Ciência

Afinal, pode ou não pode lavar o frango antes de cozinhar

Apesar de ser uma prática comum em algumas culturas, a prática de lavar o frango pode representar riscos à saúde
Imagem: Condor/Reprodução

A prática de lavar o frango antes de prepará-lo é comum em diversas culturas, mas lavar a carne crua não é apenas uma opção de gostar ou não. Estudos científicos e autoridades sanitárias indicam que a prática pode aumentar os riscos à saúde.

O principal problema é que o frango cru pode conter bactérias como Salmonella e Campylobacter, que causam infecções alimentares. A grande questão é que, quando a pessoa lava o frango na pia, as gotas de água contaminadas podem espalhar bactérias por até um metro de distância.

Assim, essas bactérias podem atingir superfícies como utensílios, bancadas e outros alimentos. Esse processo, chamado de “contaminação cruzada”, aumenta o risco de infecções. Isso mesmo se a pessoa cozinhar o frango adequadamente depois.

“Lavar carnes, especialmente a de frango, na pia da cozinha pode espalhar potenciais patógenos no ambiente. Representando uma prática de risco”, explicou o professor de Microbiologia de Alimentos da USP (Universidade de São Paulo) Uelinton Manoel Pinto.

E o frango depois de cozinhar é seguro?

O cozimento é suficiente para eliminar essas bactérias, desde que o frango atinja uma temperatura interna de pelo menos 74°C, de acordo com o recomendado por órgãos como o Ministério da Saúde e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Portanto, lavar o frango não contribui para a eliminação de microrganismos prejudiciais que podem ter se espalhado pela cozinha da pessoa, já que a higienização só é garantida pelo calor.

Aliás, as autoridades sanitárias, incluindo a Anvisa no Brasil e o USDA, orientam que o frango cru deve ser manuseado diretamente do pacote para a panela ou assadeira, evitando contato com outros alimentos.

Após o manuseio, a recomendação é lavar as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos. Além disso, é importante higienizar todas as superfícies e utensílios que tiveram contato com o frango cru.

Pesquisas apontam que a crença na necessidade de lavar o frango muitas vezes está ligada a fatores culturais. Ela está ligada à percepção de que a carne precisa ser “limpa”.

Um exemplo é um estudo realizado pelo Centro de Pesquisas em Alimentos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. A pesquisa analisou as medidas de higiene, manipulação e armazenamento de alimentos com 5 mil pessoas de todos os estados brasileiros.

Cerca de 46,3% dos participantes disseram ter o hábito de lavar carnes na pia da cozinha. Além disso, 24,1% costumam consumir carnes malcozidas e 17,4% consomem ovos crus ou malcozidos em maioneses caseiras e outros pratos. No entanto, os especialistas reforçam que essa prática não traz benefícios práticos em termos de segurança alimentar e pode, na verdade, aumentar os riscos.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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