[Review] Sony A9: fotografar com esta câmera parece até trapaça

Análise da câmera super rápida da Sony, a A9. O modelo está à venda no Brasil por R$ 24.999,00

Se você já se perguntou como um fotógrafo conseguiu capturar o momento exato de uma jogada de futebol americano ou o instante em que um pássaro começa a voar, a resposta, em parte, é que a câmera do fotógrafo também capturou os momentos descartáveis imediatamente antes e depois da tomada perfeita, com uma câmera muito cara, tirando as fotos como uma metralhadora. Para esses fotógrafos profissionais de esportes e da natureza, existem duas opções famosas: as câmeras de ponta da Canon e da Nikon, com seus grandes corpos volumosos, poder incrível e os sensores de imagem super avançados. Mas, a Sony finalmente respondeu à altura com a sua A9. Não é apenas um câmera full-frame, mirrorless, menor, mais leve e mais barata do que a concorrência da Nikon e Canon, ela vence absolutamente quando se trata de velocidade.

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Para aqueles que não estão inteiramente por dentro da cena de câmeras fotográficas de ponta, aqui vai uma rápida introdução. Em uma arena que foi dominada por Canon e Nikon desde quase sempre, a Sony está em ascensão. Ela tinha feito câmeras mirrorless sólidas por um tempo, mas só quando a série A7 surgiu alguns anos atrás, foi que os profissionais realmente começaram a prestar atenção. Estas eram câmeras compactas mirrorless com visores eletrônicos nítidos, bons o suficiente para rivalizar com as oculares ópticas nas DSLRs. Eles também tinham sensores de imagem full-frame muito sensíveis que podiam capturar belas fotos. Quando dizemos full-frame, o que queremos dizer é um sensor de 36mm por 24mm, que se aproxima muito do tamanho das câmeras de filme de 35mm utilizadas antigamente. Basicamente, quanto maior o sensor, mais luz pode ser captada.

Mas enquanto os modelos A7 e seus sucessores poderiam obter resultados profissionais, eles não tinham a potência que os fotógrafos mais exigentes precisam. A A9 mudou isso. É como a irmã mais velha da A7 – uma câmera definitivamente profissional com uma faixa de preço de R$ 24.999,00.

A primeira coisa para saber sobre a A9 é que ela é bem pequena. Com aproximadamente 10 cm por 13 cm por 6 cm e pesando apenas 680 gramas, a A9 é apenas um pouco mais robusta que a bem diminuta série A7 da Sony. A câmera de esportes de ponta da Canon, a 1D X Mark II tem 15,79 x 16,76 x 8,25 cm e pesa um pouco menos de um quilo e trezentos antes de você colocar a bateria. Bem, até a DSLR profissional média da Canon, a 5D Mark IV é substancialmente maior e mais pesada que a A9, e o mesmo pode ser dito da Nikon. É impressionante como a Sony conseguiu colocar tanta coisa em uma câmera tão pequena.

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E claro, essa máquina é absurdamente rápida. É capaz de disparar JPEGs de 24 megapixels de resolução total em 20 quadros por segundo. Parece uma arma automática, a menos que você desligue o som, nesse caso ela é completamente silenciosa graças ao obturador eletrônico (mais sobre ele daqui a pouco). Mesmo quando tirando fotos no modo RAW + JPEG, consegui tirar uma rajada de 8 segundos a 13.5 quadros por segundo, isso são 108 fotos.

A A9 é equipada com um sistema amplo de auto foco que cobre mais de 90% do quadro. É muito rápida e extremamente precisa, mesmo quando está tirando fotos a velocidades estonteantes. Eu testei enquanto corria com cachorros e com pessoas em uma tirolesa vindo na minha direção. Mesmo a uma profundidade de campo rasa e tirando 20 quadros por segundo, o foco se recalibrava entre cada foto e foi perfeito quase todas as vezes. Nada no mercado chega perto desse tipo de performance. É insano.

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Mas deixe-me tentar explicar como é tirar fotos com esta câmera. Para não ser muito hiperbólico, quase parece que você não consegue errar. Um exemplo: eu estava caminhando ao lado de um riacho com a câmera pendurada no meu pescoço, desligada. Eu vi um golden retriever emergir da água e começar a sacudir-se. Ele já estava se sacudindo antes de eu apertar o botão de ligar para usar a câmera e, no entanto, ainda consegui disparar uma rajada de 14 fotos, e cada um dos pelos no nariz do cachorro (e todas as gotas de água) estavam com foco. A minha A7S (que não é nada lenta) não teria conseguido tirar nenhuma foto nesse tempo. Usar a A9 faz parecer que você está trapaceando.

Eu adorei tirar fotos de longa-exposição com ela também. Infelizmente, sempre tinha luz e neblina demais durante a noite para eu tirar uma boa foto da Via Láctea, mas sabia que conseguiria ter um ótimo resultado. Eu consegui tirar um punhado de fotos enquanto dirigia a estrada 50 em Nevada (a chamada “estrada mais solitária da américa”) e que me deixaram bem feliz. O foto abaixo foi uma única exposição realizada com o obturador eletrônico, perto da meia-noite. Fui iluminado lateralmente pela lua e retroiluminado por um caminhão que se aproximava (tranquilo, estava muito longe). Foi uma exposição de 20 segundos com ISO 800, f/2.8. Obviamente, eu fiz um monte de ajustes no Lightroom, mas dá para usar essa foto para mostrar o quanto do alcance dinâmico é capturado nas fotos RAW.

sony-a9-foto-3Isso foi na estrada de Nevada 50, conhecida como a estrada mais solitária na América. É incrivelmente desolado, então eu tinha a esperança de conseguir uma boa foto da Via Láctea. A lua estava muito brilhante, no entanto. Então, configurei meu tripé no meio da estrada e fiz uma exposição de 20 segundos. Não consegui acreditar que funcionou tão bem.

Em termos de pouca luz, fico chocado em dizer que o resultado foi praticamente tão bom quanto a A7S (que tem sido minha câmera principal nos últimos dois anos). O foco de pouca luz da A7S é um pouco mais claro, mas os níveis de ruído são quase idênticos, e a A9 tem o dobro de megapixels (24MP contra 12MP).

sony-a9-foto-4Eu esperava que a A7s fosse bem melhor que a A9, porque a A7s tem cerca de metade dos pixels em um sensor do mesmo tamanho, então elas são maiores e mais sensíveis à luz. Mas sim, a A9 absolutamente se mantém na briga.

O sensor de imagem da Sony faz o ótimo trabalho de captar qualquer luz disponível, mesmo quando você aumenta a sensibilidade, o que normalmente transformaria a luz em um lixo. No ISO 6400, quase não há nenhum ruído. Mesmo o ISO 25600 é extremamente razoável, embora você provavelmente vá querer usar alguma redução de ruído no Lightroom. O ISO 51200 talvez possa ser útil num aperto, mas nesse ponto, as coisas estão começando a ficar bastante falhas. O ISO 102400 não é o pior que já vi, mas é melhor evitar ele, a menos que você tenha uma foto do Pé-Grande ou algo parecido.

sony-a9-foto-5Eu fui tomar um negocinho nesse bar lendariamente assustador em Austin, NV, mas ele estava fechado. Exposição de quatro segundos com ISO 1600.

O A9 tem opções de obturadores mecânico e eletrônico. Você pode escolher manualmente qualquer um deles, mas eu recomendo deixar no automátivo. Quando tira apenas uma foto ou uma rajada de velocidade lenta (5 quadros por segundo no máximo) ele vai para o padrão de obturador mecânico, que dá mais profundidade nas suas imagens RAW (14 bit contra 12 bit com o obturador eletrônico), assim as imagens ficam ligeiramente mais editáveis depois. Você também vai querer usar o obturador mecânico se estiver usando um flash externo (o A9 não tem um acoplado). Se você estiver usando rajadas médias ou de alta velocidade, a câmera troca para o obturador eletrônico, que também é melhor para objetos em movimento. Quando está usando o obturador eletrônico você também pode tirar fotos completamente silenciosas, o que é meio esquisito, mas ótimo.

sony-a9-foto-6O sol se pondo sobre Moag. Eu usei a função de suporte da câmera para tirar essas três fotos em rápida sucessão com diferentes exposições, então eu usei o Lightroom para automaticamente transformá-las em uma única foto HDR. Ficaram muito boas as cores aqui!

A A9 faz um bom trabalho com vídeo. Ela pode gravar em 4K a velocidades de até 30 quadros por segundo e 1080p em 129 quadros por segundo, para lindas imagens em câmera lenta.

Eu confesso, a minha coisa menos preferida sobre o design da câmera é que a Sony colocou o botão de gravar/parar do vídeo bem ao lado do viewfinder. Quer dizer, estou praticamente tocando ele. Se você usar o olho esquerdo no visor (como eu aprendi a fazer), seu nariz estará bloqueando totalmente o acesso ao botão de gravar/parar, não importa quão minúsculo seu nariz seja. É apenas o pior lugar imaginável para esse botão tão importante.

sony-a9-foto-7Eu cortei o meu pé para conseguir essa foto, mas eu acho que valeu a pena. Eu estava usando o timer de 10 segundos da câmera, e é difícil acertar o tempo. Eu acabei fazendo isso dez vezes, e quando eu terminei meu pé estava sangrando. Eu colei com superbonder e coloquei uma fita em cima pra manter ele limpo.

Existem alguns outros problemas, também. A A9 tem dois slots para cartões SD, o que é ótimo, exceto por um único motivo: apenas um desses slots suporta cartões SD UHS-II (ou seja, a velocidade muito alta que você deseja usar em uma câmera profissional). O outro está limitado ao UHS-I. Além disso, a câmera não vem com um carregador de bateria externo. Você precisa carregar com um micro USB. Embora seja uma boa opção (você pode fazer isso com um pequeno painel solar ou um powerpack USB portátil), é insano que uma câmera que custa tanto não venha com um carregador externo. Se você está investindo tanto, acho que você também pode gastar os US$ 90 para o carregador externo e obter mais algumas baterias por US$ 80 por unidade. Eu recomendo que você o faça, com um pouco de raiva.

sony-a9-foto-8Moab, UT. Dead Horse Point State Park.

Outras queixas? O sistema de menu da Sony ainda é extremamente complicado, para dizer o mínimo. O menu é enorme, com trinta e seis (36!) longas páginas, com até seis itens por página, e as coisas nem sempre são rotuladas tão claramente como poderiam ser ou agrupadas da maneira que você acha que deveriam ser. Além disso, depois de filmar cerca de 18 minutos de vídeo de 4K a 24 quadros por segundo espalhados por mais de 45 minutos, notei que estava recebendo um aviso de sobreaquecimento na tela. Isso não é bom. Isso ainda me permitiu tirar fotos, mas não tenho certeza do que aconteceria se eu continuasse filmando. Outros usuários reclamaram sobre esse problema, e é definitivamente algo que a Sony precisa cuidar. A Sony afirma que esse problema já foi corrigido por meio de uma atualização de firmware, mas como já devolvemos a unidade emprestada para testes, não conseguimos confirmar.

sony-a9-foto-9Fallon, Nevada. Eu estava com fome, calor e cansado. Então entrei na cidade de Fallon e encontrei um bar que servia hamburgueres. Conheci alguns locais bem interessantes e achei que tinha sentido a dor da cidade. Parecia que 1/3 das construções estavam abandonadas. De qualquer forma, isso foi do outro lado do bar e eu consegui captar ele ao pôr do sol. Quase parecia estar em outra época.

Então, depois de tudo isso, você deveria comprar a câmera? Bom, você tem a necessidade? A fome de velocidade? Se sim, você não vai encontrar uma câmera mais rápida por aí. O corpo da A9 custa R$ 24.999,99 no Brasil. Embora ela seja mais barata que a Canon 1DX (que não está à venda no Brasil) ou a Nikon D5 (que custa R$ 35.999), é melhor você ficar com a série A7 da Sony (pegue as versões mark II), a não ser que você realmente precise tirar foto de objetos que se movimentam rapidamente. Elas também são de câmeras full frame, mirrorless que tiram fotos excelentes, apenas não são tão rápidas. Mas se você quiser tirar fotos de esporte e não estiver investido tanto em alguma outra marca, a Sony A9 é incrível em várias aspectos.

Eu me diverti tanto andando por aí com essa pequena câmera (e as G-lenses… ah, as G-lenses) que representaram cerca de dez mil dólares do mais avançado equipamento fotográfico que eu certamente não posso pagar. Minha velha A7S está parecendo tão lenta agora.

Resumo

• Velocidade incrível tanto para tirar fotos quanto no foco.
• Sem apagões entre fotos seguidas de um mesmo objeto.
• Bem cara e provavelmente exagerada para não profissionais.
• Ótima para objetos em baixa luz e alta velocidade.
• Alguns problemas de design.

Brent Rose é um escritor freelancer, ator e cinegrafista, atualmente viajando pelos EUA enquanto mora em uma van de baixa tecnologia, procurando histórias para contar. Siga suas aventuras no Instagram, Twitter, Facebook, e no ConnectedStates.com.

Todas as imagens: Brent Rose/Gizmodo

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