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[Review] Google Pixel C: o Android não está pronto para um tablet tão bom

O pensamento atual é de que tablets precisam evoluir, por isso o Google seguiu os passos das rivais e criou um tablet que pode ajudar no trabalho.

Com o Pixel C, o Google imagina um tablet que vai além de ser apenas uma janela portátil para a internet. Eles têm que ser bons para mais do que Candy Crush e Netflix, certo?

O pensamento atual é de que tablets precisam evoluir, por isso o Google seguiu os passos das rivais e criou um tablet que pode ajudar no trabalho, completo com um acessório de teclado. Eu consegui trabalhar nele, mas o preço elevado não justifica a conveniência adicional.

O que é?

O Pixel C é um tablet de 10,2 polegadas que roda Android 6.0 Marshmallow. É um produto 100% Google, do design ao sistema operacional puro. É o primeiro tablet que o Google fez sem a ajuda de um parceiro de hardware, como Samsung ou HTC. O modelo básico de 32 GB custa US$ 500; se você quiser o teclado Bluetooth, ele sai por US$ 150.

Por que é importante?

Basicamente, o Pixel C indica a visão da Google para o futuro dos tablets: algo que pode ser um pouco mais produtivo, mas ainda mantém a ideia inicial de uma tela portátil para a internet.

O Pixel C é uma espécie de convergência. Seu design vem da elegante linha Chromebook Pixel, mas o software é dos tablets Nexus. A iteração anterior, o Nexus 9, oferecia boas especificações mas não impressionou. Agora, para mudar as coisas, temos o teclado, que se prende ao tablet com uma poderosa pressão magnética.

O resultado – uma combinação tablet-teclado – é uma resposta pouco surpreendente aos concorrentes do Google, como o iPad Pro e a linha Microsoft Surface. Em comparação, o Pixel C deixa você querendo mais.

Design

O design da linha Chromebook Pixel – um retângulo simples e sólido de alumínio anodizado – aparece por aqui também.

Ao contrário de quase todos os gadgets no mercado, não há quase nenhuma marca ou logotipo no Pixel C. A única pista de que este é um produto do Google é a pequena barra de luz na parte de trás, que brilha com as cores do logotipo da empresa. Toque nessa barra quando o tablet estiver fechado, e ela vai se acender mostrando quanta bateria ainda resta.

O Pixel C é um pouco mais pesado do que concorrentes como o iPad Air 2 ou Samsung Galaxy Tab S2. Com o teclado, ele pesa quase 1 kg, aproximadamente o mesmo que um laptop superleve.

Deixando o teclado de lado por um momento, o Pixel C é ótimo para assistir vídeos, como todo bom tablet deve ser. Com dois alto-falantes do lado esquerdo e direito (parte superior e inferior, se estiver na orientação retrato), você tem uma sonoridade equilibrada ao assistir Netflix ou ouvir música.

Eu prefiro um pouco o áudio em quatro alto-falantes do novo iPad Pro, mas o Pixel C faz o que você esperaria, e graças ao suporte magnético para teclado, você pode assistir vídeos confortavelmente sem precisar segurá-lo com as mãos.

A tela LCD de resolução 2560×1800 tem uma das densidades de pixel mais altas que você verá em um tablet, e é linda. A tela é um pouco reflexiva, então você vai pegar lampejos irritantes de iluminação ambiente. (A Apple praticamente eliminou este problema no iPad, usando um revestimento antirreflexo desde 2014.)

O Pixel C também tem 3 GB de RAM e um processador Nvidia Tegra X1, então você pode jogar games pesados para Android sem problemas. Eu joguei títulos como Asphalt 8 e Godfire sem qualquer problema.

Agora, vamos ao teclado. Ele é um pouco diferente de outros teclados Bluetooth porque usa uma dobradiça magnética para se prender firmemente à base do Pixel. Ele também pode girar 90 graus, desde totalmente plano a totalmente vertical.

O design do teclado tem o mesmo alumínio anodizado do Pixel, serve como capa para proteger a tela, e possui bateria que se carrega sem fios quando o tablet está fechado.

Quando o Pixel C está fechado, a ligação magnética é fraca, fazendo com que as duas peças se movam sob pressão, mas ele é bem mais firme quando o tablet está aberto. O teclado se conecta automaticamente via Bluetooth e você pode segurar o tablet de cabeça para baixo, se quiser – ele não vai sucumbir à gravidade.

Quando você está andando pelo seu apartamento, casa ou escritório segurando o Pixel C pelo teclado, você sente que esta é realmente uma máquina de trabalho. Mas ao usá-lo, você vai perceber que este não é o caso.

Usando

O Pixel C não é para todos. Ele me foi útil, mas outros vão questionar a ideia de um tablet Android com teclado que custa US$ 650 no total. O maior obstáculo é que o Android não foi realmente feito para a produtividade em uma tela grande. Isso fica dolorosamente óbvio quando você não pode colocar dois aplicativos lado a lado, algo que o Google só deve resolver com o Android N em meados de 2016.

Ao contrário da Samsung, ou mesmo da Apple, que têm ferramentas embutidas para ajudar a tornar tablets mais favoráveis ao trabalho, o Android ainda sofre. Usar apps em tela cheia deixa um monte de espaço não utilizado em uma área de 10 polegadas.

Seria ótimo deixar o Hangouts ocupando um terço da tela com o Gmail no espaço restante – mas é impossível. O Android também não tem muitos apps ótimos de produtividade como o iOS.

Segundo o Ars Technica, o Pixel C foi inicialmente planejado para rodar uma versão do Chrome OS adaptada para touchscreens, mas isto foi cancelado. Então surgiu o projeto Frankenboard, de fazer dual boot entre Android e Chrome OS, que também foi deixado de lado.

Para aproveitar a temporada de Natal, o Google resolveu lançar o tablet só com Android – que obviamente não é o bastante.

No evento de lançamento, o Pixel C parecia imediatamente um trabalho feito às pressas. O anúncio do produto foi agregado à apresentação do Nexus 5X e 6P, e foi quase imediatamente esquecido. Enquanto o Google tinha cerca de 30 a 40 smartphones Nexus para os jornalistas presentes testarem, havia apenas dois Pixel Cs configurados no evento…

O Google ficou dois meses inteiros em silêncio sobre o Pixel C, deixando muitos se perguntando se ele seria mesmo lançado… o Pixel C perdeu o lucrativo período de compras da Black Friday e Cyber Monday, sinal claro de um lançamento conturbado.

Quando eu comecei a usar o Pixel C, decidi que eu deixaria o tablet ser naturalmente assimilado em meu trabalho – para ser honesto, eu não tinha certeza de como iria usá-lo. Depois de um ou dois dias, comecei a perceber que o Pixel C é um ótimo dispositivo secundário.

O Pixel C não é de forma alguma um substituto para o seu laptop. Ele simplesmente não conseguia lidar com tudo o que eu precisava fazer. Em um dia comum, eu alterno entre cerca de meia dúzia de apps diferentes: acompanho Tweetdeck e Slack, leio posts do Gizmodo, publico textos no site, falo com colegas de trabalho no Hangouts, e respondo a e-mails. Tentar fazer tudo isso rapidamente é impossível com o Android e o Pixel C.

Mas o Pixel C podia, por exemplo, ficar na minha mesa com o Gmail aberto, de modo que minha caixa de entrada estava sempre visível de relance. Isso era especialmente bom porque eu gosto de deslizar e-mails para arquivá-los; e graças ao teclado, eu podia rapidamente digitar respostas a e-mails se necessário.

É isso que o Pixel C pode fazer por você. O Google não faz promessas de que ele poderia substituir seu laptop, mas o tablet pode ajudar a realizar tarefas leves, ou ser um companheiro de mesa para ajudar a manter você um pouco mais organizado e eficiente.

Agora, vamos falar um pouco mais sobre o enigma que é o teclado do Pixel C. Surpreendentemente, eu o odiei menos do que imaginava. Pensei que a digitação seria literalmente dolorosa: a tela de 10,2 polegadas limita o tamanho do teclado à mesma área. Ao digitar, as mãos têm que se dobrar além do confortável. De fato, meus pulsos ficaram bem doloridos ao digitar e-mails longos ou reviews como este no Pixel C.

No entanto, a disposição das teclas realmente funciona bem, considerando a limitação de tamanho. Para fazer caber tudo, o Google mexeu na posição das teclas Enter e Shift e adicionou uma tecla extra para ativar o teclado digital. É totalmente utilizável.

O maior problema para alguns pode ser a ausência de trackpad, e no início, isso era extremamente irritante. Mas aí você percebe que, basicamente, a tela inteira é um trackpad e você se acostuma em alternar rapidamente entre toque e teclado. A única vez que eu ainda gostaria de ter um trackpad é para copiar/colar coisas.

Gostamos

Este é um dos meus tablets favoritos com Android, e eu já experimentei vários. O Google manteve um design básico no Pixel C, enquanto implementou algumas novidades – a princípio confusas, porém satisfatórias – como a resistente base magnética, o carregamento por indução do teclado, e uma porta de carregamento USB Type-C.

A duração da bateria é muito boa para um tablet deste tamanho. Se você o usar mais como um dispositivo secundário, ele dura mais que um dia inteiro. Quanto a assistir episódios do Netflix na sequência, ele oferece pouco menos de 9 horas.

Não gostamos

Acho que esta é a primeira vez que considero o Android como o aspecto negativo de um gadget. O sistema operacional simplesmente não é bom o bastante para trabalho. Rumores dizem que o Chrome OS e o Android vão unir forças, então isso pode melhorar com o tempo – mas não é bom agora.

A ergonomia do teclado pode cansar depois de algum tempo. Fechar o dispositivo é contra-intuitivo e desajeitado em comparação com o fechamento de um laptop: você precisa “arrancar” a tela e colocá-la para baixo no teclado.

Alguns usuários sofreram com um lag imperdoável ao digitar no teclado do Pixel C; eu só tive esse problema em um momento isolado – eu escrevi este texto inteiro sem engasgos. Alguns reviews também apontam problemas com o reconhecimento de toques na tela, algo que não vi em minha unidade de testes.

Vale a pena?

Provavelmente não, apesar de algumas características atraentes. Para mim, o tablet se tornou uma parte decentemente valiosa do meu fluxo de trabalho, como uma máquina para triagem de e-mails ou para tomar notas rápidas em uma reunião.

Mas isso não vale US$ 650. Por esse preço, você pode comprar um Surface 3 – que roda um sistema operacional bem mais capaz para trabalho – ou até mesmo um Chromebook muito bom. Eu só posso recomendar o Pixel C para alguém que quer desesperadamente um dos tablets Android mais bonitos do mercado, e que não se importa com seu design magnético peculiar.

Pixel C – especificações técnicas

Sistema operacional: Android 6.0 Marshmallow
Tela: 10,2 polegadas e 2560×1800 pixels (308 PPI)
Processador: Nvidia Tegra X1
RAM: 3 GB
Armazenamento: 32 ou 64 GB (sem expansão por microSD)
Peso: 517 g (916 g com teclado)
Câmeras: traseira de 8MP e frontal de 2MP
Bateria: 34,2 Whr
Extras notáveis: USB Type-C, quatro microfones

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