Cientista cria novo vírus da gripe que poderia matar toda a humanidade

O professor Yoshihiro Kawaoka, da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), criou um tipo de gripe que o sistema imunológico humano não conseguiria detectar. O novo vírus geneticamente modificado é baseado no H1N1, que matou cerca de 284.000 pessoas há cinco anos. Hoje, a maioria das pessoas tem certa imunidade à gripe H1N1, que agora é considerada […]

O professor Yoshihiro Kawaoka, da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), criou um tipo de gripe que o sistema imunológico humano não conseguiria detectar. O novo vírus geneticamente modificado é baseado no H1N1, que matou cerca de 284.000 pessoas há cinco anos.

Hoje, a maioria das pessoas tem certa imunidade à gripe H1N1, que agora é considerada uma ameaça de risco relativamente baixo. Mas Kawaoka manipulou geneticamente o H1N1 para que ele possa “escapar” dos nossos anticorpos neutralizantes. Assim, o sistema imunológico humano seria incapaz de resistir a um surto dessa gripe.

Kawaoka queria converter o H1N1 ao seu estado pré-pandemia, para analisar as mudanças genéticas envolvidas no processo. Ele diz ao jornal The Independent que já terminou seu estudo, e apresentará suas conclusões em uma revista científica. Ele também diz que seu experimento tem por objetivo monitorar mudanças no vírus H1N1 que iriam melhorar as vacinas.

Funciona assim: os vírus evoluem na natureza. É por isso que a vacina da gripe precisa ser reajustada a cada ano, e, em parte, por que você terá gripe várias vezes em sua vida. Ocasionalmente, uma mutação criará um vírus muito mais letal do que antes. Não é melhor antecipar essas mudanças, em vez de ser pego desprevenido por elas?

Riscos

Mas o óbvio poderia acontecer: este vírus poderia escapar, ou ser intencionalmente lançado por terroristas. Esse receio não é totalmente hipotético: em 1977, uma cepa de H1N1 que havia desaparecido por décadas de repente reapareceu – e provavelmente veio de um laboratório. E há vários acidentes menores: varíola em 1978, febre aftosa em 2007, e SARS em 2004.

Mas Kawaoka garante que está levando em conta os riscos:

Existem riscos em todas as pesquisas. No entanto, existem formas de mitigá-los. Assim como em toda pesquisa sobre os vírus influenza em meu laboratório, este trabalho é realizado por pesquisadores experientes, sob contenção adequada e com revisão completa e aprovação prévia do [comitê de biossegurança].

O local escolhido para a pesquisa, o Instituto de Pesquisa de Vírus Influenza em Madison (EUA), tem nível três de biossegurança – um nível abaixo de institutos que realizam pesquisas sobre o ebola. No entanto, o trabalho de Kawaoka foi realizado em um laboratório de nível dois. A Universidade alega que não há riscos.

Polêmicas

Esta não é a primeira polêmica envolvendo o trabalho de Kawaoka. Seu nome é bastante citado em notícias envolvendo vírus mutantes: seu laboratório se especializa em estudar os vírus por trás da gripe e ebola, tornando-os mais letais que na natureza.

Em junho, o laboratório de Kawaoka publicou um estudo que recriou um vírus semelhante ao da gripe espanhola de 1918, que matou milhões de pessoas em todo o mundo. O estudo foi julgado como “absolutamente louco” e “extremamente perigoso” por razões óbvias.

E em 2012, o laboratório de Kawaoka esteve envolvido em outra controvérsia: um estudo deles mostrava como algumas mutações poderiam tornar a gripe aviária mais transmissível.

Agora, resta esperar até que o estudo de Kawaoka seja publicado, para ver quais detalhes o estudo trará. O estudo sobre a gripe aviária, por exemplo, causou pânico em um painel de biossegurança nos EUA, mas revelou-se um pouco menos perigoso do que o esperado. Que nossas futuras epidemias não sejam criadas pela própria humanidade.

Imagem por James Thew/Shutterstock

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