Airbnb vai abrigar 20 mil refugiados afegãos após Talibã tomar o Afeganistão

O CEO da empresa ainda cobrou outras companhias para fornecerem ajuda aos refugiados que estão deixando o país tomado pelo Talibã.
Um soldado dos EUA vigia civis em um centro de processamento para refugiados afegãos em Chantilly, Virgínia. Imagem: Joshua Roberts (Getty Images)

O Airbnb anunciou nesta terça-feira (24) que vai disponibilizar gratuitamente acomodações temporárias para 20 mil refugiados afegãos que fogem da quase completa tomada do Talibã no Afeganistão, logo após a retirada das forças armadas dos Estados Unidos. A iniciativa já entrou em vigor.

Brian Chesky, CEO do Airbnb, publicou um tweet afirmando que, embora a empresa esteja pagando pelas estadias, “não poderíamos fazer isso sem a generosidade de nossos anfitriões”, o que significa que os locais usados para abrigar os refugiados foram cedidos pelos próprios usuários. “O deslocamento e reassentamento de refugiados afegãos nos EUA e em outros lugares é uma das maiores crises humanitárias de nosso tempo. Por isso, sentimos a responsabilidade de dar um passo à frente”, disse o executivo.

Em comunicado, o Airbnb disse que os custos estão sendo cobertos pelo próprio Chesky com a ajuda da organização sem fins lucrativos 501(c)(3)Airbnb.org, que anteriormente fornecia moradia para vítimas de desastres e profissionais de saúde durante a pandemia de Covid-19. A ONG também solicitará doações para seu Fundo para Refugiados, e está trabalhando com agências de reassentamento e outros parceiros para identificar aqueles que precisam de moradia.

Procurado pela equipe do Gizmodo por e-mail, o Airbnb não informa por quanto tempo fornecerá moradia gratuita ou cobrirá os gastos. No entanto, a empresa escreveu no comunicado que, desde o fim de semana passado, já forneceu “moradia segura” a 165 refugiados do Afeganistão “logo após pousarem nos EUA”.

Desde 2012, o Airbnb forneceu acomodações para cerca de 75 mil pessoas necessitadas. “Espero que isso inspire outros líderes empresariais a fazer o mesmo. Não há tempo a perder”, declarou Chesky.

A empresa, que operava no Afeganistão durante a ocupação dos Estados Unidos e ainda tinha um pequeno número de listagens no país até esta terça-feira, não é a única a oferecer ajuda durante a crise que aflige a região. Como informa a Reuters, a operadora Verizon anunciou que planeja não cobrar ligações feitas para o Afeganistão até 6 de setembro, enquanto o Walmart está doando US$ 1 milhão para instituições de caridade para apoiar refugiados afegãos.

Crise humanitária no Afeganistão

O Talibã, um grupo militante islâmico ultrarreacionário originalmente apoiado pela CIA e pela agência de inteligência inter-serviços do Paquistão para lutar contra os soviéticos durante a Guerra Fria, controlou o Afeganistão de 1996 a 2001, quando foram depostos pelos EUA após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 por fornecerem refúgio à rede terrorista Al-Qaeda. Mesmo estando 20 anos longe do poder, o Talibã nunca esteve nem perto de ser destruído, e continuou lutando tanto contra a coalizão liderada pelos EUA que ocupava o país quanto pelas forças de segurança comandadas pelo governo afegão apoiado pelos EUA.

Com a promessa de colocar um fim à ocupação norte-americana no Afeganistão, o presidente Joe Biden, até agora, optou por cumprir um acordo firmado com o grupo extremista sob a administração de Donald Trump para retirar todas as tropas americanas. Apesar das garantias propostas por Biden, o governo afegão ofereceu pouca resistência e deixou de existir. O que restou foram pequenos grupos isolados da resistência, à medida que as forças do Talibã consolidaram o controle do país em poucas semanas.

Os 20 anos desastrosos de ocupação dos EUA se estenderam por quatro administrações presidenciais, causando milhares de mortes e danos econômicos e sociais incalculáveis. De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas, ao menos 2,5 milhões afegãos precisaram abandonar o país nas duas últimas décadas. A única parte do Afeganistão onde as forças militares dos EUA permanecem estacionadas é o aeroporto de Cabul — atualmente a única rota de escape da região sem passar pela opressão do Talibã, que controla as fronteiras terrestres.

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O Talibã anunciou que, embora assegure a saída de estrangeiros, não permitirá que cidadãos afegãos cheguem ao aeroporto. Além disso, o grupo se opõe a qualquer evacuação contínua depois do dia 31 de agosto.

Na última terça-feira (24), a rede CNBC afirmou que o governo Biden evacuou ou ajudou a retirar cerca de 58,7 mil pessoas do Afeganistão desde 14 de agosto; só entre esta segunda e quarta-feira, foram 21,6 mil pessoas transportadas por avião. Segundo o Washington Post, Biden disse aos líderes do G-7 que acredita que a evacuação será concluída até o final deste mês, mas que a data final pode mudar, caso seja necessário.

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