YouTubers estão putos depois de plataforma apagar vídeos que promoviam fraude acadêmica

O YouTube removeu “centenas” de vídeos que promoviam um serviço de escrita de redações e dissertações escolares chamada EduBirdie depois de uma investigação da BBC. A reportagem concluía que mais de 250 canais estavam anunciando a empresa que tem base na Ucrânia. • Brasileiros estão entre os usuários que mais denunciam vídeos impróprios no YouTube […]

O YouTube removeu “centenas” de vídeos que promoviam um serviço de escrita de redações e dissertações escolares chamada EduBirdie depois de uma investigação da BBC. A reportagem concluía que mais de 250 canais estavam anunciando a empresa que tem base na Ucrânia.

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De acordo com a BBC, a investigação descobriu mais de 1.400 vídeos com mais de 700 milhões de visualizações que promoviam a EduBirdie, com tópicos que cobriam “desde interesses como pegadinhas, videogames, moda e relacionamentos”.

Depois que a reportagem revelou os resultados da investigação, o YouTube avisou aos canais em questão que promover serviços de trapaças e fraudes era uma violação de suas políticas de “auxílios acadêmicos“, que proíbe especificamente serviços de cola e escrita de atividades. A empresa disse ainda que os vídeos com menções à EduBirdie seriam removidos se os criadores não os retirassem por conta própria.

Diversos YouTubers reclamaram que perderam muitos vídeos nesse processo de remoção, e vários disseram que alguns vídeos desapareceram. Um canal afirma que 138 de seus vídeos foram removidos. De acordo com a BBC, alguns afirmaram que estavam editando as publicações para remover a promoção quando os conteúdos foram derrubados:

Um canal, To Catch A Cheater, disse que 49 de seus vídeos – o equivalente a um ano de trabalho – desapareceram.

AldosWorldTv afirma que perdeu mais de 30 vídeos e questionou por que ele conseguiu publicar tantos vídeos contendo a publicidade.

TwinzTV, um canal de pegadinhas dos Estados Unidos publicou no Twitter que “o YouTube deletou 138 de nossos vídeos sem nenhuma explicação”.

Serviços de escrita de dissertações são legais, como a reportagem indicou, embora pessoas que forem pegas utilizando a artimanha podem sofrer severas sanções acadêmicas ou expulsões. E também pode ser algo perigoso: considere que esse tipo de fraude seja difundida em instituições como faculdades de medicina. Não há uma estimativa confiável que meça o quão comum é o uso desses serviços, embora esse tipo de negócio esteja em ascensão.

A investigação revelou que a EduBirdie estava pagando a publicidade diretamente para algumas personalidades do YouTube, às vezes especificando para que destacassem que a companhia oferecia “nerds super inteligentes” para fazer o trabalho “para se ter mais tempo livre para jogar videogame ou usar drogas”.

O site também prometia que as dissertações seriam totalmente originais e que não teriam conteúdo plagiado da internet. Alguns dos YouTubers que participaram do esquema tinham apenas 12 anos de idade.

“Acho que seja desprezível o fato de que esse tipo de organização esteja se aproveitando de jovens vulneráveis ao pedir que promovam algo que não é bom, não é ético”, disse à BBC Shakira Martin, presidente da União Nacional dos Estudantes do Reino Unido.

A EduBirdie enviou um comunicado à BBC mais ou menos admitindo que o esquema era verdadeiro, mas que a maneira como o serviço era promovido era culpa dos YouTubers e de sua “escolha criativa” para “apresentar a plataforma EduBirdie”:

No comunicado eles disseram que “não podemos nos responsabilizar pelo que influenciadores digitais falam em seus canais”.

“Damos aos influenciadores a total liberdade sobre como eles preferem apresentar a plataforma EduBirdie para sua audiência de maneira que sintam livres para serem mais relevantes aos seus espectadores”.

“Admitimos que muitos tendem a copiar a maneira com que alguns falam, com o foco de ‘contratar alguém para fazer a sua lição de casa’, mas é a escolha criativa de cada um”.

O único vídeo mantido no canal da EduBirdie explica como escrever a introdução de uma redação ou dissertação, embora seja na verdade um conteúdo que gostaram do canal de outro YouTuber.

O YouTube tem uma relação delicada com criadores, que muitas vezes alegam que o site mantém o poder total quando se trata de disputas sobre regras ou dinheiro, que a plataforma não tem medo de usar sua influência quando confrontado com reclamações e que geralmente não é transparente sobre o que está acontecendo nos bastidores.

Por exemplo, em 2016, o número de inscritos que estava desaparecendo do nada faz com que uma das principais personalidades da plataforma os acusasse de estar escondendo um erro técnico ou uma mudança de algoritmo. Recentemente, o site revelou novas regras para o tipo de conteúdo de se qualifica para monetização e uma subida de preços que foram anunciadas como uma maneira mais segura para que anunciantes legítimos continuassem colocando dinheiro na plataforma – no entanto, alguns viram a iniciativa como um pretexto para cortar pagamentos.

Às vezes o site é acusado de ser negligente. Com incontáveis bilhões de horas de vídeos subidas para seus servidores, é possível analisar manualmente todo o conteúdo. Então quando o YouTube se vê obrigado a prestar atenção a determinado tema – digamos que seja como a seção “YouTube Kids” tem sido inundada de conteúdos inapropriados para crianças – o problema tende a já ter saído do controle e as soluções viáveis sempre deixarão algum grupo insatisfeito. Isso assumindo de forma generosa de que o YouTube esteja interessado em resolver o problema.

É claro, YouTubers poderiam ter sido mais cuidadosos antes de abraçar um negócio relacionado com fraude acadêmica, assim como eles não deveriam anunciar drogas, curas milagrosas, documentos forjados, cigarros, armas e alguns golpes chamados “e-gold”, só para dar alguns exemplos. Eles poderiam também ter checado mais uma vez a seção que explica que promoções pagas precisam estar de acordo com as regras gerais de publicidade do YouTube, mas talvez a grana tenham os convencido de que valia a pena.

[BBC]

Imagem do topo: AP

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