Pílula anticoncepcional masculina diária se mostra promissora em teste humano

Um dos mais recentes candidatos experimentais a medicamento contraceptivo masculino é um composto que seria tomado basicamente assim como a pílula anticoncepcional diária disponível para mulheres. Um estudo piloto apresentado no domingo (18), durante a reunião anual da Endocrine Society, sugere que o composto — chamado de undecanoato de dimetandrolona (DMAU, na sigla em inglês) — pode ser […]

Um dos mais recentes candidatos experimentais a medicamento contraceptivo masculino é um composto que seria tomado basicamente assim como a pílula anticoncepcional diária disponível para mulheres. Um estudo piloto apresentado no domingo (18), durante a reunião anual da Endocrine Society, sugere que o composto — chamado de undecanoato de dimetandrolona (DMAU, na sigla em inglês) — pode ser seguro e eficaz em cobaias humanas.

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Pesquisadores deram DMAU para uma centena de voluntários adultos saudáveis, de idades que iam de 18 a 50 anos. Os voluntários receberam uma de três doses variadas de DMAU e, em uma de duas formulações diferentes, em uma cápsula ou com óleo de rícino ou pó de rícino. Cinco voluntários de cada grupo de dosagem foram randomizados para receber um placebo também. O teste durou cerca de um mês, com cada voluntário recebendo as ordens de tomar uma pílula por dia junto com comida. Oitenta e três homens fizeram o regime completo.

No fim do experimento, os voluntários que tomaram DMAU tiveram uma queda em seus níveis de testosterona e de dois outros hormônios envolvidos na produção de esperma, o que foi mais severo naqueles que tomaram a maior dose. O estudo não testou diretamente seu esperma, já que leva cerca de três meses para níveis hormonais baixos reduzirem significativamente a contagem de esperma de alguém. Mas os pesquisadores dizem que os níveis hormonais vistos no grupo de alta dosagem se mostraram suficientes para prever infertilidade em estudos iniciais de tratamentos de contracepção masculina. Por outro lado, os níveis entre todos os voluntários voltaram ao normal um mês depois do fim da terapia.

“[É] Um grande passo em direção ao desenvolvimento da pílula masculina”, disse a autora sênior Stephanie Page, professora de medicina da Universidade de Washington, durante coletiva de imprensa realizada no domingo. “Ficamos muito empolgados com os resultados que vimos.”

A pesquisa foi uma colaboração entre a Universidade de Washington e a Universidade da Califórnia em Los Angeles.

De acordo com os autores, o DMAU foi projetado para pular as barreiras que bloquearam outras tentativas de fazer uma pílula anticoncepcional masculina. Uma das principais abordagens à contracepção masculina tem sido usar progestina em conjunto com testosterona. A progestina faz com que os testículos parem de produzir testosterona naturalmente, levando a uma baixa contagem de esperma. Porém, embora essa abordagem permita uma infertilidade reversível, tentar entregar testosterona via oral pode ser bem chato.

Tentativas anteriores de produzir uma pílula à base de testosterona exigiam pelo menos duas doses diárias, devido à sua baixa taxa de absorção, e muita testosterona no sistema de uma vez pode causar efeitos adversos como dano ao fígado ou mudanças de humor. Mais recentemente, em 2016, um grande teste clínico de injeção contraceptiva à base de testosterona foi parado prematuramente, depois de alguns homens relatarem sérios problemas emocionais e de um voluntário se suidicar enquanto a tomava (a maioria das cobaias do estudo, é bom apontar, disse que ainda faria o tratamento se ele estivesse disponível).

O DMAU é feito para agir nos mesmos receptores que a testosterona e a progestina (componente sintético usado na contracepção hormonal). Mas ele parece ser mais facilmente absorvido pelo corpo e parece durar mais. Isso, teoricamente, significa que uma única dose por dia (quando tomada com comida) deve causar esterilidade sem levar a outras consequências sérias, dizem os autores.

“A grande mensagem para nós, no campo da pesquisa, é que realmente não houve efeitos ou eventos adversos”, disse Page. “Os homens aguentaram muito bem o medicamento. Não houve efeitos adversos comuns que você tem com medicamentos orais, como náusea, e não vimos sinais de danos no fígado.”

Os poucos efeitos colaterais que a equipe de Page observou foram ganho de peso e níveis menores de colesterol HDL (o tipo “bom”). Mas eles sentem que uma dose ajustada já poderia aliviar esses sintomas. Importante apontar, a pílula não pareceu causar quaisquer outros sintomas duradouros de baixa testosterona. Oito homens no grupo de tratamento relataram, sim, menor libido, mas o efeito se dissipou depois do fim do tratamento.

Porém, por enquanto, os resultados, ainda a serem publicados, são apenas um sinal de esperança. Os pesquisadores estão atualmente no meio de um teste que deve durar pelo menos três meses — um cronograma que lhes permitirá testar níveis reduzidos de esperma. E se o teste passar sem problemas, eles então testariam o DMAU em casais de verdade.

Os pesquisadores estão investigando também uma outra droga contraceptiva oral diária, também aprovada em seu primeiro teste em homens. Ela é baseada em um composto diferente e, de forma parecida com o DMAU, precisaria ser ingerida com comida.

[ENDO 2018]

Imagem do topo: AP

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