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Um novo acordo prevê reduzir o consumo desenfreado de energia das criptomoedas

Empresas do setor privado e ONGs querem tornar a energia usada na mineração de criptomoedas mais sustentável.

Imagem: Dmitry Demidko/Unsplash

Imagem: Dmitry Demidko/Unsplash

O aumento no uso das criptomoedas tem levantado questões relacionadas ao meio ambiente. Acontece que processar as moedas virtuais e suas transações consome uma quantidade massiva de energia — mais até do que países inteiros. E, agora, um acordo recém anunciado prevê diminuir o impacto ambiental do bitcoin, Ethereum e outras criptomoedas.

Batizado de “Acordo de Criptomoedas Sobre o Clima”, ele é liderado por empresas do setor privado e não tem envolvimento do governo. Entre as companhias que participam da iniciativa está a empresa de criptomoedas Ripple, o conglomerado de tecnologia blockchain Consensys e o milionário e defensor do clima Tom Steyer.

Entre os principais objetivos do acordo está a transição de todas as cidades do modelo de energia atual para energia renovável até 2030 (ou antes disso); zerar as emissões relacionadas à criptografia por moedas até 2040; e desenvolver um padrão de contabilidade de código aberto para medir constantemente as emissões geradas pela indústria de criptografia. Além disso, o acordo espera a criação de um software que possa verificar quanta energia renovável um blockchain utiliza para movimentar as moedas digitais.

Em entrevista ao The Verge, o diretor comercial da ONG Energy Web Foundation, Jesse Morris, afirma que a ideia é tornar as criptomoedas em um recurso mais sustentável e verde. “Eu tenho conversado com pessoas do ecossistema bitcoin, e é um argumento muito simples: se pudermos torná-lo mais verde, será muito mais fácil e menor o risco para outras organizações comprarem mais bitcoin”, declarou. A entidade também assinou o acordo.

Pode dar certo?

As metas são ambiciosas, mas prováveis de saírem do papel a curto prazo ou resultem em mudanças significativas. O bitcoin sozinho tem aproximadamente a mesma emissão de carbono que Hong Kong, enquanto as emissões anuais de Ethereum são equivalentes com as da Lituânia. E como as criptomoedas parecem ser um caminho sem volta, a tendência é que esse consumo desenfreado cresça ainda mais nas próximas décadas.

O bitcoin, por exemplo, responde por mais da metade de toda a capitalização de mercado das criptomoedas, e é alimentado por dezenas de máquinas que mineram as transações financeiras. Cada máquina consome quantidades expressivas de energia para resolver soluções matemáticas que ficam cada vez mais difíceis com o passar do tempo. Por isso, não é possível aplicar conceitos de energia renovável às criptomoedas, pois não tem o que reaproveitar.

A preocupação de cientistas e pesquisadores da área é que, em algum momento, o consumo de energia elétrica das criptomoedas seja tão alto que a demanda de eletricidade não consiga atender às necessidades da tecnologia. Dessa forma, as empresas poderiam recorrer a combustíveis fósseis da natureza, prejudicando ainda mais o meio ambiente.

Segundo os organizadores do acordo de criptografia, a ideia é limpar as fontes atuais de energia e aumentar sua eficiência energética para combater as mudanças climáticas. Os objetivos do acordo devem ser finalizados em novembro, quando está prevista uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima.

[Crypto Climate Accord, The Verge]

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