[Review] Moto Z2 Play: as vantagens de ser mediano

Analisamos o Moto Z2 Play, smartphone da Motorola que suporta acessórios modulares. O aparelho custa R$ 2.000

A Motorola é a única grande fabricante que atua no Brasil e não chegou ao patamar absurdo dos smartphones que custam R$ 4 mil. Seu principal modelo, Moto Z2 Play, também não faz os olhos brilharem, como faz a Samsung com o Galaxy S8. E se o preço não é extremamente alto, as especificações também não chegam a bater de frente com a concorrência premium.

Por outro lado, o preço pode facilmente passar dos R$ 2 mil cobrados pelo aparelho: basta investir em um dos acessórios que adicionam funções “extras” ao celular, como o módulo de câmera Hasselblad True Zoom ou o projetor de imagens, que custam R$ 1.500 cada. A estratégia faz sentido: se você quer vender acessórios caros, não dá para ter um celular com preço astronômico – e pelo menos até agora, a Motorola não faz menção a uma nova geração do Moto Z tradicional. No cenário econômico atual, o Moto Z2 Play surge como uma opção viável para quem procura um smartphone bom e não pensa em ultrapassar a barreira dos R$ 2 mil. Não é um aparelho barato, mas entre os lançamentos do ano é uma alternativa mais realista. Passei as última semanas com o Moto Z2 Play e conto abaixo as minhas impressões:

O que é

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O Moto Z2 Play é a segunda geração da linha Moto Z. Está mais fino e mais leve do que a primeira, que já era bem fininha e leve. Com 5,9 mm de espessura e pesando 145 gramas (15% mais fino e 12% mais leve), a fabricante decidiu sacrificar a bateria – item que tanto se destaca como essencial para seus consumidores. A bateria do novo aparelho possui 3000 mAh, contra 3510 mAh da geração anterior. Pelo menos em números, é uma diferença significativa, mas a promessa da Motorola é que o processador mais atual e um software otimizado consiga compensar essa diferença.

O preço sugerido dele é de R$ 1.999,00, e em algumas lojas é possível encontrá-lo por cerca de R$ 1.750,00, pagando à vista. A Motorola, ao contrário de outras fabricantes, consegue segurar os valores por meio tempo no varejo – mas mesmo assim rolam algumas promoções interessantes de vez em quando, vale ficar de olho se o aparelho te interessar.

Tela: AMOLED Full HD (1920×1080) de 5,5 polegadas
Processador: octa-core Snapdragon 626 de 2,2 GHz
GPU: Adreno 506
RAM: 4 GB
Armazenamento: 64 GB (expansível com cartão microSD de até 128 GB)
Câmera traseira: 12MP, f/1.7 e flash LED
Câmera frontal: 5 MP, f/2.0 e flash LED
Bateria: 3.000 mAh (não removível)
Sistema operacional: Android 7.1.1 Nougat
Dimensões: 156,2 x 76,2 x 6 mm (altura x largura x profundidade)
Peso: 145 g

Design

O Moto Z2 Play se exibe de duas formas por aí: ou na versão com a traseira de metal e um calombo na parte da câmera, ou com uma capinha de plástico que esconde a protuberância e adiciona espessura. A escolha da Motorola por reduzir o tamanho tem a ver justamente com esses acessórios – todos Moto Snaps vão deixar ele mais gordinho, e, por exemplo, o case que adiciona bateria poderia ficar gigante se ele não fosse tão fino.

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A fabricante já caprichou mais na pegada do seus modelos. Aqui não temos nada de traseira ligeiramente curvada, por exemplo. E ele é bem grandalhão, a tela de 5,5 polegadas não ocupa todo o espaço da parte frontal. Nem dá para esperar que um celular de R$ 2 mil adote o visual sem bordas, mas já vimos outras marcas aproveitarem melhor o espaço. O posicionamento do leitor de impressão digital funciona muito bem na frente: o dedão alcança com facilidade quando você pega o celular e se precisar desbloquear quando o celular estiver em cima da mesa também não tem segredo. O sensor em si é bem eficiente e reconhece a digital com bastante velocidade.

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Usando

Comprar um celular da Motorola significa ter a experiência mais próxima daquilo que o Google imaginou para o usuário do Android. A companhia não faz muitas modificações e as adições são pontuais e muito bem-vindas. Chacoalhe duas vezes para cima e para baixo para ligar a lanterna, gire o aparelho ao redor do pulso para ligar a câmera, vire a tela para baixo para silenciar notificações contínuas… Tudo isso é bem legal. Ele tem ainda o Moto Tela, que mostra o horário e algumas notificações, direto na tela de bloqueio. E também o Moto Voz, que permite ativar ele com algum comando de voz e realizar pesquisas/ações no aplicativo do Google. Eles modificaram os ícones de alguns aplicativos padrão, como discador, configurações, câmera, entre outros. Resultado: ficou bem feio.

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A Motorola incorporou também o esquema de gestos no sensor biométrico: deslizar para a direita te leva para o multitarefa, deslizar para a esquerda é o equivalente ao botão voltar, e para ir para a tela inicial é só apertá-lo. Já tinha usado essa função no Moto G5 Plus e definitivamente não consigo me acostumar – nem é difícil decorar os comandos, mas às vezes o sensor entende tudo errado, acaba fechando aplicativo em vez de acionar o multitarefa, ou então indo para a tela inicial. É melhor perder um pouco de espaço com a barrinha preta com as funções do Android do que perder muito tempo corrigindo ações erradas. Essa ideia até tem potencial, mas precisa ser muito aprimorada.

Tirando os problemas de navegação com o leitor biométrico, usar o Moto Z2 Play é agradável. Em termos de desempenho, não dá para notar tanta diferença em relação a outros topo de linha por aí, mas existe uma questão que fica meio escondida aqui: como se trata de um processador de uma linha mais básica e uma GPU mais fraca, a performance tende a piorar com o tempo. É normal o desempenho de um celular cair com o passar dos anos, mas essa é uma potencial armadilha quando você compra um aparelho pensando em ficar com ele por muitos anos – o que é raro, vamos admitir. Há um outro momento em que a diferença no desempenho fica evidente: joguinhos pesados. Não dá para rodar nada no máximo da capacidade gráfica.

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Quando se trata de memória RAM e armazenamento interno, o Moto Z2 Play se sai muito bem com seus concorrentes diretos, na mesma faixa de preço, e também não sai perdendo para quem custa mais caro. São 4 GB de RAM, o suficiente para lidar com o multitarefa. Os 64 GB de armazenamento também demoram para serem ocupados – é espaço o suficiente para um usuário comum não ter que se preocupar com cartão de memória.

Os dois aspectos que evidenciam que o Moto Z2 Play não se trata de um modelo topo de linha são a tela e a câmera. A tela não é ruim, a resolução Full HD é boa o suficiente para boa parte dos consumidores – mas não é o número que encontramos nos modelos de ponta. E a câmera, essa decepciona mesmo, principalmente pela inconsistência. As fotos ficam boas quando você está em um ambiente muito bem iluminado, mas essa já é a realidade de todos os smartphones que custam R$ 1.500 pra cima. Eu gosto do software da Motorola, que permite ajustar o foco e em um slider definir a claridade da cena. É bem intuitivo. Mas é quando esse recurso é mais utilizado – ou seja, de noite – que os defeitos começam a aparecer: muito ruído, pouca definição e cores distorcidas. No final das contas, a câmera quebra um galho, mas não dá para esperar resultados impressionantes, principalmente à noite.

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Usei o Moto Z2 Play como meu smartphone principal por dias e não reparei desvantagens na bateria. Ela diminuiu, sim, mas a Motorola conseguiu compensar o consumo com a escolha do processador e um software bem ajustado. Os modelos da marca sempre me serviram bem na autonomia e a história continua a mesma aqui. Dá para passar um dia inteiro longe da tomada, sem preocupações, com folga até. O problema é que, na geração anterior, dava para passar um dia e meio ou até dois dias sem plugá-lo na tomada. Ele voltou para um patamar comum dos smartphones atuais.

Moto Snaps

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A unidade que recebi para testes veio com dois Moto Snaps: o Insta-Share, que tem esse nome pomposo mas é um projetor (R$ 1.499), e o powerpack (R$ 399). Carreguei comigo o acessório que dá bateria extra por vários dias, mas logo desisti. A capinha tem 2220 mAh, o que significa que não é capaz de fazer uma carga completa no Moto Z2 Play, e como ele funciona enquanto usamos o aparelho, a eficiência é menor ainda – consegui ganhar duas ou três horas de uso com ele. Com o “Modo de Eficiência”, que mantém a carga do celular fixa em 80% e evita o estresse da bateria para chegar aos 100%, o número aumenta – nesses casos, a bateria durou por mais quatro ou cinco horas. Mas eu não quero andar com um aparelho muito grosso no bolso. Fora que, por R$ 399 dá para pegar um powerpack bem maior e que fica na mochila. A diferença é que você não vai ter a comodidade de conectar ele ao celular como se fosse uma capinha traseira. O acessório da Motorola não tem um conector USB-C dedicado, ou seja, só carrega quando está junto com o smartphone.

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O projetor foi divertido de usar. Eu colocava um filme no Netflix e projetava a imagem no teto, um esquema bem legal para assistir qualquer coisa deitado na cama. A experiência que tive com a bateria dele, no entanto, foi bem ruim. Nunca consegui terminar um filme sem ver o aviso de carga fraca, então me acostumei a colocar o celular para carregar junto, sempre. Ele até funciona depois que a bateria própria (que aguenta cerca de uma hora de projeção) acaba e passa a consumir a carga do telefone. Mas aí tudo vai embora muito rápido. E para ver alguma coisa com a resolução máxima de 480p, o ambiente precisa ser todo escuro. Vale os R$ 1.499? Não. Mas que foi divertido, foi.

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Conclusão

O Moto Z2 Play é mediano, mas seus concorrentes também são. Foi bom o tempo que passei com o aparelho, atendeu todas as minhas necessidades e não me deixou irritado nenhuma vez por travadinhas, por exemplo.

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A interface do Android sem modificações proporciona uma experiência mais harmoniosa; a única modificação do sistema que me agrada hoje, por incrível que pareça, é a da Samsung, que amadureceu demais. Mas se pegarmos, por exemplo, o Zenfone 3 Zoom, que concorre com esse modelo da Motorola em preço, temos aqui uma bateria maior, uma câmera que se sai melhor desde que você saiba utilizar o modo manual, mas um software que estraga o pacote – os problemas do software da Asus vão desde erros de tradução em menus, passando por uma paleta de cores que não faz sentido, até um monte de aplicativo pré-instalado que o consumidor brasileiro nunca vai usar.

A outra opção que aparece na faixa dos R$ 2 mil é o Galaxy A7 (2017), que foi anunciado por um preço mais alto, mas já foi desvalorizado pelo varejo. No entanto, ele tem menos memória RAM e espaço de armazenamento, o que no longo prazo pode fazer diferença para quem pretende ficar com o celular por pelo menos dois anos. Assim, se você tem R$ 2 mil no bolso e tá procurando um smartphone novo, olhe com carinho para o Moto Z2 Play.

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