[Review] Kindle DX

O Kindle DX é o verdadeiro herdeiro do trono Kindle, mas o reino do e-book da Amazon crescer ou encolher depende da próxima leva de livros – livros didáticos. Enquanto isso, tela maior, novos truquezinhos bacanas...

O Kindle DX é o verdadeiro herdeiro do trono Kindle, mas o reino do e-book da Amazon crescer ou encolher depende da próxima leva de livros – livros didáticos. Enquanto isso, tela maior, novos truquezinhos bacanas…

Eu já sei que eu tenho uma relação de amor/ódio com o Kindle. O impulso da Amazon de transformar esta coisinha improvável em uma estrela é inspirador em um mundo no qual a maioria das empresas só sai copiando umas as outras. A Amazon, desde o começo, fez muitas promessas em nome dos e-readers – livros baratos transmitidos instantaneamente para uma tela leve, agradável para os olhos e que fica ligada por dias com uma única carga de bateria.

O Kindle 2 que chegou há alguns meses foi uma decepção, nada além de um Kindle 1 com um design mais previsível e umas novidadezinhas.

O DX, chegando apenas alguns poucos meses depois, soluciona problemas reais da primeira geração. Internamente, ele possui suporte a PDF, o que permite a leitura do enorme volume de leitura formal de negócios, isso sem falar de uma porrada e obras fáceis de se baixar e livres de copyright (livres e gratuitas!) da literatura. Externamente, a tela maior de 10” do DX o torna mais apropriado para lidar com qualquer conteúdo, não apenas PDFs, mas também livros didáticos, cujas páginas de formatação pesada teriam aparência vergonhosa na tela menor de 6” do Kindle original.

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O DX também possui um inclinômetro, assim você girá-lo de lado ou mesmo de cabeça pra baixo. Eu não sabia a utilidade disto no começo – agora eu sei.

O DX não tem nada de secreto e é simplesmente a coisa mais inteligente que a Amazon poderia fazer para mostrar às editoras acadêmicas que está na hora de serem mais ecológicas e entrarem na onda da distribuição digital. Mas ele segue bem a estratégia “se você construir, elas virão”, porque apesar da Amazon ter anunciado que “havia chegado a um acordo” com as três editoras que somam 60% dos livros didáticos vendidos nos EUA – Pearson, Cengage Learning e Wiley – não vimos ainda nenhum livro didático sendo distribuído aos Kindles e, o que é mais perturbador, não fazemos a menor ideia de quanto eles custarão ou quais problemas bizarros de direitos estarão envolvidos na sua “venda”.

Então, enquanto estamos aqui sentados, com nosso DX em mãos, esperando pelo verdadeiro motivo da sua existência tornar-se realidade, creio que não será de todo ruim se falarmos dele como um reader para livros comuns, certo?

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Eu estou no momento na metade do caminho de Pillars of the Earth, de Ken Follett, um campeão peso pesado dos livros, mesmo a versão de papel, que descansa sobre o meu peito todas as noites, restringindo a minha respiração até eu ficar sem opção e pegar no sono.

Como você pode ver pela foto das balanças abaixo, o DX pesa aproximadamente a metade do livro de papel, um verdadeiro alívio para o meu peito. Adorador assumido do Kindle, Jason Chen aponta que o Kindle 2 pesa apenas a metade do DX, mas eu contradigo com o factoide deste homem preguiçoso: mesmo usando uma fonte ligeiramente maior, eu consigo enxergar o equivalente a duas páginas e meia do Kindle 2 na tela do DX. Ele é, de fato, uma experiência melhor de leitura.

Quanto aos PDFs, o Kindle DX cumpre com sua promessa pouco ambiciosa: eles aparecem lá, no menu, no instante em que você os copia do seu computador para o Kindle via USB. O que não aparecerão serão os arquivos .doc, .docx, planilhas de Excel ou qualquer outro pseudopadrão baseado em texto do povo da Microsoft; ah, e nada de imagens também.

O bom e o ruim dos PDFs é que eles aparecem quadrados na moldura retangular de 10” do DX: “sem redimensionamento, sem zoom, sem rolagem”, como gosta de dizer Jeff Bezos, o chefão da Amazon. Isto é ótimo quando você tem um PDF como a minha cópia gratuita do Drácula de Bram Stoker. Ela é apresentada em uma fonte grande e nítida e gravada no PDF, o que significa que eu não posso alterar o tamanho da fonte, mas tampouco eu gostaria de fazê-lo. O problema é quando você tem algo como o folheto de um produto da HP abaixo. O troço maldito foi feito para ser visto em um computador, com gráficos cheios de cores e a possibilidade de se aproximar nas letras pequenas. Como você pode ver, algumas letrinhas são tão miúdas que a resolução ligeiramente atarracada da tela e-ink do Kindle não consegue renderizá-las de maneira legível.

E foi quando eu descobri que você pode aproximar a imagem.

Você se lembra de eu ter mencionado o inclinômetro há alguns parágrafos, que ele orienta a tela horizontalmente ou verticalmente dependendo de como você a segura? Isso não é nada estupendamente útil para livros Kindle, que são feitos para ficarem ótimos na orientação vertical (retrato). Mas quando você está lendo um PDF e não consegue ler nada, inclinar o aparelho inteiro 90 graus permite que você aumente um pouco a imagem. Aumente quanto? Se você for ver bem, dá um pouco mais de 20%, o que não é muito, mas é um tantinho de aumento quando você realmente precisa dele. O suporte a PDF é muito conveniente, mas significa que eu sinto ainda mais falta da entrada de cartão SD do primeiro Kindle. Tornaria a vida com o DX um bocado mais fácil.

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Tá, a tela é maior, mas talvez não suficientemente maior, pelo menos para os livros didáticos e documentos de negócios. Estou feliz em dizer que ele finalmente atingiu o tamanho mínimo necessário para a leitura recreativa, que é o principal para o qual a maioria das pessoas compra isso mesmo.

Eu não tenho muito a dizer sobre a indústria de jornais que o Kindle alegadamente salvará, exceto que os jornais em Kindle não têm nem a aparência nem dão a sensação dos jornais de verdade, então eles podem desapontar alguns fervorosos mais old-school. Você nem tem acesso a uma capa gordona cheia de opções que apontam para todas as direções. Em vez disto, você tem índices incompletos de conteúdos separados por seção. Estou contente com a distribuição de jornais pelo Kindle, mas apenas tão contente quanto as planilhas reduzidas enviadas por fax do New York Times que eles distribuem em hotéis que ficam muito distantes das regiões principais dos EUA para receberem a tempo um jornal de verdade. É sério: se isso for remotamente mais acessível que ler um jornal em um laptop, eu como o meu chapéu.


O mesmo pode ser dito para o recurso texto-para-fala que as editoras tanto temem. Claro, vozes geradas por computador estão ficando cada vez melhores e o precedente que isto abre pode vir algum dia a acabar com um sindicato de vozes talentosas, mas enquanto isso, seus empregos estão seguros: eu não consigo imaginar alguém ouvindo mais que um simples parágrafo. Aparentemente, nem a Amazon: no Kindle DX, os controles de fala estão escondidos e você precisa memorizar uma combinação de teclas para fazê-la funcionar.

O DX também não dá muitas esperanças à e-ink como uma plataforma sustentável. As muitas pessoas que ficam se queixando sobre as cores serem importantes não estão de todo erradas, mas e-ink colorida é de dar ânsia de vômito e está longe de ser barata. A e-ink monocromática pode aparentar bonitinha sob a luz da sua lâmpada de cabeceira – e ainda bem que a Amazon não fez a mesma lambança que a Sony fez com aquele PRS-700 – mas ainda é lento demais para folhear como se fosse uma obra séria de literatura (o meu melhor exemplo disto ainda é Infinite Jest do grande e falecido David Foster Wallace. Eu fiquei surpreso ao descobrir que ele finalmente ficou disponível como um livro Kindle, cada gloriosa nota de rodapé intacta, apesar de pesadamente feita sob hyperlinks. Eu sempre assumi que seria mais desanimador em um Kindle do que em forma de livro de papel, mas agora que eu tenho a oportunidade de descobrir de fato, eu volto a informá-los o meu parecer).

A menos que a e-ink fique mais barata, mais rápida, maior e mais colorida, tudo ao mesmo tempo, ela está fadada à ruína. O iPhone é belo sistema de m…. para ler livros, mas muito mais gente possui iPhones, o que poderia bater o Kindle só pelo puro ímpeto da quantidade. E a empresa Pixel Qi, de Mary Lou Jepsen, está trabalhando em uma nova tela LCD que – assim como a tela OLPC XO que ela foi bastante instrumental ao planejar – operará com menos energia, será fácil para os olhos sob luz natural e terá modos otimizados tanto para modo preto e branco quanto colorido.

A esperança para os Kindles atuais é que estes velhos livros didáticos sem graça em preto e branco surgem no horizonte como um exército de Ents indignados. Dê a todo universitário um DX e a chance de baixar metade dos seus textos para o Kindle e todas estas apostas estão canceladas.

E aí, o que acontece depois? Bom, como eu disse, nós esperamos.

Resumo
 

Melhor leitor e-book até hoje
Suporte nativo a PDF
Tela maior significa (praticamente) tudo é mais fácil de se ler
A tela de e-ink é fácil para os olhos e tem consumo eficiente de bateria, mas faz com que as páginas sejam lentas para “virar” e não vem colorida
Livros didáticos seriam o ideal, então vamos aguardar os acordos
A etiqueta de 489 dólares é salgada
Sem zoom significa que alguns PDFs não serão legíveis

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