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Alemanha e Japão relatam primeiros casos de coronavírus em pessoas que não visitaram a China; Brasil tem nova suspeita

Alemanha e Japão relataram os primeiros pacientes do coronavírus que não visitaram a China. O Brasil, por sua vez, investiga uma possível infecção em uma paciente de 22 anos em Belo Horizonte, que foi à Wuhan, epicentro do surto.

Homem se protege do coronavírus com máscara no rosto e óculos de natação enquanto usa o celular

Passageiro usa óculos de natação e uma máscara facial enquanto espera dentro da estação de trem que liga Hong Kong à China continental em 28 de janeiro de 2020. Foto: Getty

Alemanha e Japão notificaram os primeiros casos do novo coronavírus em pessoas que não visitaram a China recentemente. Os anúncios, feitos nesta terça-feira (28), somam-se aos mais de 4,5 mil casos de infecções pelo 2019-nCoV ao redor do mundo, além de 106 mortes.

A primeira pessoa a contrair o coronavírus na Alemanha, segundo o veículo estatal alemão DW, o recebeu de uma “colega chinesa” enquanto os dois participavam de um treinamento de trabalho no estado da Baviera há uma semana. O paciente de 33 anos, da cidade de Starnberg, a cerca de 30 quilômetros de Munique, foi infectado por uma mulher que esteve recentemente em Wuhan para visitar seus pais. O homem, um funcionário da fornecedora de peças automotivas Webasto, está em um “bom estado de saúde”, relata a DW.

No Japão, um homem na casa dos 60 anos também contraiu o novo coronavírus, de acordo com a agência japonesa de notícias NHK. O paciente, que não teve sua identidade revelada, não viajou recentemente para a China, mas trabalha como motorista no ramo de turismo e entrou em contato com turistas de Wuhan, o epicentro do surto do vírus, pelo menos duas vezes este mês.

O paciente japonês vive no município de Nara, no oeste do Japão, e desenvolveu os primeiros sintomas no dia 14 de janeiro e foi hospitalizado em 25 de janeiro, de acordo com o Strait Times. O estado de saúde do paciente ainda não foi divulgado.

Nova suspeita de coronavírus em Belo Horizonte

Uma jovem de 22 anos foi internada com suspeita de contaminação pelo coronavírus em Belo Horizonte. Essa não é a primeira suspeita de infecção na cidade mineira, porém, o caso se enquadra nas diretrizes dadas pelo Ministério da Saúde para o relato suspeitas: a paciente visitou Wuhan, epicentro do surto, há pouco tempo e desembarcou em BH na última sexta-feira (24).

De acordo com a Secretária de Estado de Saúde de Minas Gerais, “a paciente passa bem, já recebeu atendimento e todas as providências necessárias foram tomadas”. Ela foi transferida para o Hospital Eduardo de Menezes (HEM), referência estadual para o atendimento de doenças infectocontagiosas, emergências em saúde pública e atenção aos agravos de interesse sanitário.

A pasta diz ainda que amostra da paciente já foi recolhida e alguns exames serão realizados na FUNED (Infuenza A e B, Adenovírus, Bocavírus, metapneumovírus, parainfluenza 1, parainfluenza 2, parainfluenza 3 e vírus sincicial respiratório). E os demais exames, incluindo o específico para Coronavírus serão realizados na Fiocruz.

Idade média para casos fora da China é 45

O último relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) observa que o período provável de incubação do vírus é de 2 a 10 dias, diferente do intervalo de 1 a 14 dias que tinha sido estimado no final da semana passada.

O novo relatório também aponta que a idade média para os casos fora da China continental é atualmente de 45 anos e cerca de 71% deles afetaram homens.

Enquanto a maioria dos casos fora da China foram em pessoas mais velhas, a infecção de uma pessoa mais jovem dentro do país asiático foi uma menina de 9 meses em Pequim – um caso entre pelo menos 68 outros confirmados na capital da China.

A Organização Mundial de Saúde ainda não declarou o surto do vírus como “emergência de saúde pública de preocupação internacional”, ou PHEIC, na sigla em inglês. Doze países já confirmaram casos do vírus, mas a China foi a única região a registrar mortes até agora.

Estudantes de Wuhan devem começar a ter aulas online

O início das aulas para os estudantes de Wuhan foi adiado enquanto a cidade está restrita, mas aulas online para todos os alunos começarão no dia 10 de fevereiro, de acordo com a CGTN, órgão de comunicação estatal chinês.

Youku, a versão chinesa do YouTube que pertence ao Alibaba, também anunciou na segunda-feira que começaria a oferecer aulas gratuitas aos alunos da região, de acordo com o Abacus News. A empresa vai usar o DingTalk, um aplicativo semelhante ao Slack, em um programa educacional que já conta com mais de 50 escolas participantes.

Hong Kong encerra a maioria das viagens para a China continental

Chefe Executiva de Hong Kong Carrie Lam (centro) participa de uma coletiva de imprensa em Hong Kong, no dia 28 de janeiro de 2020. Imagem: Getty

As autoridades de Hong Kong anunciaram novos casos do coronavírus nesta terça-feira, e disseram que todas as viagens de trem e balsa entre Hong Kong e a China continental serão interrompidas a partir de 30 de janeiro. O governo local também está cortando pela metade o número de vôos permitidos vindos da China.

Hong Kong baniu o uso de máscaras no ano passado quando manifestantes pró-democracia saíram às ruas em um esforço para combater o controle político de Pequim, o que tornou particularmente irônico ver a chefe executiva de Hong Kong, Carrie Lam, usando uma máscara facial hoje durante a coletiva de imprensa sobre o surto do vírus.

Existem atualmente oito casos do 2019-nCoV confirmados em Hong Kong, que opera sob o regime “um país, dois sistemas” de semi-autonomia do governo comunista da China.

Mercados financeiros podem se recuperar nesta terça-feira após o pânico de segunda

O mercado de ações dos EUA caiu nesta segunda-feira, com investidores tentando vender papéis que poderiam ser vulneráveis ao surto do coronavírus, registrando o pior dia de negociação do Dow’s em três meses. Mas parece que as ações estão prontas para se recuperar.

O índice Dow Jones Industrial Average recuperou 85 pontos nas negociações pré-comerciais de terça-feira. Alguns mercados na Ásia ainda estão fechados para o Ano Novo Lunar e estima-se que 50 milhões de pessoas estão restritas em quarentenas aplicadas em cidades de toda a China.

O Ibovespa encerrou o dia com queda de 3,29%, a maior em 10 meses, e o dólar fechou a R$ 4,22 – o real foi a sexta moeda com maior desvalorização no dia. A Bolsa de Tóquio fechou com queda de 2,03%, a maior em cinco meses, e as Bolsas europeias também operaram em queda.

Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA expande os testes de febre para 20 aeroportos

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) anunciou que o monitoramento para o vírus será expandido para 20 aeroportos dos EUA. Os aeroportos dos EUA que fazem a triagem térmica recebem cerca de 90% de todos os voos vindos da China para o país, de acordo com a CNN.

“Até agora, rastreamos cerca de 2,4 mil pessoas”, disse a Dra. Nancy Messonnier, do CDC, em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (27). “E como você pode imaginar, o número de pessoas que estão vindo de Wuhan está diminuindo com a restrição agressiva da cidade.”

O Departamento de Estado dos EUA atualizou seu aviso de segurança na segunda-feira aconselhando os residentes dos EUA a evitar qualquer viagem à China. Anteriormente, o Departamento de Estado só tinha aconselhado evitar viagens à província de Wubei, onde fica Wuhan.

Colaborou: Alessandro Feitosa Jr.

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