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[Review] Sony Xperia M4 Aqua: ser bom não é o bastante

Testamos o Sony Xperia M4 Aqua. Leia o review para saber o que achamos do smartphone

Há pouco mais de um mês, quando a Sony lançou no Brasil seu Xperia M4 Aqua, eu fiquei realmente interessado. A empresa dizia que a câmera era ótima e a duração da bateria, espetacular —  duas coisas que são decisivas para mim na hora de comprar um smartphone. O resto das especificações parecia bom. Seria este o smartphone com o que eu procurava? Testei e trago as respostas neste review.

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O que é?

O Xperia M4 Aqua é um smartphone intermediário. A Sony destaca alguns pontos fortes do aparelho: ele é à prova d’água, tem câmeras de 13 e 5 megapixels (frontal e traseira, respectivamente) e promete duração de dois dias para a bateria de 2.400mAh, conseguida com muita otimização de software.

No cardápio de especificações, ainda temos processador Snapdragon 615 (oito núcleos, sendo quatro rodando a 1,5 GHz e quatro, a 1 GHz), 2GB de RAM, 16GB de armazenamento interno, com expansão por cartão microSD, tela LCD IPS de 5 polegadas e resolução de 1280×720 pixels.

O preço sugerido, que você deve ter visto em propagandas espalhadas por aí, é de R$1.499. Não é barato, mas fica numa faixa intermediária (ou no que seria um segundo andar da faixa intermediária), entre aparelhos como Moto G e Zenfone 6 e topos de linha como o Samsung Galaxy S6. Por esse preço, você também encontra topos de linha de gerações passadas, como o LG G3, e aparelhos como o Samsung Galaxy A7. A versão mais barata do Moto X, a Play, foi lançada com valor parecido.

Design

O Xperia M4 Aqua segue aquele padrão já conhecido dos smartphones da Sony: frente e traseira planas, mesmo espaço acima e abaixo da tela na parte frontal, bordas arredondadas. Ele é maior que um Moto G de segunda geração e tem o mesmo tamanho de tela, mas é bem mais fino, o que acaba sendo melhor pra colocar no bolso. Pessoalmente, acho este padrão de design da Sony um dos mais bonitos disponíveis hoje no mercado.

Mesmo com um acabamento brilhante, o smartphone não apresentou riscos — e olha que eu sou bem desleixado com meus celulares — mas ficava quase sempre com marcas de dedo.

Na direita, o botão de ligar/bloquear a tela fica no meio do aparelho, abaixo do que costuma ficar em outras marcas. Abaixo dele, o botão de volume e o botão físico da câmera, para quem não se acostuma a tocar na tela para tirar fotos. O Xperia M4 Aqua tem entradas para cartão de memória microSD e dois cartões nanoSIM, ambas protegidas por tampinhas. Elas abrem fácil e devem ficar fechadas para que a proteção contra água e poeira IP65/IP68 funcione. Já a entrada microUSB está livre, sem portas, o que é ótimo.

Na mão, o smartphone da Sony fica bem. Os primeiros momentos são estranhos, as linhas retas não são muito anatômicas, mas com uns dias de uso você pega o jeito e se acostuma a deixar a traseira plana sobre os dedos. São 5 polegadas de visor e dimensões maiores que outros smartphones de mesmo tamanho de tela, mas eu não tive dificuldades para alcançar nenhum botão virtual de qualquer app. A tela, aliás, é boa, com cores vivas e boa definição, e traz opção de regular manualmente a temperatura de cor.

Usando

O Xperia M4 Aqua roda o Android 5.0 Lollipop com personalização da Sony. Os elementos do sistema foram bem menos alterados pela empresa do que em versões anteriores do sistema, mas ganharam alguns extras bem úteis — outros, nem tanto.

A seção de configurações rápidas, que aparece quando você “puxa” a barra de notificações para baixo duas vezes e reúne controles de Wi-Fi, dados móveis, GPS e outros, manteve a aparência do Android puro, mas ganhou a opção de editar os atalhos; o app de mensagens vem com um botão “Marcar como lida” embaixo de cada notificação; a gaveta de aplicativos ganhou uma opção para ordenar por mais usados a bagunça que são seus apps; a tela de alternar entre apps tem um botão “Fechar todos”.

Outras coisas não ficaram tão boas, no entanto. O launcher da Sony e os ícones com degradês, por exemplo, ficaram com cara de ultrapassados — nada que um nova launcher com um bom pacote de ícones não resolva, claro. A skin também tem temas e eles mudam as cores de elementos como as barras de volumes do sistema e a barra de notificações — a minha ficou azul e não preta, e eu levei um tempo até perceber que era assim mesmo e não o sistema confundindo o app que estava aberto.

O problema nas alterações da Sony se chama bloatware. Você tira o celular da caixa e, mesmo sem instalar um appzinho sequer, já tem quatro, cinco páginas de apps na gaveta. Tem coisas úteis — Facebook e Twitter já estão lá, é só atualizar; mas tem muitas coisas não tão úteis assim — eu não uso o LinkedIn, mas ele também está lá; tem demo de joguinho — eu contei umas quatro ou cinco; tem umas invencionices da Sony — loja de apps própria, loja de filmes própria, um negócio chamado “What’s New” que traz novidades de filmes e apps, galeria de fotos com serviço de backup na nuvem próprio.

Felizmente, você pode desinstalar muitas dessas coisas. Melhor ainda é que, mesmo não desinstalando, o Xperia M4 Aqua é perfeitamente usável mesmo com tudo isso — o processador Snapdragon 615 e os 2GB de RAM garantem um bom desempenho: apps abrem rápido e você consegue alternar entre telas sem lentidão. Única coisa que notei é que alguns apps — principalmente o Twitter, o Snapchat e o Waze — fecharam sozinhos várias vezes, o que é um muito frustrante.

No entanto, onde a Sony pesou mesmo a mão no software foi na bateria: é o chamado modo Stamina. Ele traz uma série de configurações para fazer a bateria durar mais. Como? Desligando Wi-Fi e conexão 4G quando o celular está no seu bolso. Se você já usou um app como o JuiceDefender ou o Greenify, a ideia deve soar familiar, mas a solução da Sony é muito mais integrada com o aparelho e o sistema operacional, como era de se esperar de um software de fabricante.

O lado bacana é que ele é extremamente flexível. Você pode selecionar alguns apps para “furarem” esse bloqueio. Há ainda outras opções, como Uso Prolongado (limitar o uso do processador); relógio Stamina (não religa as conexões quando a tela é ligada, apenas quando é desbloqueada; assim, ver as horas não gasta tanta bateria); e nível para ativação do modo Stamina (você pode configurar o Modo Stamina para funcionar sempre ou só quando a bateria estiver menor que um nível que você escolhe).

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E funciona? Sim, funciona. A Sony promete duração de dois dias para bateria. Eu não consegui que ela durasse tanto, mas sei que sou um completo ponto fora da curva. Eu simplesmente uso o smartphone demais: meu dia começa às 9h e termina à meia-noite e tem umas três horas de música por dia, mais atualizações constantes em redes sociais, mais smartphone como segunda tela enquanto vejo TV, mais Pushbullet para espelhar notificações no PC, mais Google Fit medindo minhas atividades físicas. Para se ter uma referência, eu tenho um Moto G de segunda geração e, se não ficar na saída USB do computador aqui na redação, ele simplesmente não chega até o fim do dia ligado. O Xperia M4 Aqua consegue esse feito e ainda chega com uns 10% da bateria quando eu vou dormir. Levando-se em conta que 2.400 mAh não é tanto assim, é bem impressionante. Estamos testando um Moto G de terceira geração, que tem bateria maior, e que aguenta menos tempo fora da tomada que o Xperia M4 Aqua. Para situações extremas, há também um modo Ultra Stamina, que desativa apps e conexões de dados e transforma seu Xperia M4 Aqua num feature phone — o que é ótimo em situações de emergência, quando você precisa da bateria e sabe que não terá um carregador por perto, ou quando simplesmente não está usando nenhum app, como numa viagem para algum lugar sem internet.

Câmera

Como não podia deixar de ser, a Sony também alterou bastante o software da câmera. Ela funciona de um jeito meio modular, com vários pequenos aplicativos dentro do app da câmera, cada um com uma função ou recurso específico. Há apps para modo manual, modo automático, efeitos de realidade virtual (dá para colocar um dinossauro nas suas fotos!), modo panorama, entre outros. O hub também agrega funções de câmera de outros aplicativos: por ele, você consegue acessar o Camscanner ou a câmera do Evernote. O modo manual dá a você boas possibilidades de configurações. Dá para mudar facilmente o método de cálculo do equilíbrio de branco, a compensação da exposição, o ISO e mais um monte de coisas. A qualidade de imagem é, no geral, boa. O sensor de 13 megapixels garante uma qualidade de imagem ótima para você compartilhar suas fotos nas redes sociais e bastante aceitável para outros usos — as fotos desses dois posts foram feitas com o Xperia M4 Aqua, por exemplo.

Teste da câmera do Sony Xperia M4 Aqua

Minhas críticas ficam por conta da falta de detalhes — esperava uma qualidade mais fina — e por saturar demais algumas cores. Qualidade de imagem à parte, também é sofrível a demora para a câmera abrir: seja apertando o botão físico, seja usando o atalho na tela de bloqueio, são quase cinco segundos até você poder tirar uma foto. Smartphones da LG e da Motorola são beeeeem mais rápidos neste quesito.

A câmera frontal, de 5 megapixels, também é muito boa, seja para selfies ou para chamadas de vídeo. Só achei estranho o fato de as imagens saírem sempre com os cantos escurecidos, como se fosse um efeito de vinheta constante.

Gostamos

Meus pontos preferidos no Xperia M4 Aqua foram o design — não só pela beleza, mas ele é fino e fica bem no bolso, é leve e bom de segurar –; a duração da bateria — não é impressionante, mas é bem mais confiável que a média, e o Modo Stamina possibilita uma boa personalização das configuração. E a câmera — de novo, boa, mas não excelente.

Não gostamos

O monte de bloatware e, de um modo geral, grande parte das alterações de software da Sony, exceção feita principalmente ao modo Stamina. Os travamentos constantes de alguns apps, que mencionei acima, também me incomodaram. A lentidão para iniciar a câmera irrita.

Vale a pena?

O Xperia M4 Aqua é um bom aparelho. A câmera é boa, a bateria vai bem, obrigado. O problema é o preço que cobra — R$1.499 é o preço sugerido pela Sony, mas você consegue achá-lo na faixa dos R$1.300. Você tem opções como o LG G3 ou o Moto X de segunda geração, que apesar de não tão novas, são melhores — o LG tem uma câmera excelente e super rápida; o Moto X é um smartphone com ótimos recursos de software e com Android praticamente puro. Uma câmera boa e uma duração de bateria não são suficientes para fazer frente a esses dois. A não ser que o você preze demais pelo design e faça questão de ter um smartphone com cara de monolito do 2001 ou viva derrubando o seu smartphone na água, o Xperia M4 Aqua não é a melhor opção.

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