Apple, Google e outras pagam US$ 300 milhões por evitarem contratar funcionários da concorrência

Em 2011, cinco funcionários do Vale do Silício decidiram processar Apple, Google, Intel e Adobe por uma prática nociva de recursos humanos: elas teriam firmado um “acordo de cavalheiros” para não contratarem talentos umas das outras. O processo acabou virando uma ação coletiva, representando 64.000 pessoas, e seria julgado no fim de maio. Mas as […]

Em 2011, cinco funcionários do Vale do Silício decidiram processar Apple, Google, Intel e Adobe por uma prática nociva de recursos humanos: elas teriam firmado um “acordo de cavalheiros” para não contratarem talentos umas das outras. O processo acabou virando uma ação coletiva, representando 64.000 pessoas, e seria julgado no fim de maio. Mas as empresas decidiram fechar acordo extrajudicial e pagar US$ 324 milhões, segundo a Reuters.

A ação tramitava de forma pública, e seus documentos mostravam executivos como Steve Jobs e Eric Schmidt conspirando para não perderem funcionários, e para evitarem que o acordo fosse conhecido fora das empresas.

Por exemplo, em 2006, o Google recrutou um funcionário da Apple. Steve Jobs enviou um e-mail pedindo para isso não acontecer. Schmidt, então CEO da empresa, acatou o pedido rapidamente.

Em um e-mail de 2007, Paul Otellini, então CEO da Intel, diz sobre a política de não contratar funcionários da concorrência: “não gostaria que ela fosse amplamente conhecida”. E em uma tabela de 2008, a Adobe listava as empresas das quais não se poderia recrutar funcionários – a Apple é uma delas.

Os documentos apontam para uma atitude implacável de Steve Jobs. Em 2005, Sergey Brin tentou contratar funcionários da equipe do Safari. Em e-mail, Jobs avisou: “se você contratar uma só dessas pessoas, é guerra”. Brin desistiu da ideia e firmou um acordo de cavalheiros com a Apple.

Em 2007, Jobs ameaçou processar a Palm com suas patentes, caso ela não parasse de recrutar seus funcionários. “Meu conselho é dar uma olhada em nosso portfólio de patentes antes de tomar uma decisão final”, disse Jobs a Edward Colligan, então CEO da Palm. Mas Colligan respondeu que não se sentia intimidado.

O Google também era um forte adepto dessa prática, mas não conseguia convencer todos. O Facebook, por exemplo, se recusou em 2008 a firmar um acordo de não-contratação com a gigante das buscas.

Ao se unirem para não “roubarem” funcionários umas das outras, as empresas de tecnologia evitavam aumentar a remuneração deles – afinal, não seria necessário fazer uma contraproposta para evitar que eles saíssem. Essa prática ocorreu entre 2005 e 2009; em 2010, Google, Apple, Adobe, Intel, Intuit e Pixar fizeram um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA para nunca mais firmarem esse tipo de acordo.

A ação coletiva iria cobrar US$ 3 bilhões em danos, o que poderia triplicar para US$ 9 bilhões sob a lei antitruste dos EUA. Mas, com o acordo extrajudicial, isso não vai mais acontecer. [Reuters]

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