[Review] Qualcomm Toq: ainda não é hora de um smartwatch

Os smartwatches estão chegando e eles estão vindo bem rápido. Mesmo que pesos pesados como Apple e Google ainda não tenham entrado na briga, a disputa já começou. A Qualcomm pode não ser a primeira empresa que vem a sua cabeça quando você pensa em um smartwatch, mas ela tem um gadget próprio. Pode não […]

Os smartwatches estão chegando e eles estão vindo bem rápido. Mesmo que pesos pesados como Apple e Google ainda não tenham entrado na briga, a disputa já começou. A Qualcomm pode não ser a primeira empresa que vem a sua cabeça quando você pensa em um smartwatch, mas ela tem um gadget próprio. Pode não ser exatamente o que você quer agora, mas dá uma ideia do que podemos esperar para o futuro.

O que é

Um smartwatch! Uma tela que está sempre no seu pulso e é controlada pelo seu smartphone, com uma central de notificações que faz com que ela vibre de vez em quando. É para o pessoal do Android. É um contraponto à abordagem do Samsung Galaxy Gear; o Toq não tem microfone, speaker nem câmera.

Mas também é um protótipo que está à venda. A Qualcomm não costuma fazer hardware para o consumidor final em grande escala, e não pretende começar. O Toq é apenas uma tentativa de mostrar a outros fabricantes de hardware como eles podem tentar fazer um smartwatch (usando tecnologia da Qualcomm). Ele será vendido em edição limitada.

Por que importa?

Se os smartphones não são o futuro, eles ao menos são o futuro dos lançamentos de produtos. E como toda nova ideia que surge, as possibilidades do que essas coisas podem (ou não) ser se dão na base da tentativa e erro. O Toq é puramente um “vamos ver o que acontece” com um protótipo da Qualcomm.

Design

Como todo bom relógio, o Toq tem um belo rosto. Neste caso, não é uma tela AMOLED ou LCD como a encontrada em smartphones, e sim uma Mirasol – aquela velha aposta da Qualcomm para suceder as telas e-ink: a Mirasol tem cores sem ser reflexiva.

O Toq é grande e é  mais uma pulseira do que um relógio comum. Sua tela retangular de 1,55 polegadas também é particularmente larga, o que contribui bastante para o sentimento de “comunicador de pulso”. Isso parece bacana, mas é meio desconfortável. Brotando do seu rosto está uma pulseira dura, robusta e emborrachada, com a fiação que leva ao fecho na parte de trás, onde está a bateria. A pulseira em si tem uma textura boa na parte exterior, mas não chega a ser “luxuosa”. Ele é um gadget, e não uma jóia.

Felizmente, esse visual robusto significa que o Toq é resistente à água. Não tentamos nadar com ele, mas o gadget resistiu bem a alguns testes. Como a chuva, ou o chuveiro. E mesmo que ele não tenha nenhum rastreador fitness dentro dele e seja apenas um relógio comum sem seu smartphone por perto, você pode muito bem usá-lo durante uma caminhada. Só espere um pulso suado no fim das atividades.

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O fecho da bateria na traseira é mais ou menos do tamanho do mostrador de um relógio masculino, mas é plano e arredondado o suficiente para não ser particularmente intrusivo (diferentemente do speaker gordo do Galaxy Gear). Na verdade, acho que não me incomodou muito mais do que um fecho normal me incomodaria.

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No geral, o design do Toq é coeso e não é feio, embora seja perturbadoramente grande. A estranheza dele depende do momento: com camisa de manga longa ele pode se misturar e parecer bem natural. Entre a sutil e geralmente não-reflexiva tela Mirasol e o corpo preto ou branco, ele não grita “gadget!” o tempo inteiro. Mas isso com a camuflagem de uma manga; em um braço vazio, ele se destaca como algo bem nerd, como um relógio-calculadora.

Usando

A primeira coisa – e a mais comum – que você faz com qualquer relógio – smart ou não – é olhar para ele, e o Toq é bem bonito. Diferentemente de telas AMOLED ou LCD, que sofrem com problemas debaixo de luz do Sol, a Mirasol se sai muito bem, e as cores sutis, quase em tons pasteis ficam ainda mais vibrantes com luz externa. A tela é fantástica em um dia ensolarado. Num ambiente fechado não é tão bom assim, mas você pode ajustar a backlight para ajudar nessas situações. Olhar para ele parece bem mais olhar para um relógio real do que olhar para uma tela, e isso é fantástico.

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Configurar notificações no Toq – outra tarefa crucial para qualquer smartwatch – é bem fácil. Usei três Nexus 5 diferentes durante o teste do Toq, mas o processo de pareamento e customização foi fácil o bastante para ser quase trivial. Você só pareia os dois dispositivos, instala um app e escolhe quais notificações quer que sejam enviadas para o seu pulso. Simples. Não há lista de apps compatíveis nem nada – todo app é compatível. Como o Toq só replica notificações do seu smartphone, tudo funciona perfeitamente.

As notificações enviadas ao Toq pelo smartphone chegam no formato de cards. Seu smartphone vibra no seu bolso, você percebe ele vibrando no seu pulso. Você olha para o Toq (em menos de 5 segundos) e o card está esperando para você, e então você pode descartá-lo ou esperar para o relógio voltar à tela em alguns segundos.

Algumas vezes você vê rapidamente exatamente o que precisa saber – quem enviou e o assunto do email, uma mensagem rápida no Google Hangouts – e quando isso acontece, é quase mágico.

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Mas algumas vezes os cards são imensamente vagos. Notificações de mensagens de texto, por exemplo, estão cheias de espaços vazios. Veja:

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Se você já está no meio de uma conversa, esse tipo de informação é totalmente inútil em relação à mensagem recebida. Mesmo se fosse uma uma mensagem separada, a preferência por estilizar o canto superior com um pequeno ícone em vez de atolar o máximo de informações humanamente possíveis na tela é um erro grave. Nada como as notificações “1 Gmail” do Galaxy Gear, mas é algo tão próximo do inútil que é quase pior.

“Agora espere”, você diz. “Essa coisa tem touchscreen. Você não pode deslizar a tela para ler mais?”. Sim, você pode, mas há algo que você deve considerar, algo que não fica muito claro até o momento em que você decide usar a touchscreen do relógio em público, ou pior, quando está andando: é algo besta. Sério, muito besta. Não é futurista. É besta.

Dito isso, usar o Toq nem sempre exige olhar para o seu relógio e deslizar algo na tela como um lunático. A ação de esconder o relógio e mostrar o painel de controle é simples e natural, basta um toque na pulseira logo abaixo da tela. Isso leva você às coisas sofisticadas de um smartwatch como configurações, controle de música, ou as últimas notificações. Ligar a luz também é simples, com dois toques acima da tela, mas não é raro que esse comando falhe e você tenha que tentar de novo.

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Dentro do hub de controle do Toq você encontra tudo o que você pode fazer, mas provavelmente não fará. Você pode usar o app de música para pausar e tocar músicas, além de ajustar o volume, sem precisar usar os microfones e botões que (provavelmente) você já tem no seu fone de ouvido. Dá para checar a previsão do tempo e ver a cotação das suas ações (quem usa tanto esses apps de ações?). Mas o melhor de tudo é que você pode chamar seu smartphone quando não conseguir encontrá-lo. Talvez seja uma função pouco utilizada, mas é a melhor de todas.

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Admito ser um grande entusiasta dos smartwatchs, um fanboy das telas de pulso do futuro. O Toq é a coisa mais próxima ao smartphone dos meus sonhos até agora. Mas ainda não vale a pena.

Gostei

O Qualcomm Toq no seu melhor mostra as suas notificações no seu pulso e dispensa coisas inúteis. Ele vibra e deixa você saber que alguém enviou um “chego em um minuto” sem que você precise pegar seu smartphone no bolso para isso. É o que smartwatchs prometem, basicamente.

E a tela! A tela é fantástica. O Mirasol pode ser destinado a tablets, mas ficou fantástico aqui. Ser capaz de ver a tela mesmo no momento mais claro do dia é uma grande vantagem para qualquer dispositivo, mas no caso de um relógio é uma necessidade básica. Pode apostar que seja lá qual for o futuro dos smartwatches, eles precisarão de tecnologias de tela como essa.

Configurá-lo é incrivelmente simples, com a instalação de um app, pareamento de dispositivos, e seleção de quais apps enviam as notificações. O melhor é que ele exibe qualquer notificação, sem exigir app especial.

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A bateria também funciona bem. Você já precisa se preocupar em carregar seu smartphone todos os dias, então é excelente que o Toq dure dias (até seis, nos nossos testes) sem exigir uma recarga. E, mesmo quando precisou, o carregador wireless fez tudo ficar simples.

O Toq realmente parece ter chegado ao coração do que um smartwatch pode ser. Sua tela é colorida e coesa é melhor que coisas como o Pebble, e ele não conta com as features mais ridículas do Galaxy Gear, como câmera ou um microfone.

Não gostei

O Toq não é horrendo, mas ainda chama muito a atenção. É intrusivo. É como um elefante que tenta se esconder.

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Alguns cards de notificações são melhores do que os outros, mas alguns dos mais importantes – o padrão de SMS – são quase inúteis. Parece besteira, mas quando falamos de um dispositivo de US$ 350 que está fundamentado no princípio básico de oferecer uma conveniência extravagante, não há margem de erro para nada que não seja “perfeito”. Este é o lado ruim de ter um dispositivo aberto a receber notificações de qualquer app, com certeza. Mas isso poderia ter ficado melhor.

Você deve comprá-lo?

Não. O Qualcomm Toq custa US$ 350. É muito dinheiro por um produto que não consegue provar o seu valor. Mesmo que ele seja algo próximo ao sonho do smartwatch se tornando realidade, com notificações que mostram tudo o que você gostaria de saber, é um pacote que custa US$ 350 para algo que é apenas uma conveniência ocasional. E considerando que existem algumas falhas na execução, não vale mesmo.

O Toq é um dispositivo interessante, e uma das melhores demonstrações de tela Mirasol até hoje. É possível que o futuro dos smartwatches tenha muito do Toq, mas certamente não é algo que você queira agora. Pegue a tela belíssima, a bateria duradoura, o suporte universal a notificações. Tire o corpo enorme, corte o preço pela metade, e enfim entendemos para onde os smartwatches devem ir. Mas como protótipo, o Toq é um sucesso.

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