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5% dos infectados por Covid mantêm perda de olfato e paladar

Perda do olfato e paladar a longo prazo em infectados por Covid é mais comum em mulheres, diz pesquisa publicada na BMJ. Confira outros dados do estudo

Imagem: Unsplash/Reprodução

A perda de olfato e paladar continua em quase 5,6% dos adultos infectados por Covid-19 no mundo –em especial as mulheres. É o que mostra uma pesquisa publicada pela revista científica britânica BMJ na quarta-feira (27). 

Segundo o estudo realizado pela Universidade Nacional de Singapura em parceria com instituições dos EUA e Reino Unido, a estimativa é que pelo menos 15 milhões de pessoas manifestem alguma deficiência olfativa a longo prazo depois de terem sido contaminadas com o vírus. 

A perda de paladar, por sua vez, deve afetar 12 milhões de pessoas por pelo menos seis meses após infectadas. A pesquisa não aborda quantas pessoas sofrem pelas duas coisas. 

Esses sintomas podem parecer simples, mas escondem um potencial impacto na saúde global, dizem os pesquisadores. O estudo aponta que a perda ou alteração no olfato e paladar tende a causar uma “angústia grave”.

Atividades cotidianas como cheirar café ou experimentar o sabor dos alimentos podem se transformar em atos “repugnantes e emocionalmente angustiantes”, diz a pesquisa. E dali vem o alerta: os sistemas de saúde precisam estar preparados para apoiar pessoas que se sentirem “isoladas” ao apresentarem estes sintomas. 

O que diz o estudo

Segundo a investigação, as mulheres são menos propensas a recuperar o olfato e o paladar que os homens. Além disso, pacientes que perderam o olfato completamente no início da infecção são os que menos recuperam o sentido após o fim do ciclo do vírus. Este sintoma também permanece aos que têm congestão nasal. 

Ao todo, foram revisados os dados de 18 estudos envolvendo 3.699 pacientes. Os pesquisadores selecionaram os pacientes que sofreram alteração de paladar ou olfato por pelo menos seis meses depois da infecção por Covid. 

Há, contudo, algumas limitações na pesquisa. Os estudos analisados têm como base o autorrelato –ou seja, dependem do que dizem os pacientes sobre seus próprios sintomas. Isso, segundo os pesquisadores, pode sugerir que o verdadeiro número de disfunção olfativa é, na verdade, ainda maior. “[Os relatos] podem superestimar a recuperação”, diz o artigo. 

O mais comum é que a maioria que perde olfato e paladar durante a infecção por Covid recupere esses sentidos após três meses. “Ainda assim, um grande grupo de pacientes pode desenvolver uma disfunção duradoura que requer identificação oportuna, tratamento personalizado e acompanhamento de longo prazo”, conclui o estudo. 

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