Amazon pede desculpas e admite que entregadores não têm tempo de usar o banheiro

Mais um capítulo nas denúncias contra a Amazon: empresa busca mudar o tom nas respostas a denúncias contra sua logística e estrutura.
Imagem: Leon Neal / Getty Images

Na última quarta-feira (31), mostramos que dezenas de perfis falsos no Twitter estavam se passado por empregados da Amazon para defender as condições de trabalho oferecidas pela companhia. A companhia é acusada de várias práticas abusivas, como a relatada pelo deputado democrata Mark Pocan, do estado americano do Wisconsin, em que citava que funcionários da varejista estavam sob um fluxo de trabalho tão rigoroso que precisavam fazer xixi dentro de garrafas plásticas, pois não conseguiam ter tempo para utilizar um banheiro.

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Como resposta, a Amazon tuitou o seguinte:

Você não acredita nessa história de fazer xixi em garrafas, certo? Se isso fosse verdade, ninguém trabalharia para nós. A verdade é que temos mais de meio milhão de funcionários incríveis ao redor do mundo, que estão orgulhosos do que fazem e têm ótimos salários e planos de saúde desde o primeiro dia.

Contudo, na sexta-feira (2), a companhia emitiu um comunicado em que pedia desculpas a Pocan, pois o tuíte não “contemplou nossa grande população de motoristas e, em vez disso, focou erroneamente apenas em nossos centros de atendimento”. Segundo eles, nos centros de distribuição existem vários banheiros e que os funcionários “podem se afastar de sua estação de trabalho a qualquer momento”, e no caso de existir uma experiência diferente, eles devem “contatar seu gerente para resolver a situação”.

Inclusive, no mesmo documento eles afirmam saber que existem situações em que os funcionários podem ter dificuldades de encontrar banheiros, especialmente com todo o contexto da pandemia, mas que este é um problema antigo e que “abrange todo o setor e não é específico da Amazon”. Eles até disponibilizaram uma série de links com reportagens e notas sobre o assunto, que apresentam vários comentários de supostos apoiadores da empresa.

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Vale lembrar que já foram feitas várias reportagens que atestam esta situação absurda sobre os trabalhadores que são impedidos de utilizar o banheiro durante seu expediente por conta da alta demanda de trabalho. No final de março, a Vice publicou uma reportagem em que mostra depoimentos de funcionários da empresa. “Somos pressionados a fazer essas rotas antes da noite e ter que encontrar um banheiro significaria dirigir 10 minutos extras para encontrar um”, disse um motorista de entrega da Amazon. “Dez a quinze minutos para encontrar um banheiro podem demorar ainda mais, o que significa de 20 a 30 minutos de ida e volta.”

A situação das mulheres chega a causar ainda mais preocupação: muitas ficam períodos longos sem se alimentar e acabam comprando um urinol que custa US$ 13 dólares (em torno de R$ 73 reais, pela cotação atual) para facilitar na hora de fazer sua necessidade básica utilizando uma sacola plástica. “Eu posso te dizer que se eu dirigisse para encontrar um banheiro, eu ficaria com pacotes de entrega todas as noites e isso eventualmente significaria infrações, levando à rescisão”, disse uma das seis entrevistadas.

Basicamente os funcionários precisam entregar cerca de 300 pacotes por dia em um turno de 10 horas. Por isso, não conseguem ter uma pausa decente para simplesmente fazer seu xixi em paz. Pensar em algo assim é um misto de descrença e raiva — especialmente pelas descrições de jornada exaustiva. Pode até ser um problema geral, mas em nada isenta a gigante do e-commerce de todas estas denúncias e situações impensáveis. Se Pocan recebeu um pedido de desculpas, o que os funcionários prejudicados podem esperar?

[The Verge]

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