Apesar das altas velocidades de voo, moscas assassinas não têm controle de direção
Moscas assassinas podem atingir acelerações de mais de 3g no ar para chegar até suas presas. No entanto, há um problema: em velocidades altas, elas frequentemente erram porque perdem o controle da direção. Essas são as conclusões de um estudo realizado por pesquisadores das Universidades de Cambridge, Lincoln e Minnesota, publicadas no Journal of the Royal Society Interface.
Os bichos, da espécie Coenosia attenuata, realizam mergulhos aéreos de alta velocidade para atacar as presas que estão abaixo delas, atingindo acelerações de até 36 m/s², equivalente a 3,6 vezes a aceleração da gravidade (ou 3,6g). Isso acontece porque eles batem as asas ao cair, combinando a aceleração do voo motorizado com a aceleração da gravidade.
Porém, os pesquisadores acreditam que os animais não levam em conta o efeito da gravidade para atingir um alvo. Assim, eles construíram uma espécie de “arena de voo” transparente e inseriram uma presa falsa que voava em velocidade constante. As moscas foram filmadas com câmeras de vídeo enquanto atacavam o alvo, e os cientistas assistiram as imagens em câmera lenta. Usando esses dados, eles reconstruíram a sequência de ataque em um modelo 3D e analisaram o caso.
O estudo descobriu que as moscas assassinas atingiram acelerações muito mais altas ao decolar do teto da arena, em comparação com o chão ou paredes. Elas batem suas asas a uma taxa semelhante de onde quer que sejam lançadas, indicando que sua velocidade é determinada por uma combinação de força de asa e gravidade.
“Quando as moscas assassinas decolavam do chão ou das paredes da arena, elas se moviam no momento em que podiam pegar o caminho mais curto até o alvo. Mas não conseguiram fazer isso quando decolavam do teto porque a alta aceleração causada por gravidade muda a trajetória esperada”, disse, em nota, Sergio Rossoni, um estudante de doutorado no Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge e primeiro autor do artigo.
Ao mergulhar com aceleração superalta, a mosca às vezes pega sua presa rapidamente, mas muitas vezes erra porque sua velocidade torna difícil mudar de curso se o alvo se mover. Mas mesmo se a mosca não pousar no alvo, seu modo de voo reduz rapidamente sua distância da presa. “Esta pesquisa nos ajuda a entender quais atalhos são aceitáveis quando a sobrevivência depende de decisões rápidas e ações precisas, mas as capacidades sensoriais e o poder de processamento do predador são fortemente restringidos”, disse o professor Gonzalez-Bellido da Universidade de Minnesota, que conduziu o estudo.