Assim como o Brasil, Alemanha quer proteger internet local após espionagem

Após o escândalo da espionagem americana, o Brasil respondeu com planos para blindar a internet nacional. A Alemanha planeja fazer algo semelhante: a Deutsche Telekom, maior operadora do país, declarou que quer criar uma internet nacional, para proteger a Alemanha de futuras violações de privacidade. Esta semana, surgiram suspeitas de que Angela Merkel, a chanceler […]

Após o escândalo da espionagem americana, o Brasil respondeu com planos para blindar a internet nacional. A Alemanha planeja fazer algo semelhante: a Deutsche Telekom, maior operadora do país, declarou que quer criar uma internet nacional, para proteger a Alemanha de futuras violações de privacidade.

Esta semana, surgiram suspeitas de que Angela Merkel, a chanceler da Alemanha, teria sido espionada pela NSA (Agência Nacional de Segurança). Ela falou diretamente com Barack Obama na quarta-feira para exigir explicações; segundo a revista Der Spiegel, a agência monitorava o celular de Merkel.

Pior: segundo o Guardian, a NSA andou espionando 35 líderes mundiais, cujos nomes não foram revelados. Um documento vazado por Edward Snowden diz que “a agência monitora rotineiramente os números de telefone de líderes mundiais”.

Os EUA insistem que o celular de Merkel não foi espionado. “O presidente assegurou à chanceler que os EUA não estão monitorando e não vão monitorar as comunicações da chanceler”, disse um porta-voz da Casa Branca.

Mas isso não foi o bastante: isso quebrou a confiança. Agora, a Deutsche Telekom está reunindo outras empresas alemãs de comunicação para proteger a internet local da espionagem externa, segundo a Reuters.

Obviamente, essa é uma meta bastante ousada, e incrivelmente complicada de realizar. Sites como Facebook e Google ficam hospedados em servidores fora do país, por exemplo. Eles seriam banidos da Alemanha? Ou eles exigiriam data centers nacionais, como o Brasil quer fazer?

Também há uma preocupação maior: criar uma rede específica para cada país vai totalmente na contramão do que a internet representa. Isso abre um precedente preocupante, e poderia dar início a uma balcanização da internet.

Brasilnet

Enquanto a Alemanha ainda começa a esboçar uma reação, o Brasil já tem diversos projetos para tentar evitar os olhos curiosos dos EUA. Afinal, foram muitas revelações nos últimos meses. De acordo com reportagens de Glenn Greenwald, o Brasil é alvo prioritário da espionagem americana, tanto por telefone como pela internet. Documentos mostram que a presidente Dilma Rousseff é um alvo direto da NSA. A Petrobras também foi espionada.

Dilma quer a aprovação do Marco Civil da internet, que obrigará empresas como Facebook e Google a manter, em data center no Brasil, uma cópia dos dados pessoais de usuários brasileiros. Ela também promete levar à ONU uma proposta de um Marco Civil Internacional.

Como a maioria do tráfego no Brasil passa pelos EUA, Dilma planeja implementar um cabo submarino que liga a América do Sul diretamente à Europa. Além disso, o governo quer aumentar o número de PTTs (pontos de troca de tráfego), que permitem a interconexão direta entre as redes que compõem a internet brasileira.

Ainda há a proposta de criar o Mensageria Digital, e-mail criptografado dos Correios que deve estrear em 2014. (Ele tem certos problemas.) O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, prometeu que será obrigatório a todos os órgãos do governo usar o e-mail criptografado criado pelo Serpro. Documentos revelaram que os EUA espionam o e-mail do governo brasileiro há anos.

Resta ver se a Alemanha consegue transformar sua reação inicial em um conjunto completo de propostas, como o Brasil já fez. Também torcemos que isso não prejudique o funcionamento da internet para os usuários – nem todas as medidas para combater a espionagem são uma boa ideia. [Reuters]

Imagem por Free Grunge Textures/Flickr

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