_Apple

Ameaças e violência para quem investiga fornecedores da Apple

A sede corporativa da Apple, sua megamáquina de relações públicas e sua base principal de consumidores estão nos EUA. Os produtos, por outro lado, vêm diretamente de fabricantes da China. Assim como a Apple, eles são bons em manter segredos. Ao contrário da Apple, eles às vezes usam violência para tanto.

A sede corporativa da Apple, sua megamáquina de relações públicas e sua base principal de consumidores estão nos EUA. Os produtos, por outro lado, vêm diretamente de fabricantes da China. Assim como a Apple, eles são bons em manter segredos. Ao contrário da Apple, eles às vezes usam violência para tanto.

Escrevendo uma denúncia sobre a cadeia de fornecimento da Apple, repórteres da Reuters revelaram o que já sabemos: há uma pressão imensa nas empresas sob contrato com a Apple de impedir vazamentos de informações sobre produtos futuros; essas empresas têm um passado negro no tratamento de seus empregados; e trabalhar para uma dessas empresas é de dar medo.

Nós comentamos esses problemas quando a Foxconn foi acusada de levar um empregado, Sun Danyong, a cometer suicídio por causa do vazamento de um protótipo de iPhone ano passado. (Depois do ocorrido, a Foxconn fez acordo com os pais de Danyong, que receberam mais de US$50.000 de indenização e vão receber pensão todo ano, e parece que assim morreu a história.) Mas, na época, nossa imagem da Foxconn foi composta de recortes de reportagens de várias fontes, com os departamentos de relações públicas piorando a situação. Por isso, até hoje não houve uma ilustração melhor do problema como esta:

Depois de receber uma dica de um funcionário do complexo de Longhua, próximo à fábrica da Foxconn, que por sua vez também fabrica componentes para a Apple, o correspondente pegou um táxi para visitar as instalações em Guanlan, que fabrica produtos para uma grande variedade de empresas. Assim que parou em uma rua para tirar fotos em frente ao portão e ao local de inspeção de segurança, um guarda gritou. O repórter continuou tirando fotos antes de voltar ao táxi que o esperava. O guarda, então, bloqueou o veículo e ordenou ao motorista que parasse, ameaçando tirar sua licença.

O correspondente saiu do carro e insistiu que estava dentro dos seus direitos já que estava tirando as fotos do lado de fora do complexo, a partir da estrada pública. O guarda segurou seu braço e um segundo segurança o derrubou. Enquanto uma multidão de trabalhadores da Foxconn olhava, eles tentaram levar o correspondente para dentro da fábrica.

O repórter exigiu ser libertado. Quando isso não aconteceu, ele conseguiu se soltar e começou a se afastar. O guarda mais velho o chutou nas pernas. O segundo segurança ameaçou bater nele novamente se tentasse se escapar novamente. Alguns minutos depois, um carro da segurança da Foxconn chegou, mas o repórter se recusou a entrar nele. Em vez disso, chamou a polícia.

Depois que as autoridades chegaram e mediaram a situação, os guardas pediram desculpas e o assunto foi resolvido. O repórter saiu do local sem prestar queixa formal contra os seguranças, mesmo que a polícia tivesse sugerido a opção. "Você é livre para fazer o que quiser", disse o policial. "Mas esta é a Foxconn e eles têm um status especial aqui. Por favor, compreenda".

Então, deixe-me entender: se você for um repórter fora de uma fábrica da Foxconn, você pode ser arrastado, chutado, ameaçado enquanto sabe que as relações com a Apple tornam a Foxconn "especial". (Ah, e você soube do novo iPad, ele é muito demais!)

Para a Apple, isso significa duas coisas: ou eles fizeram negócio com uma empresa que tem predisposição à violência como forma de segurança, ou as exigências extremas da Apple por confidencialidade fizeram a empresa se comportar desse jeito.

Em nenhuma das situações dá pra acusar a Apple de ser a culpada. Nos dois casos, no entanto, eles estão pelo menos em silenciosa complacência. [Reuters/Terra Tecnologia via Business Insider]

Sair da versão mobile