Enormes reservas de água doce estão escondidas no fundo do oceano

Ao realizar perfurações no fundo do oceano, a última coisa que alguém espera encontrar é água doce. Mas em uma recente expedição no Mar Báltico, cientistas dinamarqueses viram jorrar água doce de uma perfuração no oceano. Na verdade, há reservas submarinas escondidas em todo o mundo, e algumas poderiam saciar a nossa sede durante as […]

Ao realizar perfurações no fundo do oceano, a última coisa que alguém espera encontrar é água doce. Mas em uma recente expedição no Mar Báltico, cientistas dinamarqueses viram jorrar água doce de uma perfuração no oceano. Na verdade, há reservas submarinas escondidas em todo o mundo, e algumas poderiam saciar a nossa sede durante as próximas décadas.

No mar Báltico, a água ficou presa por uma camada de areia depositada há pelo menos 100 mil anos, durante a última era glacial. A equipe dinamarquesa encontrou água doce em vários lugares do Mar Báltico, mas ainda não sabem o tamanho das reservas.

Um relatório do ano passado, no entanto, estima que há 500.000 km³ de água doce presos debaixo dos oceanos no mundo, 100 vezes a quantidade de água subterrânea que bombeamos de aquíferos no último século.

347_mob1_w580_h387_watermarkO navio de pesquisa Greatship Manisha, que encontrou a água no Báltico. Crédito: ECORD

Toda essa água foi presa há centenas de milhares de anos, numa época em que os níveis do mar estavam mais baixos. Naquela época, esses aquíferos submarinos eram simplesmente subterrâneos. Então geleiras derreteram e o nível do mar subiu, mas a água permaneceu selada pela areia até 5 km abaixo da superfície do oceano.

A água potável é um recurso cada vez mais escasso, então precisaremos dela mais do que nunca. Será que um dia teremos “plataformas de água”, assim como as de petróleo, que perfuram o oceano buscando água doce?

Essa possibilidade já foi levantada por Vincent Post, principal autor do relatório sobre o mapeamento da água submarina. “Há duas maneiras de acessar essa água”, diz ele em comunicado: “construir uma plataforma em alto-mar e perfurar o fundo do oceano, ou perfurar a partir de terras ou ilhas próximas aos aquíferos”.

Bem, vamos considerar os aspectos econômicos. Nos EUA, a água da torneira é absurdamente barata, algo como US$ 0,00001 por litro. (No Brasil, ela é ainda mais barata.) A dessalinização, considerada um meio muito caro de obter água doce, pode custar 100 vezes isso, ou absurdos US$ 0,001 por litro.

Mas o petróleo bruto, que nós furamos o fundo do oceano para obter, custa pouco mais de US$ 100 por barril, o que sai a US$ 0,67 por litro. Sim, empresas de petróleo têm lucros bem altos, mas o preço da água ainda é milhares de vezes inferior ao do petróleo.

Os preços da água certamente vão aumentar no futuro, e talvez os custos de perfuração caiam também, mas ainda há um monte de zeros para se conciliar. Em vez de ver essas reservas submarinas como mais um recurso para explorar, talvez possamos vê-las como o que elas são: relíquias de uma Terra antiga, enterradas e escondidas há muito tempo.

Foto por romrf/Shutterstock

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