48 mil brasileiros são hospitalizados anualmente por conta de incêndios na Amazônia

Estudo avaliou durante 16 anos quantos brasileiros são internados com doenças causadas por incêndios na Amazônia.

A poluição atmosférica é um problema de extrema relevância para o Brasil e a maioria das cidades do país não atendem o padrão de qualidade do ar estipulado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente. Apesar disso ser tratado como um problema ambiental, os danos causados pela exposição à má qualidade do ar têm impacto na saúde de toda a população. Estima-se que entre 2018 e 2025, 128 mil habitantes morrerão por conta da poluição. 

Algumas das causas da péssima qualidade do ar são os recorrentes e irresponsáveis incêndios florestais. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), o bioma teve 28 mil focos de incêndio somente no mês de agosto de 2021. Repito: 28 MIL FOCOS DE INCÊNDIO. 

Em um novo estudo publicado no The Lancet Planetary Health, liderado por Yuming Guo, e Shanshan Li, ambos da Escola de Saúde Pública e Preventiva da Monash University em Melbourne, Austrália, os pesquisadores avaliaram justamente essa relação: quais são os riscos de um brasileiro ser hospitalizado por conta das queimadas na Amazônia? Entre os anos 2000 e 2015, os cientistas analisaram mais de 143 milhões de hospitalizações em 1.814 cidades — abrangendo quase 80% da população brasileira durante o período. 

Para que a equipe pudesse medir os danos à saúde, os pesquisadores cruzaram dados de partículas finas relacionadas a incêndios florestais, chamadas de PM2,5, e o aumento no número de hospitalizações. Eles descobriram que diariamente havia um aumento de 0,53% nos casos relacionados aos poluentes vindos da queima das florestas. 

Isso parece pouco, mas ao colocar em parâmetro populacional, estamos falando de 35 a cada 100 mil pessoas. Ou melhor, 48 mil brasileiros hospitalizados anualmente com problemas causados pela poluição florestal. Os grupos mais afetados foram crianças até os nove anos e adultos com 80 ou mais. 

Guo disse à publicação que a fumaça desses incêndios podem subir cerca de dois mil quilômetros na atmosfera e viajar grandes distâncias, ameaçando outras regiões. Isso explicaria, por exemplo, como o sul e o sudeste lideram o ranking seguidos do centro-oeste, nordeste e norte do país. 

Onde tem fumaça, tem fogo

O especialista ressaltou que os achados revelam impactos significativos de incêndios florestais na saúde em um momento antes dos incêndios de 2019 em todo o Brasil chamarem a atenção global. Ele se refere àquele episódio que viralizou com #PrayForAmazonia no mundo inteiro. 

Incêndios são comuns durante o período de seca e podem ocorrer naturalmente no mundo inteiro. Nós vimos a Europa pegar fogo esse ano, por exemplo. Apesar disso, alguns especialistas acreditam que os incêndios no Brasil, são em grande parte, causados por atividade humana. 

E isso tem tudo a ver com desmatamento, já que o fogo é uma forma de limpeza do solo que será usado para plantio ou mesmo na pecuária. E se você levar em conta que 94% do desmatamento na Amazônia é ilegal, isso fica meio óbvio. Não é?

Apesar de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter prometido na Cúpula do Clima acabar com o desmatamento ilegal na região até 2030, isso está fora da nossa realidade. (Vide os números do mês passado).

Questão de saúde pública

Se você estiver pensando que o estudo avaliou somente doenças respiratórias, se enganou. Os pesquisadores descobriram que casos de asma, ataque cardíaco, derrame, diminuição da função pulmonar, e morte prematura também estavam ligados às partículas tóxicas.  

Além disso, um outro estudo do Comitê Ambiental do Fórum das Sociedades Respiratórias Internacionais revelou que a poluição do ar pode causar desde diabetes e demência até problemas de fertilidade e leucemia infantil. 

Quer mais um motivo para cuidar do meio ambiente? Um levantamento divulgado em janeiro deste ano pela WRI Brasil, com participação de 14 especialistas de diferentes áreas e instituições, apontou que até 2025 haverá mais de 69 mil internações públicas por conta da má qualidade do ar, e isso trará um custo de custo de R$126,9 milhões para o Sistema Único de Saúde. O ponto aqui é: o que falta para acabarmos com as queimadas ilegais na Amazônia e melhorar a qualidade do nosso ar?

[SciTechDaily]

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