Como o design do Xbox One quer transformá-lo no ‘faz tudo’ da sua sala de estar

Um ponto do novo Xbox One ainda chama bastante a atenção: o seu tamanho. Ele é grande. Grande o suficiente para fazer com que você se pergunte o que engenheiros da Microsoft esconderam lá dentro – e o que isso pode revelar sobre a intenção da empresa com as futuras gerações do Xbox. Fizemos esta […]

Um ponto do novo Xbox One ainda chama bastante a atenção: o seu tamanho. Ele é grande. Grande o suficiente para fazer com que você se pergunte o que engenheiros da Microsoft esconderam lá dentro – e o que isso pode revelar sobre a intenção da empresa com as futuras gerações do Xbox. Fizemos esta pergunta para Leo del Castillo, gerente geral de desenvolvimento de console do Xbox.

Del Castillo, que entrou na equipe de desenvolvimento do Xbox em 1999, é um engenheiro elétrico que trabalhou em todos os aparelhos desde o primeiro modelo do Xbox. Ele foi responsável por supervisionar cada elemento da criação do Xbox One. Logo de cara, perguntamos se é verdade que o Xbox One foi desenvolvido para durar dez anos.

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“Não sei de onde veio isso”, ele disse, rindo. Mas, ao mesmo tempo, rumores como esse chegam perto da verdade. O Xbox One não é apenas o nome de um console. Ele é a primeira tentativa da Microsoft de criar um hub para a Internet das Coisas – ou, mais especificamente, para a Internet do Lar. “Ele quer viver na sala de estar”, explicou del Castillo. “Até certo ponto, ele precisa ser um pouco clandestino e se esconder no plano de fundo. Mas, ao mesmo tempo, ele tem que passar um sentimento de que o investimento foi válido.” O grande corpo preto do console reflete isso – não é para criar um objeto que vai ser a peça central do quarto de um adolescente, como as antigas gerações. Ele tem que ser silencioso o suficiente para famílias aceitarem a sua presença na sala de estar, e para que ele consiga substituir de tudo, do PC ao tocador de Blu-ray.

Isso aparece também nas entranhas do Xbox One, que aponta para as formas como a Microsoft espera que os consumidores usem a máquina. O console não é só grande para parecer despretensioso – ele é grande e plano por causa da sua enorme ventoinha. A equipe de design poderia ter usado uma ventoinha menor, mas elas fazem mais barulho e empurram a mesma quantidade de ar. Então a decisão foi de usar uma ventoinha maior para uma máquina mais silenciosa. “Para ser um produto viável, sabíamos que ele precisava ser silencioso”, del Castillo explica. “Sabemos que usuários realmente se importam com o barulho extra enquanto assistem a TV ou um filme.” Se o Xbox One for quieto, a Microsoft espera que ele ganhe espaço na sala de estar (diferentemente do absurdamente barulhento Wii U). Não é apenas para novas formas de jogar – é também para novas formas de usar.

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Foto via Wired

Mesmo mesmo as equipes mais experientes de design e engenharia não conseguem adivinhar a forma como os consumidores vão usar um novo produto – o que faz o Xbox One ser um grande experimento em user experience. O enorme e plano corpo do Xbox One pode incentivar pessoas a empilharem revistas e caixas de DVD em cima dele – o que causaria sobreaquecimento. E onde entra o Kinect, caso ele não se encaixe na estante da TV?

“Não podemos prevenir uso errado do produto”, explica del Castillo, “mas certamente podemos antecipá-lo” Isso graças a um novo software que consegue simular com precisão todas as formas como um dispositivo pode ser usado por jovens, preguiçosos ou apenas usuários burros. A equipe de engenharia usou dinâmicas de fluidos computacionais – que podem simular uma passagem realista do ar através de um modelo 3D – para descobrir por onde vão surgir os problemas.

Tudo, até o formato das lâminas da ventoinha, foi otimizado usando este modelo. Quando a equipe desenvolveu as melhores apostas no espaço digital, foi capaz de facilmente criar fisicamente usando modelos impressos em 3D. De acordo com del Castillo, o Xbox One é o primeiro console que vai sentir a temperatura e diminuir o consumo de energia a partir disso – junto com outros sistemas de prevenção de falhas. “Em uma situação onde um Xbox One tem um fluxo de ar comprometido, podemos perceber isso e começar ações remediais como rodar a ventoinha mais rápido”, ele explica. “Temos mais flexibilidade para controlar a energia no Xbox One do que tínhamos menos flexibilidade no 360.” De acordo com del Castillo, o Xbox One pode rodar a energia baixa a ponto de virtualmente não precisar de corrente de ar.

Outro desafio técnico que veio com a tentativa de colonizar a sala de estar? Vida útil. “TVs não são trocadas rapidamente”, explica del Castillo. “Na maior parte das vezes, quando você gasta muito em um produto de entretenimento, você espera que ele dure um tempo. Então, criamos um produto com longevidade.” O forte corpo de plástico do Xbox One elimina enfeites estéticos – como cores desnecessárias e LEDs – em troca de simplicidade e durabilidade. O objetivo é que ele seja colocado na sala e esquecido, e del Castillo confia que pode durar anos.

Apesar de todo o esforço e testes feitos no console, ainda há muita coisa desconhecida. Mas em relação a engenharia e design, o Xbox One é o mais próximo que um console já chegou de ser uma máquina onipresente de computação na sala de estar – apesar da revelação de ontem de que o Kinect não vai mais ser obrigatório quando ele for lançado.

Seja ele o console ideal para isso ou não, está claro que todos os futuros Xbox vão ser criados com esta ideia na cabeça, e em breve este enorme corpo preto do Xbox One será um dinossauro conforme os sistemas migrem para a nuvem e o hardware se torne totalmente desnecessário. O Xbox One ainda não está entre nós, mas está fazendo de tudo para ser o sistema “invisível” idealizado pela Microsoft. Ele pode ser, ao menos, um antecessor de um sistema totalmente integrado ao lar. A Microsoft está caminhando em uma estrada rumo ao lar – vamos ver agora se os consumidores vão se juntar a ela.

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