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Como os algoritmos do Spotify podem ajudar você durante seus exercícios físicos

Com o Spotify Running, o Spotify quer melhorar a sua experiência de corrida. Mas ele funciona?

Correr é coisa séria. Tênis, roupas, monitores de exercícios físicos, apps e diversos outros produtos são feitos com a promessa de nos tornar mais rápidos – ou ao menos para nos distrair da dor. Para mim, a única coisa que funciona para isso é a música. Então quando o Spotify anunciou uma forma de “mudar para sempre a forma como você corre”, eu achei interessante. Por isso, eu corri com o Spotify Running.

O Spotify Running foi anunciado há algumas semanas. Com ele, você abre seu app do Spotify, escolhe a opção “Corrida” e nela encontra uma nova tela inicial com diversas playlists especiais. Não são exatamente coletâneas de músicas: são mixes instrumentais criados por DJs e organizados em “estados de espírito” como Epic e Blissed Out, mais um feito pelo DJ Tiesto.

Eu estava bastante cética de que um algoritmo saberia exatamente como coagir meu cérebro a não parar, mas acabei decidindo usar uma lista chamada “Lock the Flow”, descrita como “batidas eletrônicas brilhantes”. Uma voz de mulher me pediu para começar a correr, e usando dados de movimento do acelerômetro do meu smartphone, ela definiu uma taxa de passos por minuto – cerca de 170.

O mix era ótimo. Ele tinha a dinâmica e o contraste para me deixar correndo por mais de um quilômetro, até minha mente começar a viajar. “Pare de correr”, sussurrava meu cérebro.

Por que a música ajuda a correr

Como muitos corredores, preciso de música para me esforçar ao máximo. Preciso de música alta. Muito alta. Eu sinto como se ela alterasse a química do meu cérebro para me distrair do ácido lático que se acumula nos meus músculos. E algumas pesquisas recentes dão base científica a essa observação, como explica a Scientific American.

“Um efeito ergogênico [que facilita o exercício físico] é evidente quando a música melhora o desempenho nos exercícios, seja por adiar a fadiga ou por aumentar a disposição”, escreve o pesquisador Costas Karageorghis. “Neste sentido, a música pode ser pensada como um tipo de droga que melhora o desempenho e é lícita.” Ao mesmo tempo, muitas pessoas dizem que confiar em músicas para fazer seus exercícios é um jeito de se esconder dos problemas.

Quando estava usando o Spotify Running, eu não corri muito mais que o de costume. Mas eu percebi que estava pensando menos no que estava fazendo. Quando cheguei em casa após a corrida, decidi testar o app com outra forma de exercício que poderia ser penosa, mas que eu gostava muito mais: pedalar na minha bicicleta de treino.

Ao configurar o ritmo do app por conta própria, eu percebi que poderia emparelhar as canções para manter minha cadência. Algumas das músicas pop tocadas pelo Spotify para mim eram horríveis, outras eram excelentes. Mas o tempo passou muito rápido.

Além dos mixes do Spotify, encontrei uma playlist “Recomendado para você” que pega sugestões do seu histórico musical. É o que os algoritmos do Spotify “acham” que você vai gostar de ouvir enquanto estiver correndo – o que corresponde a músicas que eu já usava para isso. Eu ouvi várias e várias vezes as músicas que já conhecia, em ordens diferentes e com uma ou outra mudança feita a cada nova execução.

Percebi outras coisas estranhas também. Músicas repetidas de bandas que não ouvia desde a faculdade, seguidas por seis canções de Jay-Z na sequência. O app continuou me sugerindo um artista chamado Olly Murs, que agora eu sei que foi um participante do programa X-Factor em 2009. Mas, por diversas vezes, as sugestões eram divertidas, mesmo que um pouco estranhas. Uma coisa bacana: o app edita cada música para evitar introduções longas e outras coisas que possam prejudicar o ritmo.

Algoritmos e esforço

O caminho para se tornar mais rápido e saudável é longo e tedioso. Os pequenos momentos nos quais você percebe que está melhorando são raros, como Ta-Nehisi Coates disse em um artigo fantástico: “não há absolutamente nada no mundo como o sentimento de ser ruim em alguma coisa e aí perceber que você melhorou”.

A coisa mais inteligente do Spotify Running é criar pequenos momentos de deleite e distração para uma jornada longa, lenta e entediante – algo que as pessoas esquecem quando pensam em apps e gadgets de exercícios físicos.

O Running é apenas um aspecto de uma grande atualização do Spotify chamada Now. Este novo menu no app é como uma lista de playlists que foram criadas para atividades e horas específicas do dia. Também há uma biblioteca noturna e uma com músicas para se ouvir pela manhã.

Essas playlists existem há algum tempo, mas agora o Spotify está dando mais destaque para elas, sugerindo músicas baseadas no que você provavelmente está fazendo naquele momento do dia. Esse tipo de aprendizado de máquinas não é exclusivo da empresa (o Aether, por exemplo, está fazendo exatamente a mesma coisa), mas o Spotify tem uma vantagem em relação a concorrentes devido à sua base enorme de usuários, além da biblioteca gigantesca de músicas.

O algoritmo do Spotify não transforma ninguém em atleta. Ele provavelmente não chega a “mudar para sempre a forma como você corre”. Mas ele pode ser muito útil ao distrair você durante os exercícios – seja por uma hora extra de bicicleta, ou apenas uma lenta caminhada pela calçada.

O Spotify Running será lançado “em breve” no Brasil para iOS e Android.

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