A morte da marca GVT

A Telefônica pagou R$ 22 bilhões para ser a dona da GVT, no que foi o maior acordo de fusões e aquisições no Brasil durante o ano passado.

A Telefônica pagou R$ 22 bilhões para ser a dona da GVT, no que foi o maior acordo de fusões e aquisições no Brasil durante o ano passado. O que ela planeja fazer com a empresa? Integrá-la a ponto de sumir com a marca, é claro.

Isto foi revelado por Amos Genish, presidente da Vivo desde março e ex-CEO da GVT, em entrevista à Exame. A ideia inicial era manter a GVT como uma empresa independente por três anos, mas ele quer acelerar a integração com a Vivo:

Desde que cheguei, deixei claro que não sou mais da GVT. Houve até uma discussão sobre marcas nesse novo plano — algumas pessoas queriam contratar consultorias para avaliar se valia a pena manter algo da GVT. Eu falei que não precisa, não existe mais GVT, vamos usar só Vivo.

É muito dolorido, algumas pessoas vinham brigar comigo. Eu disse a elas: como eu construí esse nome, também tenho o direito de matar a marca.

Em outubro, o então presidente da Vivo, Antônio Carlos Valente, dava a entender que a marca GVT continuaria a existir: “a marca é muito valorizada e teremos que gerenciar isso com a visão dos clientes”. Ele saiu do cargo e os planos aparentemente mudaram.

Concorrência

Genish está bastante interessado em concorrer com a NET, especialmente nas áreas de banda larga e TV por assinatura. Após a aquisição da GVT, a Telefônica passou a liderar o mercado de banda larga com 31% dos clientes, contra 30% da Oi e 30% da NET, segundo o relatório anual de 2013 da Anatel.

No caso da TV paga, a NET ainda é líder disparada, com 54% do mercado. A Sky está em segundo lugar, com 30%. Vivo e GVT têm, juntas, 7%.

Segundo dados da Anatel, a GVT é bem avaliada pelos serviços de banda larga fixa, mas não em telefonia ou TV. Já a Vivo é listada como uma das piores operadoras nessas três áreas.

Na entrevista à Exame, Genish diz que planeja modernizar a rede de fibra óptica, especialmente em São Paulo, e realizar mais investimentos na Vivo. “Queremos que os brasileiros tenham o mesmo [nível de qualidade] que os clientes alemães, ingleses ou coreanos. É possível fazer isso em três anos”, diz o executivo.

Ainda este ano, a Vivo planeja lançar pacotes integrando celular, telefone fixo, banda larga e TV por assinatura. No ano que vem, esses pacotes terão uma conta única e serão atendidos pelo mesmo call center. A Vivo quer economizar cerca de R$ 1,2 bilhão por ano em sinergias.

Acordos

Como a aquisição afeta os clientes? Bem, mesmo com o fim da marca GVT, a Telefônica terá que manter as ofertas e os serviços que ela oferece atualmente. As duas empresas também não poderão reduzir a cobertura geográfica da banda larga, TV por assinatura e telefonia fixa por pelo menos três anos.

Além disso, GVT e Telefônica se comprometeram a manter a velocidade média para clientes atuais em pelo menos 15,1 Mbps por no mínimo três anos. No estado de São Paulo, a média deve ser de 18,25 Mbps.

Tudo isso faz parte de acordos firmados com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão que defende a concorrência no Brasil, e foram necessários para que a aquisição fosse aprovada.

Em setembro, Genish disse à Exame que vendeu a GVT – empresa que ele próprio fundou há quinze anos – porque “o ciclo da GVT independente no Brasil terminou”. A operadora precisaria apostar forte em redes celulares, mas isso seria difícil. A Vivo é a maior operadora brasileira de telefonia móvel. [Exame]

Foto por Luis Wilker P. de Almeida/Flickr

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