips é importante para as operadoras, pois, para cada linha mantida, a empresa deve pagar uma taxa anual ao Fistel (Fundo de Fiscalização das Telecomunicações). Logo, com menos linhas, as operadoras pagam menos e podem investir em outras áreas ou em benefícios para seus clientes.

Outro ponto é o uso e o aumento de cobertura de internet móvel. As pessoas passaram a usar mais aplicativos de comunicação, como o WhatsApp. Pra quê ter várias linhas se posso enviar uma mensagem pelo aplicativo?

Impressiona como o uso de dados tem transformado o mercado local. Em 2010, 82,19% da linhas eram pré-pagas e o restante, 17,81%, pós-pagas; em maio de 2018, o cenário estava assim: 61,2% são pré-pagas, enquanto 38,8% são pós-pagas.

“A quantidade de acessos pré-pagos, que eram chips para chamadas de voz, vem caindo, enquanto a quantidade de planos pós vem aumentando. A banda larga móvel é a ‘culpada’ disso, pois a população quer ter mais acesso a dados, e as melhores ofertas ainda estão em planos pós ou controle”, explicou Jacomassi, da Anatel.

No que diz respeito à tecnologia, metade das linhas móveis do Brasil (49,12%) já é 4G. Na sequência, vem as conexões 3G (31,74%) e 2G (12,05%). Essa predominância do 4G é explicada pela regra da agência que exigiu que as operadoras priorizassem municípios com mais de 30 mil habitantes — que compõem a maior parte dos usuários de telefonia. “Esse tipo de decisão incentivou a competição entre operadoras até para substituir redes 3G em detrimento de redes 4G”, disse.

Imagem do topo por rawpixel/Unsplash

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