Pesquisadores brasileiros reconstituem cérebro de dinossauro de 230 milhões de anos

O Saturnalia tupiniquim, espécie de dinossauro descoberta no Brasil, é um dos animais mais primitivos do mundo e tem sido investigado por pesquisadores brasileiros, que agora reconstituíram seu cérebro e revelaram detalhes importantes sobre seu comportamento. Esta foi a primeira vez que partes do cérebro de um dinossauro tão antigo foram reconstruídas. • Recém nomeado […]

O Saturnalia tupiniquim, espécie de dinossauro descoberta no Brasil, é um dos animais mais primitivos do mundo e tem sido investigado por pesquisadores brasileiros, que agora reconstituíram seu cérebro e revelaram detalhes importantes sobre seu comportamento. Esta foi a primeira vez que partes do cérebro de um dinossauro tão antigo foram reconstruídas.

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Um grupo de cientistas de duas universidades brasileiras e de uma universidade alemã estudaram o crânio fossilizado do Saturnalia, revelando pistas interessantes sobre a natureza carnívora e predadora do grupo sauropodomorfos – dinossauros com pescoços longos e cabeças pequenas, considerados essencialmente herbívoros. A pesquisa foi publicada em setembro na revista Scientific Reports.

Liderado por Mario Bronzati Filho, doutorando na Universidade de Munique Ludwig-Maximilians, o estudo utilizou microtomografias computadorizadas para estudar em detalhes o crânio fossilizado do animal, encontrado em rochas de 230 milhões de anos no Rio Grande do Sul. Com base nos dados obtidos a partir da caixa craniana, os cientistas conseguiram reconstituir virtualmente a forma e o volume do cérebro e dos outros órgãos que compunham o encéfalo do Saturnalia.

Reconstrução dos tecidos cerebrais do dinossauro. Crédito: Scientific Reports

O resultado indicou que o Saturnalia possuía estruturas bastante volumosas, como o flóculo e o paraflóculo, que integram o cerebelo e estão relacionadas ao controle da visão e de movimentos da cabeça e do pescoço do animal, indicando que ele provavelmente era também um caçador. Essa não é a primeira evidência de que a espécie era carnívora, como explicou ao Gizmodo Brasil Max Cardoso Langer, do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da USP em Ribeirão Preto e coautor do estudo. “Os dentes que se conhecem do Saturnalia são considerados pau para toda a obra, então já se pensava que esse bicho era um onívoro, se alimentando de pequenos animais, mas também de material vegetal que não fosse muito duro”, conta.

A descoberta é interessante pelo fato do Saturnalia ser um dos mais antigos representantes do subgrupo de dinossauros sauropodomorfos, considerados herbívoros. “Sendo o Saturnalia um dos mais antigos membros desse grupo, a indicação é que os primeiros entre esses animais não eram herbívoros, como a maior parte de seus componentes. Ao contrário, se alimentavam de animais também. E aquele pescoção, que é típico dessa linhagem, teria surgido num contexto de facilitar o movimento para a captura de presas. É interessante que uma estrutura, que é esse pescoço alongado com cabeça pequena que depois é utilizado para a herbivoria, na verdade tenha surgido como uma adaptação para a caça, então é uma coisa interessante e de certa forma inesperada”, completa.

Os sauropodomorfos estão entre os maiores animais que já caminharam sobre a Terra, como os titanossauros e o apatossauro. O Saturnalia tupiniquim, por sua vez, era menor: tinha 1,5 metro e pesava dez quilos. Essa linhagem viveu na Terra por cerca de 170 milhões de anos, e seus últimos representantes foram extintos há cerca de 66 milhões de anos, durante o evento de extinção em massa do final do Cretáceo, que extinguiu todos os dinossauros não-avianos. Com esse novo estudo, cientistas podem compreender melhor o comportamento dos dinossauros que deram origem aos gigantes herbívoros do passado.

[Nature]

Imagem do topo: Rodolfo Nogueira/YouTube

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