Cientistas chegam a mais provas de que os alienígenas não estão tentando se comunicar conosco

Alguns pesquisadores do SETI acreditam que a melhor forma de detectar alienígenas é vasculhar o céu atrás de seus raios laser. Na maior pesquisa desse tipo, astrônomos escanearam 5.600 estrelas em busca desses sinais ópticos e acharam… absolutamente nada. Aqui vai o que isso significa para o SETI e outras buscas por vida alienígena inteligente. […]

Alguns pesquisadores do SETI acreditam que a melhor forma de detectar alienígenas é vasculhar o céu atrás de seus raios laser. Na maior pesquisa desse tipo, astrônomos escanearam 5.600 estrelas em busca desses sinais ópticos e acharam… absolutamente nada. Aqui vai o que isso significa para o SETI e outras buscas por vida alienígena inteligente.

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Em um novo estudo aceito para publicação no Astronomical Journal, os astrônomos do SETI Nathaniel Tellis e Geoffrey Marcy, da Universidade da Califórnia em Berkeley, falam que eles foram incapazes de detectar assinaturas ópticas de extraterrestres avançados em mais de 67.000 espectros individuais produzidos por quase 5.600 estrelas na Via Láctea. Reveladoramente, cerca de duas mil dessas estrelas são suspeitas de habitar planetas quentes parecidos com a Terra, sugerindo que civilizações avançadas também não têm o hábito de transmitir lasers poderosos através do cosmo, ou simplesmente não existem. De maneira mais prática, quer dizer que devemos procurar sinais ópticos em outros lugares e expandir a nossa busca para incluir diversos outras potenciais sinais alienígenas. Para falar de maneira simples, não acabamos de procurar pelo ET.

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Ouvir sinais de rádio é coisa do passado. Todas as crianças descoladas agora estão procurando raios laser (Imagem: Contato)

Posto isso, o resultado negativo é inegavelmente triste. Sinais de laser seriam um jeito efetivo, barato e fácil de encontrar civilizações avançadas que estivessem buscando nossa atenção. Usando tecnologia similar com a que temos hoje, os alienígenas poderiam estar transmitindo deliberadamente sinais artificiais visíveis, infravermelhos ou emissões ultravioletas para a nossa estrela. Esses sinais dirigidos poderiam atrair a nossa atenção sendo contínuos ou anormalmente poderosos, ou contendo sinais de artificialidade, como pulsos inexplicáveis, ou uma linha de dados binários exprimindo algum tipo de fenômeno matemático (por exemplo números primos ou o pi).

Antes desse estudo, os pesquisadores do SETI avaliaram cerca de 20 mil estrelas em busca de sinais ópticos no observatório de Harvard, Oak Ridge, gastando cerca de dez minutos em cada objeto. Claramente, se a frequência de pulso dos lasers é mais longa do que isso, se a transmissão de laser dos ETs for temporária ou tiver parado de funcionar, estamos sem sorte. Sem surpresas, não encontramos nada de interessante até agora.

O curioso silêncio do espaço está ficando cada vez mais alto com cada nova tentativa de detectar vida alienígena inteligente.

Em um esforço para conduzir uma varredura mais pormenorizada dos céus, Tellis e Marcy analisaram um monte de dados coletados pelo telescópio de dez metros Keck e seu espectrômetro de alta resolução, HIRES, entre 2006 e 2016, como parte do California Planet Search (CPS). As 5.600 estrelas inclusas no estudo, a maioria estando a uma distância de 300 milhões de anos-luz, produziram 67.708 espectros estelares individuais, em média 96 sinais espectrais por estrela.

“Esse estudo junta a imensidão de dados coletados pelo telescópio Keck através de décadas, maioria parte de projetos de caça a planetas”, explicou o astrônomo da Penn State Jason Wright, que não estava envolvido no estudo, em uma entrevista ao Gizmodo. “Isso o torna sensível a lasers relativamente fracos de milhares das estrelas mais próximas e interessantes. É um ótimo exemplo de como o SETI pode ‘pegar carona’ em outros estudos, procurando sinais que podem ter sido ignorados ou jogados fora porque não eram o esperado ou porque pareciam muito com alguma fonte de ruído conhecida.”

Armados com esses dados, os pesquisadores então tiveram a tarefa de procurar por assinaturas espectrais que, nas palavras dos autores, “seriam esperadas de lasers ópticos alienígenas”. A potência desses lasers iria de 3 kW a 13 MW, o que não é nada tão extremo. Diferentemente de sinais de rádio, que podem dissipar a longas distâncias, a luz laser consegue manter sua integridade conforme viaja através do espaço. “Nós podemos imaginar que seres mais tecnologicamente avançados que os humanos poderiam ser capazes de construir lançadores laser com níveis de potência tão altos quanto os detectados aqui, em qualquer um dos 5.600 sistemas solares que investigamos”, explicaram os pesquisadores em seu estudo.

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Um exemplo de um falso positivo em um sinal. Esse candidato a laser extraterrestre foi encontrado em uma observação da TW Hydrae. O sinal acabou sendo de gás aquecido no disco protoestelar ao redor da estrela. (Imagem:Tellis and Marcy, 2017)

Para analisar essa década inteira de dados, Tellis e Marcy desenvolveram um algoritmo que era (ao menos em teoria) capaz de discernir um possível sinal alienígena dentro dos espectros naturais de uma estrela. Se um sinal artificial tivesse sido voltado para a terra, ele seria detectável como um número incomumente alto de prótons comparado com as emissões de fundo da estrela. O algoritmo foi configurado para marcar qualquer ocorrência de três pixels consecutivos que excedessem os limites impostos pelos pesquisadores.

“Procuramos nos espectros a ‘claridade’ da estrela, relativa à luz que ela já está emitindo, que estava junta tanto no comprimento de onda quanto no espaço”, Tellis disse ao Gizmodo. “Encontrar um sinal que batesse com o perfil instrumental do HIRES do Keck significaria quase sem erro que estávamos vendo uma luz de laser, já que o espectro estelar normal contém apenas linha de emissão termalmente ampliadas. Essa é uma das vantagens-chave em usar o Keck, já que ele tem resolução espectral suficiente para distinguir os dois.”

Os limites foram bem amplos, resultando em um conjunto inicial de 5.023 candidatos. Os pesquisadores manualmente separaram esses resultados (com os olhos mesmo), diminuindo a lista cada vez mais, até identificarem a origem de cada falso positivo. As origens mais comuns desses falsos positivos incluem raios cósmicos, raios gama, radioatividade do observatório, moléculas na atmosfera terrestre e emissões de estrelas próximas. Eventualmente, Tellis e Marcy tiveram que aceitar a derrota.

“Nós não encontramos nenhuma emissão laser vinda de regiões planetárias ao redor de nenhuma das 5.600 estrelas”, concluíram os pesquisadores em seu estudo.

Esse resultado seria um golpe duro na sugestão de que civilizações avançadas podem durar milhares a milhões de anos, enquanto mandam sinais de “olá” para seus vizinhos todos. Mesmo se apenas uma pequena fração dos cerca de dois mil sistemas com planetas potencialmente similares à Terra tivesse civilizações tecnológicas que tiveram tempo de deliberadamente apontar raios laser de vários megawatt em nossa direção, nós teríamos detectado algum deles até agora.

“Esses resultados colocam um limite máximo no número de civilizações transmitindo lasers para nós enquanto estamos observando”, disse Tellis. “É apenas um tipo de comunicação, mas nós acreditamos que, para a comunicação apontada, os lasers são altamente funcionais.” Posto isso, ele admitiu que os lasers como um meio de comunicação parecem bons para nós nesse momento dada a nossa relativa juventude e que as estratégias de seu tipo dependem do acaso. “Nós precisamos ‘pegar’ seus sinais”, ele disse. “Mesmo assim, nós acreditamos que é um resultado valioso que a galáxia aparentemente não está lotada de lasers tão claros.”

Então, ou as civilizações alienígenas avançadas não se comportam dessa forma (eles escondem sua presença ou estão ocupados em outras atividades), ou elas não existem. Também é possível que civilizações tecnológicas sejam excepcionalmente raras na galáxia (tanto no tempo quanto no espaço), limitando enormemente a habilidade dos pesquisadores de detectarem um sinal. Como os autores do novo estudo admitiram, “nós precisamos começar a pensar se algumas teorias como o chamado paradoxo de Fermi têm algum mérito”. Realmente, o estranho silêncio do espaço está ficando cada vez mais alto com cada nova tentativa de detectar vida alienígena inteligente.

Sem data, os pesquisadores estão planejando uma pesquisa expandida. Como parte de um esforço de U$ 100 milhões do Breakthrough Listen, eles agora vão virar suas atenções para estrelas que foram ignoradas no estudo, incluindo estrelas anãs marrom e outros fenômenos astronômicos curiosos. Além de sinais ópticos, os pesquisadores do SETI podem procurar outros sinais de potencial vida alienígena inteligente, como emissões de microondas ou neutrino, estruturas dysonianas, sinais de dejetos industriais, habitats espaciais em trânsito etc.

Se os alienígenas estiverem lá fora, nós vamos encontrá-los. Eventualmente.

[The Astronomical Journal (arXiv)]

 

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