5G só deve chegar em 2022, diz Marcos Pontes, ministro da Ciência

Enquanto países como China, EUA, Reino Unido e até o Uruguai já estão bastante avançados na implantação do 5G, no Brasil ainda não tivemos nem sinal dele (com o perdão do trocadilho). O leilão das frequências, que já esteve previsto para 2019, não deve sair antes de 2021, e a tecnologia só deve dar as […]
Foto: Neila Rocha/MCTIC

Enquanto países como China, EUA, Reino Unido e até o Uruguai já estão bastante avançados na implantação do 5G, no Brasil ainda não tivemos nem sinal dele (com o perdão do trocadilho). O leilão das frequências, que já esteve previsto para 2019, não deve sair antes de 2021, e a tecnologia só deve dar as caras em 2022. Quem diz isso é o ministro Marcos Pontes, da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Em entrevista para a Folha e para o UOL, Pontes também falou sobre Capes, CNPQ, Inpe, desmatamento, Base de Alcântara, terraplanismo e movimento antivacina. Só faltou falar de cinema.

Sobre o 5G, Pontes disse que há um entrave técnico, pois pode haver interferência do sinal das antenas parabólicas de TV em uma das frequências escolhidas pela Anatel. Por isso, o ministro diz que é necessário haver um “plano de mitigação”, e que um projeto piloto só deve ocorrer entre o fim de 2021 e o início de 2022. O leilão, segundo Pontes, deve ficar mesmo para 2021.

Como algumas pessoas notaram, é também uma forma de o Brasil não tomar partido nas brigas entre EUA e China — a Huawei é uma grande fornecedora de infraestrutura de telecomunicações.

O ministro também rechaçou a ideia de fundir a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior, ligada ao Ministério da Educação) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, ligado ao MCTIC), que havia sido proposta pelo MEC em 2019.

Pontes argumenta que são órgãos com fins diferentes e, por isso, sistemas diferentes. “A Capes trabalha com a formação de profissionais, na pós-graduação. E o CNPq, com pesquisas”, explica. Ele também disse que o assunto já está ultrapassado, mas sempre volta às discussões, e que explicou a questão para o pessoal da Economia.

Ainda sobre a ciência brasileira, Pontes reconhece que o orçamento “não é alto e precisa melhorar” e que 2020 também será um ano de aperto. Mesmo assim, há orçamento completo para as bolsas. Por outro lado, os recursos para fomento estão bem mais baixos.

Pontes também disse que a operação do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, é do Comando da Aeronáutica, e que os lançamentos de foguetes dos EUA serão um serviço comercial oferecido. “A influência dos Estados Unidos ali é zero”, diz. Pontes também argumenta que há áreas restritas para que a tecnologia nacional não seja roubada.

O ministro também prevê que outros países sejam clientes — ele só mencionou nominalmente o Japão. Ele ainda menciona a criação ainda em discussão de uma empresa pública, a Alada, para gerenciar a base.

Sobre o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que ficou no centro de uma crise com o governo de Jair Bolsonaro por causa da divulgação do aumento dos alertas de desmatamento, Pontes classifica o episódio como “um problema de comunicação”. O ministro afirma ainda que pretende ampliar a atuação do Inpe em 2020 e que o futuro é “muito mais brilhante”. Dados divulgados em novembro confirmaram o maior desmatamento da década na Amazônia.

O ministro também falou de dois negacionismos que estão em alta: o terraplanismo e o movimento antivacina. Ele disse que ambos tem que ser combatidos, e confirmou que a Terra é redonda. “Não é plana, eu vi de fora”, disse o único brasileiro a ter ido ao espaço.

Você pode assistir à entrevista do ministro na íntegra no vídeo abaixo.

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