Taxistas em “guerrilha” se organizam para furar pneus e atear fogo em carros do Uber

Esta semana, foi emitida uma liminar para garantir que os motoristas do Uber continuem operando em São Paulo. Isso deixou os taxistas furiosos.

Esta semana, foi emitida uma liminar para garantir que os motoristas do Uber continuem operando em São Paulo. Isso deixou os taxistas tão furiosos a ponto de planejar ataques contra os carros pretos – e a “guerrilha” contra o Uber virou caso de polícia.

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O Estadão revelou que taxistas estão se organizando em grupos no WhatsApp para incendiar qualquer carro preto que apareça no caminho deles, seja do Uber ou não.

Um dos taxistas disse o seguinte:

A gente tem que se reunir mesmo e colocar fogo em cada carro preto que a gente vir na rua. Aí eles vão botar fé na gente. F*da-se se é Uber ou não é. Por mim, eu já começava a botar fogo agora. Viu o carro preto parado? Bota fogo. Vamos ver se rapidinho eles não dão um jeito.

Seria esse um caso isolado? Parece que não. Outro participante do grupo disse: “como sou mais um frotista, estou pouco me lixando. Vamos para cima botar fogo. Vamos lutar pelos nossos ideais e que se f*da político e polícia”.

Outro ameaçou “derrubar sangue” para defender os taxistas: “a guerra para o País ser liberto não morreu gente e derramou sangue? Para gente ser liberto dessa maldita empresa [Uber], a gente derruba sangue.”

A Folha também obteve acesso a um grupo de taxistas no WhatsApp, e descobriu que eles planejam furar pneus de carros do Uber. A ideia é fazer ataques velados, sem que a categoria seja responsabilizada.

Eu acho melhor montar um esquadrão à paisana de moto que saia por aí resolvendo o problema de outra forma. Taxista chega só para denunciar. Se o cara [motorista do Uber] está com os quatro pneus arriados, vai para onde? Qual o borracheiro mais próximo da Cidade Jardim? A Uber vai fornecer guincho?

Caso de polícia

As ameaças são graves. A Polícia Civil iniciou uma operação para revistar táxis em São Paulo, e flagrou quatro motoristas com facas e canivetes nos veículos. Eles alegaram que carregavam os objetos para uso mecânico.

A operação policial vai até o final de fevereiro, e tem como objetivo flagrar armas de fogo, facas e outros objetos que possam ser usados em brigas. A polícia está apurando as mensagens circulando no WhatsApp, para garantir que elas foram realmente ditas por taxistas.

O Simtetaxi (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Táxi de São Paulo) diz em nota à imprensa que as mensagens no WhatsApp podem ter sido “plantadas”, e afirmou que “repudia” qualquer tipo de violência.

Na semana passada, Antonio Matias, presidente do Simtetaxi, disse em vídeo polêmico que “a palhaçada acabou” e “agora é cacete” contra o Uber.

Isto foi usado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo para embasar a decisão de liberar o Uber na capital paulista: “a arma mudou de mãos, os criminosos são outros”, escreveu o desembargador Fermino Magnani Filho. A liminar proíbe a prefeitura de apreender carros do Uber.

O sindicato tentou se explicar esta semana, dizendo que Matias “acabou deixando o nervosismo falar mais alto”, e defendendo que o vídeo não tem relação com “o cenário de violência com carros depredados e pessoas feridas” – mas não adiantou.

Inclusive, segundo o Estadão, a Polícia Civil está investigando o presidente do sindicato por incitação e apologia ao crime. Matias nega as suspeitas: “eu não incentivei o crime, foi uma mensagem para o prefeito Fernando Haddad… somos contra a violência”.

Ataques

E o que aconteceu com os taxistas que, na semana passada, atacaram carros pretos que paravam próximo a um hotel de luxo? Segundo a Folha, 11 motoristas do Uber prestaram depoimento para relatar agressões e danos – Antônio Matias, do sindicato, foi convocado mas não apareceu. A polícia disse que já identificou os agressores, e que todos serão chamados para depor.

Para fugir de ataques, os motoristas do Uber usam grupos no WhatsApp e também recebem alertas do aplicativo sobre protestos.

A guerra entre táxi e Uber está longe de acabar. No WhatsApp, taxistas prometiam parar rodoviárias e os aeroportos de Congonhas e Guarulhos. Um deles afirma que a categoria precisa se organizar melhor: “está faltando estratégia. Nós vamos ter de entrar numa fase de guerrilha. Fazer guerrilha contra os caras. Delícia.”

[Estadão 1, 2Folha 1, 2]

Foto por Nelson Antoine/AP

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