_Inteligência Artificial

Este app que identifica flora e fauna quer ser o Pokémon GO da vida real

O site iNaturalist é uma rede social para pessoas que gostam de identificar a flora e fauna de seus arredores. Você posta uma foto de um animal ou uma planta no site com alguns dados – data, local, hora, etc – e os demais usuários ajudam a identificá-la. Sim, ele é quase um Pokémon GO […]

O site iNaturalist é uma rede social para pessoas que gostam de identificar a flora e fauna de seus arredores. Você posta uma foto de um animal ou uma planta no site com alguns dados – data, local, hora, etc – e os demais usuários ajudam a identificá-la. Sim, ele é quase um Pokémon GO da vida real (só trocando as batalhas por dados científicos).

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Agora, na tentativa de transformar os usuários e cidadãos em cientistas, o site foi transformado em um app, o SEEK, cujo objetivo é tornar ainda mais fácil a captura e o registro das plantas e dos animais – e com o auxílio de redes neurais, a base de dados da plataforma se transforma numa fenomenal ferramenta de identificação da flora e fauna.

Fauna & Flora GO

Sair de casa e procurar imagens de bichinhos com certeza te lembrou de Pokémon GO. Mas antes de criarem o app, o SEEK era o site iNaturalist, como aponta o Earther, que consistia em parte do projeto de mestrado da Universidade Califórnia Berkeley de Nate Agrin, Jessica Kline e Ken-ichi Ueda.

A princípio, o projeto focava apenas em ser uma comunidade online para naturalistas, ecologistas e amantes da natureza registrarem e discutirem observações e imagens feitas em campo, em um parque ou até em seu jardim.

Créditos: Asher Elbien

Por exemplo, alguém poderia postar a foto de uma cobra que viu na floresta ou uma outra pessoa poderia postar uma gravação do canto de pássaros – ambos poderiam ser identificados com o auxílio da comunidade. “É uma comunidade de pessoas que ajudam umas as outras a explorar o mundo natural”, disse Scott Loarie, codiretor do site, ao Earther. “E de um ponto de vista científico, vetar dados e garantir que eles estejam corretos”.

Muitos dos dados postados são, inclusive, disponibilizados ao Global Biodiversity Information Facility (Sistema global de Informação sobre Biodiversidade, em tradução livre),  uma organização internacional que oferece dados livres sobre biodiversidade para cientistas ou qualquer pessoa que queira usá-lo.

Inteligência artificial

A tecnologia por trás do SEEK não é necessariamente nova – o app Google Lens, por exemplo, disponível apenas para os dispositivos Pixel, consegue identificar animais, plantas e até comida – mas é a comunidade científica cidadã criada em 2008 a partir do iNaturalist que torna a iniciativa mais interessante.

O site conta com aproximadamente 150 mil espécies registradas, com fotografias na grande maioria dos registros. Foi então que Loarie e a equipe do iNaturalist começaram a se dar conta que uma rede neural poderia ser criada a partir de todas estas informações.

Por volta da metade do ano passado, eles começaram a treinar uma inteligência artificial para identificar espécies ao reconhecer imagens, uma ferramenta útil e complementar à função de coleta, armazenamento e identificação que membros do iNaturalist já faziam por conta própria. Agora, diz Loarie, além do comentário de membros humanos, uma inteligência artificial dará seus pitacos sobre cada imagem postada.

Atualmente, a inteligência artificial criada pela equipe do site reconhece 30 mil espécies, de acordo com o diretor, sendo a maior cobertura em localidades da América do Norte, pois é nesta região que está a maioria dos usuários do site.

Utilizei o aplicativo por aqui, no Brasil, e ele não pode identificar um cacto e uma tartaruga – que, inclusive, não sei dizer a espécie. Mas não deixa de ser um bom incentivo para começar a registrar imagens da flora e fauna da sua região e iniciar discussões no site.

Uma salamandra identificada nos EUA e uma tartaruga fotografada no Brasil — o app entendeu se tratar de uma tartaruga, mas não soube dizer a qual espécie ela pertence (Créditos: Asher Elbien/Earther/Gizmodo Brasil)

Explorando

Ao abrir o aplicativo, o SEEK oferece alguns amigáveis alertas: mantenha-se seguro, não invada, não coma nada que encontrar em regiões florestais e não importune animais selvagens – algo que Pokémon GO demorou para implementar.

Depois, o aplicativo providencia uma lista de organizações presentes nos seus arredores e te encoraja a explorar a região. Ao encontrar algo interessante, tire uma foto – seja de uma planta, um fungo, inseto, animal vertebrado – e espere a inteligência artificial encontrar uma resposta com alguns dados da Wikipedia.

Loarie acredita que o aplicativo pode ajudar crianças a se interessar por este tipo de cultura, criando um estilo de vida de curiosidade e interesse e a “vontade de fazer atividades envolvidas na ciência cidadã”, que consiste em sair de casa e fazer observações.

Tudo bem que Pokémon já tinha um fandom bem grande quando GO foi lançado, mas o ato de sair de casa e buscar por novos monstrinhos com certeza pode incentivar crianças a utilizar a mesma atividade de uma maneira mais científica.

O SEEK está disponível para iOS, você pode baixá-lo aqui.

[Earther]

Imagem de topo: pxhere.com

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