Serviços de VPN dizem que vão arranjar formas de burlar restrições geográficas do Netflix

Provedores de VPN já consideram técnicas para enfrentar redirecionamento de usuários do Netflix que tentarem acessar acervo estrangeiro.

Os provedores de VPN não ficaram nada satisfeitos com o recente anúncio do Netflix, que disse que reencaminharia para o país de origem os usuários que tentassem acessar o acervo de vídeos de outras localidades. Boa partes deles, inclusive, já está trabalhando para burlar os possíveis bloqueios da plataforma de streaming.

>>> O Netflix quer bloquear quem usa VPN para ver o acervo de vídeos de outros países
>>> Netflix anuncia presença em 130 países, cobrindo quase o mundo todo — menos a China

Em termos gerais, a técnica que alguns serviços vão usar para driblar os bloqueios do Netflix é mudar o endereço de IP. Em caso de impedimento de acesso, as companhias se comprometem a corrigir o “problema” assim que forem notificadas pel0s usuários.

“Infelizmente, muitos assinantes pagos [do Netflix] ficarão no ‘escuro’, como um resultado inevitável do bloqueio de blocos de IPs”, disse Ben van der Pelt, do serviço de VPN TorGuard, ao site TorrentFreak. “Estamos monitorando de perto a situação e implementamos novas medidas para evitar o bloqueio de quaisquer endereços de blocos IPs de nossa rede. Caso nossos usuários tiverem algum problema para acessar, eles podem entrar em contato com a gente para solucionarmos.”

Fazem também coro ao discurso da TorGuard os serviços SlickVPN e Golden Frog. Este último, inclusive, deu uma das declarações mais malandras sobre o assunto. “Os usuários de VPN não estão acessando conteúdo restrito por geolocalização. Eles estão apenas sendo proativos ao otimizar suas experiências na internet”, disse Sunday Yokubaitis, presidente da VyprVPN, responsável pelo Golden Frog, em um blog post.

É importante lembrar que as VPNs não são apenas ferramentas para acessar conteúdo restrito por localização. São ferramentas importantes para pessoas que vivem em países onde governos espiam a atividade dos cidadãos ou bloqueiam conteúdos que vão contra o regime vigente.

Ainda não temos detalhes de como o Netflix bloqueará o acesso ao acervo de vídeos de países estrangeiros. No entanto, ficou parecendo que o anúncio recente do serviço de streaming foi motivado por pressão do estúdios detentores de direitos autorais, que negociam parcerias apenas localmente, na maioria das vezes. É uma atitude compreensível, pois mostra que o Netflix está interessado em cumprir os contratos que mantêm. A companhia parece reconhecer a dificuldade de impedir o acesso via VPN. Neil Hunt, chefe de produto do Netflix, disse que vai ser uma briga de gato e rato:

“Nós usamos as tecnologias disponíveis na indústria para limitar o uso de proxies. Como o objetivo dos usuários é esconder a origem de sua navegação, não é tão fácil fazer o bloqueio funcionar bem. Provavelmente, vai ser sempre um jogo de gato e rato. Nós continuaremos a confiar em nossas blacklists de VPNs mantidas por companhias que fazem esse trabalho. Uma vez que esses serviços de VPN estejam em nossa lista, eles devem mudar para um novo e evitar [o redirecionamento].”

É interessante o posicionamento da companhia norte-americana, pois há algumas semanas, o CEO do Netflix chamou a plataforma de uma “rede global de televisão”. De fato, ele está disponível em quase todos os países do mundo, mas para ser global de fato, falta ter um acervo mais igualitário. Já pensou no impacto que isso teria nos serviços de VPN?

[ArsTechnica, TorrentFreak e The Globe and Mail]

Imagem do topo: Paul Sakuma/AP

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas