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A diferença entre vender apps no iOS e no Android

O desenvolvedor Marco Arment criou o famoso serviço Instapaper, que guarda páginas da web para você ler depois, no computador, e-reader ou dispositivo com iOS. Há um app do Instapaper para iPhone e outro para iPad: há uma versão gratuita com propagandas para iPhone, e outra paga para iPhone e iPad. Marco resolveu tirar a […]

O desenvolvedor Marco Arment criou o famoso serviço Instapaper, que guarda páginas da web para você ler depois, no computador, e-reader ou dispositivo com iOS. Há um app do Instapaper para iPhone e outro para iPad: há uma versão gratuita com propagandas para iPhone, e outra paga para iPhone e iPad. Marco resolveu tirar a versão gratuita da App Store, e o que aconteceu? Ele ganhou mais dinheiro do que antes. Isso revela como ganhar dinheiro o suficiente com apps gratuitos é difícil – e como é diferente vender apps no iOS e no Android.

Marco diz que o que ele perdeu em propaganda, por ter tirado a versão gratuita do ar, foi mais do que compensado pelas pessoas que compraram o app. Para ele, vale mais a pena vender só um app pago que oferecer uma versão gratuita, com menos recursos, e outra paga e completa. Inclusive, vale destacar que o app para iPad nunca foi gratuito, e mesmo assim praticamente ninguém pediu para ele uma versão gratuita para iPad.

Custando US$5, o app é caro, mas Marco diz não ser um problema: “eu não preciso que toda pessoa com um dispositivo iOS compre meu app – eu estaria bem se apenas 1% deles comprasse”. E ele se pergunta: será que eu quero me dedicar a clientes que não estão dispostos a pagar por nada? É por isso que ele nem pensa em criar um Instapaper pro Android.

Ganhando (pouco) dinheiro no Android

A desenvolvedora Soledad Penadés fez um experimento semelhante ao de Marco. Ela criou o app GPS Capture, para coletar com o GPS as coordenadas de onde ela ia. (O Google tem app para isso, o My Tracks, mas ele pode gravar dados errados, segundo Soledad). Ela resolveu lançá-lo em uma versão gratuita com propaganda, e outra paga, por £0,50 (cerca de R$1,30). O resultado? Ela ganhou no total só US$1,30 com propagandas, poucos usuários se interessavam pelos anúncios, e a conta dela da AdMob foi fechada sem motivo aparente.

Se propagandas não funcionarem, vender apps para Android também pode não dar muito certo. O desenvolvedor James Englert conta ao New York Times que ganha só de US$1 a US$2 por dia vendendo um app simples, que mostra os horários de trens nos EUA. Apesar de o Android ser a plataforma que mais vende no mundo, ganhar dinheiro com apps para Android ainda é difícil.

Propaganda nos apps

Os usuários do Android inegavelmente preferem apps gratuitos: o Android agora é a maior plataforma com apps de graça. O trabalho de criar e atualizar um app tem seus custos – alguém precisa pagar a conta. Se você não cobra pelo app no Android Market, o jeito é colocar propagandas. (Mesmo que você cobre por apps, alguns países não têm acesso ao Google Checkout – era o caso do Brasil até alguns meses atrás.)

Às vezes essas propagandas rendem um bom dinheiro. A maior história de sucesso é a Rovio, que faz o Angry Birds: mesmo sem cobrar um centavo pelos jogos no Android, eles estão ganhando quase tanto dinheiro com propagandas no Android que com vendas no iOS. Mesmo desenvolvedores pequenos podem ganhar uma boa grana: com seis apps no Market, um desenvolvedor ganhou US$4.000 em seis meses. Só que isto nem sempre acontece. Aliado aos outros problemas do Android – como fragmentação e desorganização no Market – às vezes pode valer a pena não desenvolver para o robozinho. É o que Marco Arment faz.

Google faz algo a respeito

Mas o Google sabe desses problemas e quer resolvê-los: a empresa já deu um primeiro passo contra a fragmentação, e “não está contente” com as vendas baixas no Market. O Google deve implantar, este ano, recomendações de apps mais precisas e pensa em divulgar melhor os principais apps. Além disso, eles querem implementar o pagamento de apps direto na conta do celular, pelo menos nos EUA. Eles já permitem pagamento dentro do app (mas só usando cartão de crédito via Google Checkout) e expandiram o Checkout para vários países – inclusive o Brasil.

Espero que o Android ofereça bons incentivos aos desenvolvedores: o fator decisivo de uma plataforma móvel são os apps que ela oferece.

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