Antimatéria é capturada pela primeira vez
Prepare-se para aquela nave de dobra espacial, porque estamos um passo mais próximo de torná-la realidade. Depois de criarem anti-hidrogênio no desacelerador de antiprótons, cientistas da CERN conseguiram capturar antimatéria pela primeira vez na história.
Este é um grande passo. Primeiro, com isto a humanidade fica mais próxima de descobrir um dos maiores mistérios do Universo: o que aconteceu com toda a antimatéria criada durante o Big Bang? Em teoria, matéria e antimatéria foram criadas em partes iguais durante o Big Bang. No entanto, a última desapareceu logo em seguida. Ou, pelo menos, não conseguimos encontrá-la. O porta-voz do experimento ALPHA do CERN, Jeffrey Hangst da Aarhus University, na Dinamarca, diz que prender esses anti-átomos foi meio que uma experiência bastante intensa:
A novidade sobre o Alpha é que agora conseguimos segurar estes átomos. Nós temos uma tigela magnética, tipo uma garrafa, que prende o anti-hidrogênio (…) Por motivos que ninguém entende ainda, a natureza eliminou a antimatéria. Isto é portanto bastante recompensador, e um pouco intenso, ver o dispositivo ALPHA e saber que ele contém átomos estáveis e neutros de antimatéria.
A CERN criou os primeiros nove átomos de anti-hidrogênio em 1995, e então começou a produzir anti-átomos em grandes quantidades em 2002, como parte dos experimentos ATHENA e ATRAP. Esta é a primeira vez que cientistas conseguiram capturar átomos de anti-hidrogênio por tempo suficiente para estudá-los, mantendo-os a 9 graus Kelvin (ou 264°C negativos), suspensos em um campo magnético dentro de uma máquina ao estilo Caça-Fantasmas.
O outro motivo pelo qual este é um passo importante é seu potencial para resolver nossa necessidade por uma fonte ilimitada de energia. Quando o anti-hidrogênio toca a matéria – como demonstrado na imagem acima – ele lança uma quantidade enorme de energia. Muitos cientistas especulam que a antimatéria possa ser a chave para obter energia ilimitada, capaz de mover máquinas que hoje são impensáveis. No futuro, a antimatéria poderia dar energia a novos motores capazes de nos levar às estrelas quase à velocidade da luz.
A energia por unidade de massa (9×10^16 J/kg) é cerca de 10 ordens de magnitude maior que a energia química, cerca de 4 ordens de magnitude maior que a energia nuclear que pode ser liberada hoje usando fissão nuclear, e cerca de 2 ordens de magnitude maior que o melhor resultado possível de fusão nuclear.
A reação de um quilograma de antimatéria com um quilograma de matéria produziria 180 petajoules de energia, ou o equivalente aproximado a 43 megatons de TNT. Para efeito de comparação, a Tsar Bomba, a maior arma nuclear já detonada, gerou uma energia estimada de 50 megatons, o que requereu o uso de centenas de quilogramas de material para fissão. Wikipedia
Ou talvez nós acabemos destruindo o mundo em uma grande explosão de gosma vermelha. Pode ir pros dois lados.
Mas não tema, não chegamos lá ainda. Neste estágio, os cientistas ainda estão tentando entender como a antimatéria funciona. Este é mais um passo – um passo muito importante – para esta jornada. [CERN]