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A nova startup favorita da Apple quer ser a Pixar da robótica

Tim Cook, CEO da Apple, surpreendeu a todos na WWDC deste ano quando convidou uma pequena startup de robótica para subir ao palco. Então conhecemos Boris Sofman, executivo-chefe da Anki, uma empresa de robótica e inteligência artificial em rápido crescimento. O que se seguiu foi uma demonstração problemática do Anki Drive, um jogo de carrinho […]

Tim Cook, CEO da Apple, surpreendeu a todos na WWDC deste ano quando convidou uma pequena startup de robótica para subir ao palco. Então conhecemos Boris Sofman, executivo-chefe da Anki, uma empresa de robótica e inteligência artificial em rápido crescimento.

O que se seguiu foi uma demonstração problemática do Anki Drive, um jogo de carrinho de brinquedo aparentemente banal – o primeiro produto da jovem empresa.

Mas estes não são carros comuns. Estes carros se dirigem sozinhos. Eles fazem centenas, se não milhares de decisões por segundo. Eles se adaptam ao longo do tempo. Em outras palavras, esses são carros inteligentes.

Isso não parece grande coisa. Por que o mundo precisa de brinquedos artificialmente inteligentes? Seriam esses brinquedos mesmo? E acima de tudo, por que a Apple estaria tão empolgada com essa tecnologia, e dividiu o palco com uma startup desconhecida e com um nome bobo?

Por isso eu conversei com os fundadores da Anki, Mark Palatucci e Hanns Tappeiner. (Sofman também é um dos fundadores, mas não pôde participar da entrevista.) Eles são, obviamente, caras inteligentes, e se conheceram há cinco anos enquanto tiravam seus Ph.D.’s na Universidade Carnegie Mellon.

Palatucci explicou que a Anki começou como um projeto de noites e fins de semana, com um princípio subjacente bem ambicioso. “Percebemos que a maioria do que se cria em robótica e AI estava sendo usado em projetos do governo”, disse ele. De fato, um dos maiores financiadores de pesquisas nessa área é a DARPA, agência do governo americano que desenvolve tecnologias militares. “Muito pouco é usado em produtos para consumidores, e vimos a oportunidade de usar muito do que estávamos aprendendo na faculdade e trazer para as pessoas e suas vidas diárias”.

Isso parece bacana: robótica para todos. Esta filosofia faz lembrar como a Pixar abordou a animação CGI na década de 1980, numa época em que ainda ela era usada em áreas mais distantes do público em geral, como meteorologia e geofísica. A analogia faz ainda mais sentido porque os fundadores escolheram o setor de entretenimento para lançar o seu primeiro produto.

O Anki Drive é parte videogame e parte experiência real, usando o mundo bastante familiar dos carros. E quem não gosta deles? “Os carros têm um apelo entre gerações”, diz Palatucci. O que os torna ainda mais atraentes, porém, é o fato de que eles aprendem e evoluem. “Quando você comprar os carros, eles serão bem diferentes”, diz ele. “Eles têm personalidades.”

Isso soa um pouco assustador; Teddy Ruxpin era perturbador o bastante sem ter uma consciência própria.

Mesmo assim, isso faz todo o sentido como o futuro do entretenimento. Ou, pelo menos, os fundadores da Anki acreditam que sim. Eles veem o smartphone não como um controle remoto para um produto como o Anki Drive, mas sim como um cérebro que comanda toda a experiência. Eles não querem apenas que os usuários interajam com o produto, eles querem formar conexões emocionais. Tappeiner me disse que eles “estavam criando um tipo completamente novo de entretenimento” – e patrocinado pela Apple.

A Apple não é um patrocinador oficial ou algo do tipo, mas eles estão intrigados com a forma como a Anki está usando a plataforma iOS para aplicá-la na robótica e AI. Além da presença na WWDC, o Anki Drive será lançado em lojas da Apple no terceiro trimestre, e você já pode baixar um app de visualização para iPhone e iPod touch.

A Anki está bem financiada por conhecidas empresas de capital de risco, especialmente a Andreessen Horowitz – que apostou no Skype, Instagram, Box, Lytro e outras. Os investidores acreditam que a tecnologia da empresa é inigualável. “É um software extremamente sofisticado e mais perto do carro autônomo do Google que qualquer outra coisa”, Marc Andreessen disse ao TechCrunch nesta segunda-feira. “E o software é muito rápido. Achamos que isso aponta para a direção do futuro, trazendo a inteligência artificial para a sala de estar”.

É por isso que a Apple está tão interessada. Na verdade, a fabricante do iPhone está se esforçando em conquistar a sala de estar, desde quando o iTunes ganhou conteúdo de programas de TV. E não é nenhuma surpresa que a Apple esteja interessada em uma empresa que usa suas APIs para criar um novo tipo de entretenimento. Além disso, ela não perderia a oportunidade de disputar algo que o Google também busca.

O futuro da Anki para além do lançamento do Anki Drive, auxiliado pela Apple, não está nem um pouco claro. Os fundadores não quiseram falar sobre outros projetos da empresa, insistindo que eles estão dedicando toda a energia deles para o projeto dos carros que andam sozinhos. Eles também não gostavam quando eu chamava o Anki Drive de brinquedo, pois segundo eles “isto é algo muito maior”. Eles nem sequer citaram os concorrentes, porque insistiram que a tecnologia da Anki era algo totalmente novo, diferente de tudo que o mundo já viu. (Isso é um pouco difícil de acreditar, no entanto.)

Uma coisa é certa: por enquanto, a Anki está numa boa posição. Apesar do tropeço na WWDC, ela é financiada por uma das empresas de capital de risco mais proeminentes do mundo, e apoiada pela empresa de tecnologia mais valiosa do mundo. Nos últimos 16 meses, eles cresceram de quatro funcionários para 35, e continuam a crescer a uma velocidade vertiginosa. E eles têm planos maiores.

“Por enquanto estamos focados no Anki Drive, mas o importante é na verdade a tecnologia subjacente, os componentes”, diz Palatucci, explicando os conceitos básicos da AI por trás de seu produto. “Depois que se tem isso, você pode começar a fazer coisas incríveis no mundo real. Você pode fazer coisas que só veria em videogames.”

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