A definição perfeita desta maldita vida digital

O ilustrador brasileiro Felipe Luchi fez esta ilustração para a revista Go Outside. É a definição perfeita da nossa vida digital. Eu sei que não era culpa do telefone. A tecnologia não deve ser culpada. Nós devemos. Foi-se o tempo que os humanos tinham tempo e paciência para aproveitar outras coisas da vida. Eu posso […]

O ilustrador brasileiro Felipe Luchi fez esta ilustração para a revista Go Outside. É a definição perfeita da nossa vida digital.

Eu sei que não era culpa do telefone. A tecnologia não deve ser culpada. Nós devemos. Foi-se o tempo que os humanos tinham tempo e paciência para aproveitar outras coisas da vida. Eu posso soar como um velho chato, mas eu lembro disso. A gente parava e conversava com os outros. Brincávamos nas ruas e nos campos. Encontrávamos aventuras. Inventávamos aventuras. E não apenas crianças. Adultos também. E as coisas não são mais assim.

Em vez de usar tablets e telefones como ferramentas de fortalecimento, nós estamos tornando-os cada vez mais em prisões que consomem nosso tempo e atenção. Por eles conseguimos acessar várias ilhas de informação, mas é um tipo de informação perdida em um mar de lama. Nós escolhemos mergulhar, e então fica difícil sair. Esses dispositivos nos permitem criar uma conexão permanente com nossos amigos, parentes e pessoas que amamos. Isso é ótimo, de certa forma. O lado ruim é que colocamos muita importância na questão digital, escolhendo ignorar o mundo que está em nossa volta.

Os dispositivos foram feitos para ser janelas, e nós insistimos que eles sejam paredes; eles cercam nossas vidas e escondem a realidade. Tornam-se lentes pelas quais nós literalmente vemos o mundo que está à frente dos nossos olhos. Quantas vezes você não viu alguém parado em frente a algo impressionante, mas olhando para a tela do telefone? Uma inauguração presidencial, festa de aniversário, um show, um jogo de futebol. O tráfego de celulares dos assinantes da AT&T dentro do Superdome no domingo, onde o Superbowl aconteceu, foi “um recorde de 388GB – 80% mais do que ano passado.” Estas pessoas pagaram milhares de dólares para ver o evento ao vivo, e ainda assim acabaram assistindo o show da Beyoncé através de uma tela. Por quê?

Também sou culpado. E sim, é um antigo cliché ludista – mas estou me cansando disso. Nós não podemos continuar experienciando a vida através de terminais no lugar dos nossos próprios sentidos. Devemos fazer algo em relação a isso. O que eu sei é que eu vou fazer. E você também pode. Mas não abandonando a internet e os telefones e computadores totalmente. Isso é exagerado demais.

Não é assim. Mas talvez a gente tenha que tentar ser um pouco mais sensível em relação a isso – como com qualquer outra substância viciante. Eu gosto de um bom uísque, mas não preciso beber três garrafas todos os dias. Posso fazer o mesmo com telefones e tablets. Brincar mais com Lego. Tocar piano. Sair de casa. Não usar o telefone quando estiver perto de outras pessoas. Ler. Andar. Ir ao cinema. Criar algo com as minhas próprias mãos. Tornar real.

Essas são as coisas que eu já faço, mas que preciso fazer ainda mais. Eu quero ser ainda menos conectado ao mundo virtual e mais conectado ao mundo real. Ler menos tweets e atualizações do Facebook, ver menos Instagram e não assistir a tantos vídeos estúpidos. Isso significa conseguir mais controle de volta. Mais autocontrole. Eu já fiz isso antes e me senti bem. Agora preciso me prender a isso. Talvez dois meses sabáticos sejam um bom começo.

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