_Tecnologia

Amazon entra na corrida da computação quântica oferecendo cálculos pela nuvem

Durante a conferência AWS re:Invent 2019 que aconteceu nesta segunda-feira (2), a Amazon anunciou o lançamento de uma plataforma de computação quântica na nuvem. Agora que os computadores quânticos existem e podem realizar cálculos (embora não muito bem), as empresas estão lançando plataformas nas quais os cientistas e outros interessados na tecnologia podem fazer experimentos. […]

A cientista Kai Hudek na sala do IonQ.

A cientista Kai Hudek na sala do IonQ. Foto: Erin Scott

Durante a conferência AWS re:Invent 2019 que aconteceu nesta segunda-feira (2), a Amazon anunciou o lançamento de uma plataforma de computação quântica na nuvem.

Agora que os computadores quânticos existem e podem realizar cálculos (embora não muito bem), as empresas estão lançando plataformas nas quais os cientistas e outros interessados na tecnologia podem fazer experimentos.

O sistema da Amazon, chamado Braket, fornecerá acesso a três conhecidos dispositivos quânticos da IonQ, Rigetti e D-Wave. Esse é o primeiro passo da Amazon no mundo quântico.

“Acreditamos que abrir o acesso a computadores quânticos neste estágio atual é um passo crucial para acelerar o desenvolvimento de aplicações úteis. É por isso que, ao projetar o Amazon Braket, escolhemos colaborar com fornecedores como a D-Wave, que criaram tecnologias promissoras que interessam aos nossos clientes”, disse Simone Severini, diretora de computação quântica da Amazon Web Services, em um comunicado enviado ao Gizmodo. “Juntos, podemos tornar mais fácil para os pesquisadores inovarem, com o objetivo comum de concretizar o verdadeiro potencial de longo prazo da computação quântica.”

Computadores quânticos são dispositivos que executam algoritmos usando um tipo diferente de matemática do que um computador normal – os cálculos são baseados nas leis de probabilidade que governam como as partículas subatômicas interagem. Criado por Richard Feynman no início dos anos 80, empresas bem conhecidas como Google, IBM e Microsoft, bem como startups como IonQ e Rigetti, desenvolveram essas máquinas.

Os computadores quânticos de hoje têm mais potencial do que função real – são dispositivos ruidosos difíceis de controlar e que podem perder rapidamente o comportamento quântico para pequenas oscilações do ambiente ao redor.

Eles não serão melhores do que um computador convencional em todas as tarefas. Na verdade, o objetivo é superar um subconjunto de problemas que podem um dia incluir a modelagem do comportamento de moléculas, a fatoração de grandes números e talvez os tipos de problemas de otimização geralmente vistos pelas empresas.

Empresas dos setores financeiro, energético e farmacêutico têm demonstrado interesse na computação quântica, enquanto os governos estão interessados em suas potenciais aplicações para a cibersegurança e armas nucleares.

Uma vez que você tem uma máquina desse tipo, você precisa ser capaz de programá-la. O Braket permitirá que os pesquisadores “criem, testem e executem algoritmos de computação quântica” em dispositivos quânticos e simulações de dispositivos quânticos, de acordo com um comunicado de imprensa da Amazon.

A ferramenta inclui tutoriais e um ambiente de aprendizado, um espaço para executar algoritmos incorporados e testar novos algoritmos, além de permitir que os usuários automatizem a execução de programas quânticos. O nome, Braket, certamente vem da notação “bra-ket” que os físicos usam para representar informações quânticas.

O Braket permitirá aos usuários programar uma das três máquinas quânticas disponíveis, cada uma com suas particularidades.

O computador quântico de captura de íons do IonQ representa cada unidade de informação quântica como um átomo individual preso por lasers, e seus dispositivos são alguns dos menos ruidosos disponíveis.

Já o computador supercondutor da Rigetti representa cada qubit como um átomo artificial feito de fio supercondutor.

Por fim, o computador D-Wave, também feito de supercondutores, opera em um princípio diferente que só pode executar um subconjunto dos problemas que outros computadores quânticos podem, e eles estão principalmente relacionados à otimização.

Outras empresas já apresentaram serviços onde é possível programar um computador quântico na nuvem: o Qiskit da IBM oferece acesso a várias máquinas supercondutoras, e o Google irá em breve disponibilizar os seus próprios computadores quânticos à sua plataforma Cirq. A Microsoft também oferece acesso ao computador IonQ através de sua plataforma Azure, enquanto tenta desenvolver seu próprio computador quântico.

O anúncio da Amazon difere na medida em que, pelo o que sabemos, essa é sua estreia no mundo quântico. Segundo a Wired, a Amazon também abrirá um centro de pesquisas quânticas com a CalTech, e poderá um dia criar o seu próprio computador quântico.

Um lembrete importante: os computadores quânticos não fazem nada de útil por enquanto, a menos que você pense que gerar “números aleatórios certificáveis” seja algo útil.

Um aplicativo quântico realmente inovador pode demorar alguns anos – ou mesmo algumas décadas – enquanto os pesquisadores estão tentando descobrir quais algoritmos serão mais rápidos nos computadores quânticos do que em um supercomputador.

As empresas não estão usando esses dispositivos via nuvem porque esperam quebrar a criptografia de alguma conta ou fazer algo nefasto (ainda). A oferta de múltiplas maneiras para os pesquisadores acessarem computadores quânticos deve produzir mais ideias para aplicativos do futuro – e quem sabe acelerar esse processo.

Sair da versão mobile