Vivendo na nuvem: 4 dicas para domar a diversidade de aparelhos e ecossistemas conectados à internet

Começar um projeto no celular, desenvolvê-lo no tablet e terminá-lo no desktop. Esse já é o fluxo de trabalho de muitos profissionais hoje em dia. Mas ainda não é tão simples usar a computação em nuvem a nosso favor. A diversidade de aparelhos interconectados na web traz pelo menos três desafios: Muitos gadgets não conversam […]

Começar um projeto no celular, desenvolvê-lo no tablet e terminá-lo no desktop. Esse já é o fluxo de trabalho de muitos profissionais hoje em dia. Mas ainda não é tão simples usar a computação em nuvem a nosso favor. A diversidade de aparelhos interconectados na web traz pelo menos três desafios:

Muitos gadgets não conversam entre si. Isso porque a maioria usa formatos proprietários de arquivos. Isto é: que pertencem a uma determinada empresa e que praticamente só funcionam no “ecossistema” controlado por ela. Por exemplo, arquivos .docx, do Word, da Microsoft, ou a sincronização de dados via iCloud, da Apple.

Nem sempre é seguro hospedar seus dados na nuvem. Basta se lembrar da lista de companhias que tiveram seus sistemas de senhas hackeados recentemente: Apple, Twitter, EvernoteDropbox, entre outras.

Fora os ilegíveis Termos de Serviço, que aceitamos cegamente ao nos registrar em sites. Em alguns casos, inadvertidamente, aceitamos até mesmo ceder a propriedade dos nossos arquivos para a empresa que mantém o serviço.

A computação em nuvem ainda não é exatamente confiável. Muitas empresas surgem no mercado, oferecem serviços gratuitos e depois somem, mudam suas regras no meio do caminho ou, vendidas para companhias maiores, resolvem abandonar seus produtos.

Até mesmo o todo poderoso Google incorre nesse tipo de prática, que ficou conhecida como “spring cleaning”: abandonar serviços que são considerados impopulares ou que não cumprem certas metas comerciais.

Isso aconteceu recentemente com o Google Reader e enfureceu milhares de pessoas no mundo todo. E, ao longo dos anos, a lista de assassinatos do Google vem crescendo. Tanto que um colunista do jornal inglês The Guardian calculou que um produto do BigG dura, em média, 1.459 dias. Depois, beijo, me liga.

A arte de desconfiar

Não é por causa desses três fatores que você precisa abandonar a sincronização de aparelhos via nuvem. Você só precisa ficar atento para fazer escolhas informadas. Quer dizer, seguras e preparadas para o futuro. A seguir, algumas estratégias para atingir esse objetivo.

Mas entenda que são dicas comportamentais, não recomendações de aplicativos. Por quê? Para que você conheça detalhes que o ajudem a escolher melhor seus softwares, sem ingenuidade ou atitude de Maria Assinatura — aquelas pessoas que saem assinando qualquer serviço e comprando qualquer aplicativo, por impulso, só porque está na moda.

Então aperte os cintos e desligue os aparelhos eletrônicos.

Dicas para escapar das turbulências da nuvem

Sempre que possível, prefira formatos não-proprietários para seus arquivos. Por exemplo, salve seus textos em .rtf em vez de .doc. Vantagens: você não perderá o visual do texto, além de criar arquivos menores e que serão aceitos em todos os sistemas de sincronização disponíveis na atualidade.

A regra é clara: quanto mais aberto é o formato, mais ele se torna flexível, podendo ser lido por diversos aplicativos e guardados em vários sistemas de backup. No final das contas, você vai economizar tempo e dinheiro que gastaria convertendo, configurando ou migrando de serviços.

Essa ideia é o que os experts chamam de portabilidade de dados. Praticamente sempre há uma alternativa aberta para cada formato proprietário. É só procurar direito.

Desconfie de serviços gratuitos. Não seja ingênuo: alguém sempre paga a conta. Geralmente, os anúncios. Quer dizer: um mercado extremamente instável, que, nos piores casos, pode incitar até invasões de privacidade.

Antes de assinar um serviço, procure entender qual é o modelo de negócio por trás dele. Por exemplo, o serviço de sincronização Dropbox é parcialmente gratuito. Mas, a partir de certa quantidade de uso, passa a ser pago. Assim, é uma empresa que tende a ser mais confiável e existir por mais tempo. A chance de puxar o tapete dos consumidores ainda existe, mas é menor.

Note que você já faz esse tipo de seleção natural de consumo o tempo todo: escolhe bancos, restaurantes, supermercados, assinaturas de TV a cabo etc. Por que seria de outro jeito numa área tão importante como a hospedagem dos seus dados (o que hoje implica em gerenciar até relações pessoais)?

Sempre que possível, hospede seus próprios dados. Essa é uma dica para pessoas que conhecem melhor como a internet funciona (servidores, hospedagens e distribuição de informação on-line). Se você já assina um bom provedor, há excelentes alternativas de aplicativos que permitem criar seu próprio serviço de sincronização de dados. Como o Own Cloud ou até os serviços da Amazon. Quer dizer: você pode conectar todos os seus aparelhos à sua própria rede pessoal. É o sonho da nuvem própria.

Faça backup. Sempre. Até dos seus e-mails. Por mais que você use serviços hoje considerados sólidos, confiáveis e à prova de balas como o Gmail, é sempre importante sincronizá-los (via POP ou IMAP) com clientes de e-mail locais, como o Thunderbird, Mail.app, entre outros — e o geek em mim não quer deixar de citar o velho e russo TheBat!.

Os fóruns e sites de notícias sobre tecnologia estão cheios de reclamações de pessoas que tiveram suas senhas hackeadas ou contas de e-mail canceladas sem maiores explicações. Portanto, é essencial ter cópias dos seus dados mais importantes, de e-mails a fotos. Seja em HDs externos ou no seu computador.

Há muito mais a ser dito. Mas o importante é você desenvolver uma “confiança desconfiada” na nuvem. Porque, assim, você poderá usá-la com mais eficiência. Você se tornará mais prático.

Então repita com o titio aqui: para usar melhor a nuvem é preciso pensar em:

  • Formatos abertos e flexíveis.
  • Portabilidade de dados.
  • Segurança e confiabilidade dos serviços.

Fechado? A partir daí, poderemos falar de aplicativos e serviços interessantes. Mas isso fica para um próximo texto.


Eduardo Fernandes (@eduf) é escritor, estrategista de conteúdo e mantém o blog Caos Ordenado.

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