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Nova técnica de visualização mostra o câncer se espalhando dentro de ratos vivos

Biólogos no Japão desenvolveram uma técnica de visualização inovadora, que faz tecidos e órgãos vitais ficarem transparentes, permitindo-lhes rastrear o câncer conforme ele se espalha pelos corpos e cérebros dos ratos. • Este vírus cancerígeno dorme por anos antes de atacar seu corpo • China lidera a corrida pela cura do câncer com o CRISPR […]

Biólogos no Japão desenvolveram uma técnica de visualização inovadora, que faz tecidos e órgãos vitais ficarem transparentes, permitindo-lhes rastrear o câncer conforme ele se espalha pelos corpos e cérebros dos ratos.

• Este vírus cancerígeno dorme por anos antes de atacar seu corpo
• China lidera a corrida pela cura do câncer com o CRISPR

A nova técnica, descrita na última edição da Cell Reports, foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Tóquio e do RIKEN Quantitative Biology Center e está permitindo a cientistas visualizar câncer em uma resolução a nível de célula individual. Técnicas anteriores de visualização foram usadas para detectar e rastrear câncer em animais vivos antes, mas não com esse nível de clareza e detalhe microscópico.

Usando a nova técnica, os cientistas observaram células de câncer se multiplicarem e se espalhar (metástase) dentro de vários órgãos de rato, incluindo os pulmões, intestinos, fígado e cérebro. Importante notar também que os pesquisadores conseguiram observar remédios anticâncer combatendo esses perniciosos invasores de células.

Tudo isso foi possível por uma mistura química conhecida como CUBIC, ou Clear Unobstructed Brain/Body Imaging Cocktail (Coquetel de Imagens do Cérebro/Corpo Claras e Desobstruídas). Desenvolvida pelos pesquisadores do RIKEN e da Universidade de Tóquio, essa mistura deixa os tecidos e os órgãos vitais translúcidos. Quando usada em conjunto com outras técnicas de visualização, como a microscopia de fluorescência e a microscopia confocal de varredura a laser, ela possibilitou aos pesquisadores detectar mesmo os mais leves traços de colônias de câncer em ratos.

A técnica foi aplicada a 12 modelos de ratos com nove linhas de células cancerosas diferentes. Os pesquisadores usaram o CUBIC para calcular os formatos, volumes e distribuições de várias colônias de câncer e para observar as células cancerosas conforme elas se multiplicavam e se espalhavam pelo corpo para formar tumores em diferentes áreas.

Por exemplo, os pesquisadores viram um par saudável de pulmões ser colonizado por células cancerosas em apenas duas semanas. Observaram células pancreáticas fora de controle devastarem um fígado e então todo o abdome do rato. Conseguiram até mesmo separar células cancerosas individuais e vasos sanguíneos distribuídos pelo cérebro (veja o vídeo abaixo).

Como resultado disso, os pesquisadores desenvolveram uma visão mais clara sobre como o câncer se espalha. Para o câncer alcançar um novo local dentro do corpo, parece que uma célula cancerosa viaja pela corrente sanguínea, entrando e então saindo através das paredes dos vasos sanguíneos. Os cientistas também investigaram os efeitos dos remédios anticâncer na metástase do câncer, fornecendo um vislumbre único sobre como os remédios funcionam dentro de um organismo vivo.

Um trabalho mais aprofundado nessa área pode oferecer compreensões sobre outros caminhos metastáticos e do câncer e de quaisquer outras condições de saúde envolvendo eventos de células únicas, como distúrbios autoimunes e medicina regenerativa.

Quanto a essa técnica um dia ser usada em humanos, não espere por isso. O composto do CUBIC não é muito saudável a humanos, exigindo uma série de modificações genéticas. Mas, como um jeito de observar dentro do corpo de uma criatura viva, ele já está provando seu valor.

[Cell Reports]

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