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100 anos de fracasso: 10 tecnologias que nos prometeram mas nunca chegaram

No livro "Your Flying Car Awaits" (Seu carro voador o espera), o autor Paul Milo discute sobre "mordomos robóticos, férias lunares e outras previsões terrivelmente equivocadas do século XX". Eis aqui 10 calamitosos fracassos tecnológicos. Até as tecnologias que vieram à tona não têm nada a ver com suas versões originais.

No livro "Your Flying Car Awaits" (Seu carro voador o espera), o autor Paul Milo discute sobre "mordomos robóticos, férias lunares e outras previsões terrivelmente equivocadas do século XX". Eis aqui 10 calamitosos fracassos tecnológicos. Até as tecnologias que vieram à tona não têm nada a ver com suas versões originais.

Cidades sob domos
O arquiteto e visionário geral R. Buckminster Fuller acreditava que, um dia, as cidades em regiões frias poderiam ser encapsuladas dentro de domos geodésicos com temperatura controlada. Apesar de soar meio lelé, Fuller argumentou na década de 60 que um domo assim sobre a cidade de Nova York pagaria por si só em 10 anos, já que não haveria mais necessidade de remoção de neve. Além do controle de temperatura, os domos também deveriam conter filtros de germes que evitariam que as pessoas ficassem doentes.

A pílula alimentar e o sanduíche de alga
Nas décadas de 50 e 60, quando os especialistas achavam que a produção convencional de alimentos não seria capaz de acompanhar a produção de bebês (leia: Malthus), alguns acreditavam que precisaríamos nos valer de cápsulas industrializadas recheadas com todos os nossos nutrientes diários; o trabalho em cima de uma verdadeira pílula alimentar, em vez de simples suplementos vitamínicos, começou há mais ou menos 100 anos. Ou então, outra opção era termos de nos contentar com o gênero alimentício mais básico de todos: algas e plânctons. Um cientista acreditava que hoje todos nós teríamos tanques de algas nos nossos telhados. Outro achava que poderíamos enviar "baleias" robóticas para coletar a alga marinha dos oceanos.

O carro voador
Para os futuristas, esta é uma ideia antiga, mas muito boa. Em 1909, os visionários acreditavam que logo alguém seria capaz de combinar, como se fossem goiabada e queijo, o recém-inventado avião aos igualmente recentes automóveis. Há um século o carro voador tem sido uma daquelas inovações perenes de fundo de quintal, e apesar de alguns continuarem trabalhando em protótipos viáveis, não espere que o seu Volkswagen torne-se aéreo tão cedo. Apesar da NASA ter trabalhado um bocado na criação de uma "rodovia aérea", um corredor eletrônico no céu a ser usado por pilotos de pequenas aeronaves, a tecnologia ainda está nos estágios bastante preliminares.

A pílula do conhecimento
Cientistas da Universidade de Michigan, no início da década de 60, treinaram minhocas para que evitassem o choque elétrico, depoís notaram que outras minhocas ainda não treinadas repentinamente possuíam esta habilidade também após comerem suas primas mais sabidas. Achava-se então que as habilidades adquiridas eram mantidas no RNA, um semelhante químico do DNA que executa as funções genéticas nas células. Isto fez com que alguns especulassem que o conhecimento é mantido nos nossos corpos em forma comestível, chegando à bela conclusão de que, um dia, aprender espanhol seria tão fácil quanto comer uno o dos tabletes de hermanos.

Bombas nucleares para demolição e escavação
Na década de 50, quando as armas nucleares ainda eram novidade, havia um movimento para encontrar os tais "usos pacíficos para o átomo" — inclusive usar bombas atômicas como equipamento de escavação para projetos titânicos de construção. A ideia foi conhecida como "Project Plowshare" (Projeto Lâmina de Arado) e tinha o intuito de mostrar ao mundo que os EUA, à época preeminente potência nuclear, não tinha em mente a destruição global.

 

 

 

 

Oceanos feitos pelo homem
Ao final da década de 60, existiam planos para construir barragens ao longo do Rio Amazonas e escavar umas reservas de lá (possivelmente usando ogivas atômicas como as descritas acima) para criar um oceano interior que viria a cobrir boa parte da América do Sul. O projeto chegou a um estágio de planejamento razoavelmente avançado antes de ser abandonado pelos líderes das nações que seriam afetadas. Entre os muitos problemas encontrados neste planos: um engenheiro francês calculou que colocar muita água adiciona próximo à linha do Equador poderia desacelerar a rotação da Terra.

Colônias submarinas
Lá pela década de 60, engenheiros descobriram como economicamente extrair petróleo e outras riquezas minerais dos mares profundos. Alguns achavam que isto inevitavelmente levaria à criação das cidades submarinas semelhantes às californianas da época da Corrida ao Ouro, no século XIX, ou seja, comunidades inteiras que primordialmente abrigariam mineiros e, com o tempo, suas famílias. Uma inovação corolária era a criação de guelras artificiais que permitiriam que os residentes destas metrópoles respirassem debaixo d’água sem equipamentos volumosos. Em 1964, durante a Segunda Feira Mundial, sediada na cidade de Nova York, a General Motors patrocinou uma exibição para demonstrar estes lares submarinos que, logicamente, possuíam "carros marinhos" parados em seus estacionamentos aquáticos.

O carro que dirige sozinho
Hoje já devíamos todos ter a opção de tirar as mãos do volante e deixar que nossos carros se preocupem com a pilotagem. Na Feira Mundial de 1939 em Nova York, uma das exibições mostrava futuras vias expressas repletas de automóveis controlados por rádio a partir de uma torre central. Sessenta anos mais tarde, perto da cidade de São Diego, sul da Califórnia, engenheiros construíram uma "estrada inteligente" de demonstração que usava sensores e computadores para manter o tráfego fluindo. Com o advento do GPS, a avançada tecnologia de prevenção de colisões e carros capazes até de estacionar em paralelo sem assistência humana, esta é uma invenção que até poderemos de fato ver bem em breve.

O videofone
Uma combinação de telefone e televisão, engenheiros têm trabalhado nisto desde o fim da década de 1920, e até chegaram a construir protótipos nas cidades de Nova York e Washington. Mas por muito e muito tempo os custos eram proibitivos: mesmo após conseguirem fazer com que funcionasse, a empresa Bell Telephone ofereceu o serviço há 35 anos por pesadíssimos 90 dólares ao mês (lembre-se que isto era dinheiro de meados da década de 70, ou seja, uma fortuna atual). Outro problema: a própria pesquisa de mercado da Bell, datada do final da década de 50, revelou que as pessoas nem sempre querem ser vistas enquanto conversam ao telefone.

O cigarro seguro
Quando o Ministério da Saúde dos EUA declarou oficialmente, no início da década de 60, que os cigarros provocam câncer, as empresas de tabaco responderam com a tentativa de bolar um cigarro verdadeiramente seguro. Cientistas das empresas tentaram uma variedade de métodos, inclusive tentar identificar e filtrar as substâncias químicas; chegaram ao ponto de experimentar até alface fumável, mas a ideia foi um total fracasso e foi finalmente abandonada, seguida dos muitos processos bem-sucedidos contra as empresas de tabaco da década de 90.

O jornalista veterano Paul Milo é agora um escritor freelancer cujo trabalho é publicado no Wall Street Journal, Yahoo News, Beliefnet e na Editor and Publisher. Você pode comprar a sua própria cópia do seu divertido livro "Your Flying Car Awaits" por uns 10 dólares na Amazon.

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