Antártida atinge menor nível de gelo já registrado

Desde 1979, o gelo no Ártico derreteu cerca de 10% a cada década. Dinâmica de ventos e correntes oceânicas explicam o processo acelerado de degelo
Gelo Antártica

A Antártica nunca teve tão pouco gelo ao seu redor. Uma análise feita pelo National Snow and Ice Data Center em Boulder, no Colorado, revelou o menor nível de água congelada no oceano desde que as medições começaram a ser feitas, quatro décadas atrás.

De acordo com os pesquisadores, imagens de satélites revelaram uma cobertura de 1,9 milhão de quilômetros quadrados de gelo no continente. O recorde anterior havia sido 2,1 milhões de quilômetros quadrados, registrado em março de 2017. 

Ainda não é possível atribuir o degelo às mudanças climáticas. Isso porque o comportamento da Antártica é bem diferente daquele visto no Ártico, que está aquecendo cerca de três vezes mais rápido do que outras regiões do globo.  

Os pesquisadores atribuem as mudanças na Antártida a ventos locais e correntes oceânicas. Uma das hipóteses é que uma região de baixa pressão formada esse ano resultou em ventos mais fortes, que podem ter empurrado mais gelo para o norte. Dentro de uma região com águas mais quentes, o gelo teria derretido mais rapidamente. 

De toda forma, o fenômeno impressiona. Desde 1979, o gelo no Ártico derreteu cerca de 10% a cada década. O caminho da Antártica foi o contrário, com os níveis de gelo aumentando no continente. 

Mas as coisas mudaram em 2014. Após atingir um pico de gelo, o material começou a derreter gradativamente, até chegar na quantidade baixa apontada em 2017. Depois disso, os níveis aumentaram de novo, até que em agosto do ano passado o declínio voltou e, de repente, chegou ao recorde atual. 

O evento recente aconteceu de maneira inesperada. Além disso, ter dois picos negativos no intervalo de cinco anos preocupa cientistas. Até então, o continente gelado não estava sofrendo os efeitos das mudanças climáticas, mas isso pode ser um sinal do que está por vir. 

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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