Alguém precisa “ganhar” a briga de sistemas para smartphones?

O respeitado instituto Gartner fez uma arriscada previsão: em 2015, a maior parte dos smartphones rodarão Android (o que parece razoável), em segundo lugar virão os Windows Phone, com a força do hardware Nokia e em terceiro, com menos de 20%, aparecerá o iPhone. As porcentagens e posições no pódio podem mudar até lá, mas o […]

O respeitado instituto Gartner fez uma arriscada previsão: em 2015, a maior parte dos smartphones rodarão Android (o que parece razoável), em segundo lugar virão os Windows Phone, com a força do hardware Nokia e em terceiro, com menos de 20%, aparecerá o iPhone. As porcentagens e posições no pódio podem mudar até lá, mas o Gartner acha que caminhamos para um cenário muito mais parecido com o de consoles de videogame do que do de sistemas operacionais de PC. O que faz sentido. Fanboys, parem de dizer “minha plataforma ganhou”. Há espaço para todos.

Como o único dado confiável que temos sobre marketshare de sistemas para smartphones está nos EUA – e ele é um indicativo do que acontece no Ocidente depois -, vale dar uma olhada na situação lá hoje, com dados do Comscore:

O Android do Google cresce, RIM-Blackberry cai levemente e iOS está estacionado. A Microsoft, cotada para assumir o segundo lugar, caiu de um ano pra cá porque o número de pessoas que abandonou o Windows Phone 6.5 foi maior que o que adotou o Windows Phone 7, algo razoavelmente previsível. A partir desses dados e o crescimento galopante do Android, “analistas” acabaram chegando a um quase consenso: a dominância do Android no mercado de celulares será igual ao do Windows no mercado de PCs. O resto será resto.

Mas por que comparar com o PC? O mercado de celulares sempre foi mais segmentado. Por que não comparar com os videogames, onde nunca houve um competidor monopolista? Hoje, Sony, Microsoft e Nintendo têm fatias semelhantes – alguns crescem mais rápidos que outros em determinados períodos – e é difícil imaginar algo diferente num futuro próximo. Jogos se repetem nas plataformas e a inovação de uma – controles por movimento no Wii, por exemplo – acaba chegando nas outras.

Outro contra-exemplo: navegadores de internet. O Internet Explorer já conseguiu um reinado razoavelmente grande, mas hoje há Firefox, Chrome, IE, Opera e Safari – além de outras opções – cada um com seu público. É difícil crer que alguém repetirá o domínio que o Windows atingiu em computadores pessoais em outros campos. E isso vale para quase tudo nesta década: o iPad pode ter tido um primeiro ano fortíssimo e um segundo ano que caminha para o reinado absoluto, mas é difícil crer que o mercado se resumirá a Apple em tablets no médio prazo.

O Android será uma solução mais escalonável, com hardware excelente ou muito barato, e justamente por isso realmente tende a ficar na frente. Mas o Windows Phone, com a parceria da Nokia e um sistema com outro paradigma, mais voltado a redes sociais que seus competidores, pode sim surpreender. E é bastante improvável que donos de iPhone – os mais satisfeitos com seus celulares atuais, segundo diversas pesquisas – troquem de plataforma em um futuro próximo, ou mesmo desenvolvedores que têm faturado um bocado. Eu entendo que fanboys precisam, por um problema patológico, dizer que alguma empresa “wins”. Mas o cenário futuro de smartphones leva a crer que não haverá dominância, e os consumidores terão mais de uma opção decente. O que é ótimo: quando várias empresas têm destaque, as inovações tendem a ser copiadas mais rápido. Todo mundo ganha.

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