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Alok acusado de não pagar e dar crédito a dupla de DJs em 14 músicas

A denúncia foi feita pela dupla de produtores Sevenn à revista “Billboard”. Segundo eles, o duo trabalhou em pelo menos 14 músicas sem ganhar nada - mesmo assim, jamais entrou com um processo contra o DJ. Alok contesta as acusações

Alok

Foto: Reprodução Instagram/@alok

Sean e Kevin Brauer, dupla de irmãos conhecida como Sevenn, afirmam ter trabalhado com o DJ Alok em pelo menos 14 músicas, inclusive a recém lançada “Un Ratito” que tem participação da ex-BBB Juliette Freire, mas não receberam nada por isso. Os dois disseram em entrevista à Billboard norte-americana que não receberam crédito, royalties de publicação nem cachê pelos dias de gravação.

Além disso, a dupla também afirma ser a verdadeira criadora do Brazilian Bass, subgênero da house music, vertente da música eletrônica. O subgênero surgiu a partir do hit “Hear Me Now” e foi responsável pela popularização internacional de Alok por meio de um contrato com a gravadora Spinnin’ Records, da Warner Music.

Sean e Kevin formaram a dupla Sevenn e lançaram “BYOB”, um remix de uma música de 10 anos do System of a Down, com Alok, colocando o Brazilian Bass no mapa dance global. Nos quatro anos seguintes, Sevenn produziu músicas que ajudaram a elevar Alok a um dos artistas musicais mais bem pagos da América do Sul. 

“Alok inicialmente ajudou e ficamos felizes em retribuir o favor, até que começamos a perceber que ele estava lucrando enormemente com nosso trabalho sem oferecer nada substancial em troca”, afirmaram os DJs à Billboard. 

De acordo com Sean e Kevin, Alok começou a contratar seus serviços em 2015, e a dupla trabalhou por muito tempo como ghost writer não só do DJ como de outros artistas. Aos poucos, entretanto, a dupla percebeu que Alok estava faturando altas cifras e eles continuavam sem receber o pagamento adequado. “Nós confiávamos nele, porque não tínhamos ideia do mundo. Nenhum de nós tinha ideia de como os negócios funcionam, nosso negócio era compor música”, explicou a dupla. 

Os irmãos explicaram que perceberam que o tratamento de Alok era inadequado quando assinaram uma música ao lado de Tiesto, que dividiu o crédito com a dupla e dividiu os royalties igualmente. Procurada, a assessoria de Alok negou todas as acusações, e lembrou que Alok tem um processo em andamento contra o Sevenn “decorrente do fracasso da dupla em creditar e pagar Alok por uma série de lançamentos”.

Segundo a Billboard, Alok ofereceu dinheiro à dupla em 2017, mas eles teriam negado, afirmando que eram gratos por tudo que o DJ havia feito por eles. Ainda segundo a revista, no fim de 2019, os irmãos Brauer souberam que a mãe estava com câncer no pâncreas. Sean foi para Paso Robles, na Califórnia, para cuidar dela – entregando as rédeas do Sevenn ao seu irmão.

A Billboard coletou dados do Spotify para 12 das 14 faixas pelas quais os Brauers dizem que não receberam compensação. Estima que as 12 faixas – que incluem “All I Want” de Alok e Liu; Alok e “Fuego” de seu irmão Bhaskar; e “Favela”, de Alok, com Ina Wroldsen – receberam um total combinado de 1,024 bilhão de reproduções e geraram um total de quase US$ 4,13 milhões, em pagamentos de gravadoras (US$ 3,38 milhões) e royalties de publicação (US$ 748.000) do Spotify. E usando uma taxa padrão do produtor de 4% de royalties, além de qualquer taxa fixa que os produtores dessas 12 faixas foram pagas, a Billboard estima um pagamento total da taxa do produtor de US $ 135.000.

Os irmãos forneceram evidências à Billboard para apoiar suas alegações, incluindo e-mails e trocas de WhatsApp com Alok por mais de seis anos — bem como gravações de áudio de Alok discutindo pedidos de produção, faixas finalizadas e o contrato de gerenciamento de Sevenn com a Artist Factory, com sede em São Paulo.

Segundo a publicação, a canção “Un Ratito” por exemplo, lançada em 14 de janeiro, é uma colaboração reggaeton com a participação de Luis Fonsi, Lunay, Lenny Tavárez e Juliette. Kevin começou a produzir a faixa em 2017 como Let’s Make Love (nanananana). Ele foi listado nos créditos da música no Spotify como um dos 14 escritores, mas não como um produtor. “A melodia, a bateria, a guitarra – quase tudo o que você ouve tinha alguma coisa que eu fiz”, disse Kevin.

De acordo com Kevin, Alok não pediu autorização a Sevenn para lançar a faixa, nem pagou nada por seu trabalho na música ou discutiu sobre dar a eles qualquer parte da publicação. 

Sevenn diz que não pretendia entrar com uma ação legal contra Alok por royalties ou divisões de publicação. Mas dado o último desenvolvimento com “Un Ratito”, que teve mais de 1,8 milhão de streams no Spotify na quinta-feira, os Brauers dizem que agora estão reavaliando essa posição com sua equipe jurídica.

Em nota encaminhada ao G1, a equipe de Alok contestou as acusações. “Note que os irmãos Kevin ou Sean NUNCA fizeram qualquer notificação ou processaram o Alok pelas infundadas alegações que fazem na matéria, isso porque NÃO POSSUEM QUALQUER PROVA DAS ALEGAÇÕES FEITAS, utilizaram apenas um veículo de imprensa que de forma sensacionalista e sem se preocupar com a verdade, mesmo sem nenhuma prova, atacam um artista que sua imagem e reputação falam por si”, diz o texto. “Fica clara a intenção daqueles que o acusam, quando o fazem isso apenas através de matéria promovida, sendo que NUNCA o sequer notificaram ou procuraram a via judicial para tratar as acusações falsas”.

O único processo ativo no momento, na verdade, é do DJ brasileiro sobre a dupla de produtores americanos. No comunicado que enviou à Billboard, Alok menciona que tem “um processo em andamento contra o Sevenn no Brasil decorrente do fracasso do Sevenn em creditar e pagar o Alok por uma série de lançamentos” da dupla.

 

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