Adolescentes podem não ser tão alheios à qualidade sonora quanto imaginávamos

A sabedoria popular diz que pessoas, especialmente as mais novas, deixaram de apreciar o som profundo, rico e nítido que as gerações anteriores viam como o santo graal. Entretanto, a sabedoria popular nem sempre está correta. Um novo estudo indica que a audição dos jovens está normal, que eles preferem o som de música lossless ao […]

A sabedoria popular diz que pessoas, especialmente as mais novas, deixaram de apreciar o som profundo, rico e nítido que as gerações anteriores viam como o santo graal. Entretanto, a sabedoria popular nem sempre está correta. Um novo estudo indica que a audição dos jovens está normal, que eles preferem o som de música lossless ao invés de MP3, e alto-falantes com resposta de frequência plana ao invés daqueles que distorcem o som para intensificar baixo ou outras frequências.

Essa indiferença sobre a qualidade do som é generalizada a ponto de estar por todo lugar, por assim dizer – ou talvez seja apenas uma daquelas profecias que todos nós ajudamos a concretizar ao acreditar que é verdade. Um rapper que eu conversei nos bastidores da CES alguns anos atrás (Akon) me contou que ele remixa seus álbuns para um único, pequeno, mono alto-falante de celular, uma demonstração perfeita deste ciclo de miséria sonora. As pessoas escutam em fones de ouvido e alto-falantes de má qualidade, ou assim se acredita, então os produtores devem mixar pra eles – da mesma maneira que eles costumavam usar aparelhos de som automotivos em consideração. O resultado é então ainda mais deteriorado por algoritmos de compressão com grande perda tal qual MP3 e ninguém se importa.

Ei, vamos com calma.

Primeiro algumas ressalvas. Este estudo (.pdf) foi conduzido pela Harman, que é uma fabricante de alto-falantes e definitivamente tem algum interesse nessa história. Além disso, ela pegou uma amostra de apenas 18 estudantes do Ensino Médio de Los Angeles: 13 meninos e 5 meninas. Ainda assim, o estudo parece ter sido conduzido com um bom nível de rigor – testes cegos, randomizados, consistindo em doze experimentos de 30 minutos para a parte do estudo do MP3 versus lossless e quatro experimentos para o teste do alto-falante.

Os resultados são claros: Estes jovens não apenas podem distinguir entre o som bom ou ruim, mas também preferem o bom – e quando fazem isso, eles fazem com muito mais convicção do que quando dizem preferir o som deteriorado.

Estes estudos entram em clara contradição com um estudo de oito anos de Jonathan Berger da Universidade de Stanford citado no The New York Times e outros, que diziam que jovens não apenas não se importavam com a boa qualidade do som – alguns até preferiam que ele estivesse deteriorado.

Como o próprio estudo da Harman aponta, música comprimida com em taxas altas usando tecnologia de compressão moderna como AAC é muitas vezes indistinguível da versão de qualidade de CD lossless. Então seu teste comparou MP3s 128 Kbps com a versão em qualidade de CD. E não precisava ser um CD físico, é claro. Arquivos digitais lossless têm também qualidade de CD e AACs com 256 Kbps parecem com som de CD para a maioria das pessoas.

Em outras palavras, o ponto aqui não é CD versus arquivos digitais; é sobre som bom versus som ruim.

De modo geral, esses jovens que fizeram os testes parecem preferir som sem muita compressão e alto-falantes com uma resposta de frequência plana. Entretanto houve uma diferença “significativa” na habilidade de cada indivíduo discernir essas diferenças, indicando que algumas pessoas simplesmente não conseguiam ouvir a diferença, enquanto era muito mais clara para outras (talvez aqueles que cuidam bem de seus ouvidos).

O teste também verificou se os jovens sabiam dizer a diferença entre alto-falantes, fazendo quatro testes. Nós não entraremos em detalhes, especialmente porque a Harman Kardon descobriu que as pessoas preferiam os alto-falantes Infinity que ela fabrica. Como muitos estudos, este parece ter saído conforme o desejo das pessoas que pagaram por eles. Mas o que é interessante é que todos que participaram do teste preferiram o “o alto-falante com as curvas de resposta de frequência mais amplas, planas e suaves,” além de preferirem áudio sem compressão.

A noção de que ninguém mais se importa com qualidade de som parece mais com um caso de sabedoria popular falsa, pelo que este estudo mostra.

Claro, o teste não perguntou para os jovens se eles estariam dispostos a gastar dinheiro ou alterar seu comportamento para ter acesso a uma melhor qualidade de som, que é o teste que produtos de áudio high-end enfrentam no mundo real. (Por exemplo, nós achamos que vale a pena gastar mais de U$100 em fones de ouvido…mas você concorda com isso?)

E aquela noção de que os jovens de hoje preferem o som “crepitante” de MP3, que perde frequências altas e baixas e algumas outras informações, frequentemente resultando em percussões distorcidas? Ou a ideia que eles preferem alto-falantes com uma resposta de frequência alterada, como os do meu carro novo que parecem desbalanceados e favorecendo mais o baixo?

Este estudo “não encontrou evidências” que apoiem nenhuma dessas teorias.

[productionadvice.co.uk]

O Evolver.fm observa e analisa o cenário de apps musicais, acreditando que eles são cruciais para a maneira como os humanos experimentam a música e como esta experiência está evoluindo.

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