EUA propõem proibição mundial de notebooks na bagagem despachada de voos internacionais

A Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), órgão responsável pelos regulamentos da aviação civil no país, quer que companhias aéreas de todo o mundo deixem de permitir que os passageiros coloquem dispositivos eletrônicos grandes como notebooks na bagagem despachada em voos internacionais. A proposta, que sem dúvidas vai irritar alguns viajantes frequentes, será considerada […]

A Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), órgão responsável pelos regulamentos da aviação civil no país, quer que companhias aéreas de todo o mundo deixem de permitir que os passageiros coloquem dispositivos eletrônicos grandes como notebooks na bagagem despachada em voos internacionais. A proposta, que sem dúvidas vai irritar alguns viajantes frequentes, será considerada pela ONU nas próximas semanas.

A FAA está preocupada com as baterias de íon de lítio, que são comuns em dispositivos como notebooks. Testes conduzidos pela agência concluíram que quando eletrônicos grandes superaquecem nas bagagens, eles correm o risco de entrar em combustão quando dentro de malas com latas de aerossol, como spray de cabelo e shampoo seco. Dependendo do tipo de avião, o potencial para explosão se torna um perigo para toda a aeronave.

As descobertas estão detalhadas em um estudo publicado online no mês passado, em que a agência explica em detalhes que os sistemas de contenção de fogo em alguns aviões modernos não são páreos para os tipos de explosão testados pela FAA. A agência acredita que a única razão para não ter havido mais incidentes de explosão com dispositivos eletrônicos em bagagens despachadas é simplesmente que maioria das pessoas leva seus notebooks e outros dispositivos maiores que smartphones dentro da bagagem de mão.

A agência conduziu dez testes, quatro deles incluindo materiais potencialmente explosivos, além do notebook. Estes incluíam uma garrafa de shampoo seco, uma garrafa de 177 mL de removedor de esmalte, uma garrafa de 59 mL de desinfetante para as mãos e uma de 473 mL de álcool etílico 70%. Todos causaram fogo, mas apenas o de shampoo seco explodiu de maneira que não pudesse ser contido pelos sistemas de contenção de fogo na aeronave, engolindo o compartimento de bagagens em apenas 40 segundos.

O estudo da FAA não aborda se deve haver uma proibição doméstica, mas vê isso como um problema global e espera estabelecer um padrão mundial por meio da ONU, já que as pessoas costumam passar por voos de conexão tão frequentemente. A Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) vai discutir a questão durante reuniões na próxima semana. Se o comitê aceitar as descobertas do estudo da FAA, a proposta ainda precisaria ser adotada individualmente pelos países participantes.

De acordo com a Associated Press, os maiores fabricantes de aeronaves, assim como a correspondente da FAA na Europa, concordaram todos com as conclusões do estudo. Os Estados Unidos já brincaram previamente com a ideia de proibir todos os notebooks na cabine de todos os voos internacionais em direção aos EUA.

As recomendações podem ser confusas para os passageiros que lembram da proibição de notebooks deste ano, implementada pelo Departamento de Segurança Nacional dos EUA contra voos de dez diferentes países do Oriente Médio. Esses voos não permitiam que passageiros carregassem dispositivos eletrônicos grandes na cabine. A proibição foi supostamente imposta por causa de ameaças credíveis a aeronaves comerciais por parte de organizações terroristas. O presidente americano Donald Trump supostamente compartilhou essas informações sensíveis com diplomatas russos no Salão Oval. A proibição foi retirada em julho, depois dos dez aeroportos afetados terem feito melhorias de segurança.

A Associated Press aponta que três aviões de carga foram destruídos desde 2006 em incêndios relacionados a explosões de baterias. Quatro pilotos morreram, embora o problema ainda não tenha causado um incidente importante em um avião de passageiros desde então.

O estudo da FAA explora, sim, alternativas além de uma proibição de notebooks na bagagem despachada, incluindo permiti-los nos tipos de avião com os sistemas de contenção de fogo mais avançados e pedindo que os passageiros não coloquem coisas como shampoo seco na mesma mala que os notebooks. Mas a recomendação final da agência é simplesmente proibir notebooks completamente no compartimento de bagagens.

O estudo reconhece a falta de dados além dos dez testes que conduziu e especificamente diz que análises mais profundas por parte da comunidade internacional são bem-vindas. Mas vamos ter que esperar para ver o que a ONU decide nas semanas seguintes.

[Chicago Tribune]

Imagem do topo: Getty

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