Como é usar o Apple Music, e quais as diferenças em relação ao Spotify

Até então, o maior elogio que posso fazer ao Apple Music é que eu genuinamente queria explorá-lo por completo.

Eu não uso muito o Spotify. Nem o Rdio. Muito menos rádios online. Em alguns momentos, eu quero mesmo é ouvir uma música específica; uma canção boa que é relevante aos meus interesses e ao que estou pensando no momento. Basicamente, eu sou o consumidor perfeito para o Apple Music, que promete ser o aplicativo de streaming de música para todos comandar. Mas ele é bom mesmo? Difícil dizer.

A Apple nos mostrou o Music ontem na WWDC 2015, e eu passei cerca de 10 minutos com o aplicativo. Não pude tirar nenhuma foto, então posso apenas dizer o que eu vi ali: uma interface supercolorida, carregada com as mais diversas maneiras de ouvir música. E até então, o maior elogio que posso fazer ao Apple Music é que eu genuinamente queria explorá-lo por completo.

O Apple Music é feito para conhecer você com o tempo, sugerindo músicas de forma inteligente — mas com um toque humano, não apenas um gélido algoritmo sem vida. Ele funciona da seguinte forma:

  1. Ao iniciar o Apple Music, você pode especificar gêneros e artistas que você gosta ao tocar em bolhas que os representam. Um toque mostra que você gosta de determinado artista ou gênero; dois toques mostram que você gosta muito, muito deles. Isso dá ao Apple Music uma ideia básica do seu gosto. (Além disso, ele leva em consideração o que você já comprou no iTunes).
  2. De alguma forma — ainda não é claro como, mas tenho certeza que envolve algoritmos — o Apple Music lhe apresenta playlists com curadoria de DJs humanos que vão de acordo com o seu gosto.

Tudo isso é mostrado na aba Para Você, que é onde a experiência do Apple Music se inicia — mas é apenas uma das cinco abas diferentes da interface.

Quer apenas saber o que é novo e está na moda sem nenhuma personalização? É para isso que ser a aba Novo. Toque a aba Rádio se você quer uma experiência musical sem interrupções. Conecte para ver atualizações dos seus artistas favoritos — como o membro do OneRepublic mostrando o quarto do hotel em que ele se hospedou depois de um concerto, ou uma olhada em alguma música ainda não lançada. E aí vem a aba Minhas Músicas, que dá a você uma experiência mais tradicional e próxima a do iTunes, com acesso as suas playlists e músicas salvas.

É tanto conteúdo que cada aba poderia ser um aplicativo separado.

“Para Você” não mostra apenas playlists, mas álbuns inteiros dos artistas que você gosta e de que você talvez vá gostar, se der uma chance a eles. “Novo” não é apenas uma lista dos 100 melhores, ele se parece com uma loja que mostra os últimos álbuns, singles e playlists com curadoria.

Você pode ouvir playlists de gêneros específicos, ou de atividades populares (precisa de música para um churrasco, por exemplo?). Há rankings das mais ouvidas para músicas, álbuns e até clipes musicais. “Rádio” não é apenas a rádio Beats One com curadoria dos três DJs famosos: você também pode escolher gêneros dentro dela.

Honestamente, são escolhas o suficiente para te deixar tonto, mas espero que ele possa encontrar músicas para mim independente do meu humor.

O problema: eu não pude personalizar o serviço nem um pouquinho nesse teste de 10 minutos, então não posso dizer com certeza se o Apple Music poderia sugerir coisas novas e interessantes de acordo com o que eu costumo ouvir. Ou nem se meus artistas favoritos irão realmente usar as mídias sociais do serviço, já que ele não pega conteúdo postado no Facebook ou Twitter destes artistas – eles precisam usar o aplicativo para nos atualizarem por lá. Isso torna necessário que estes artistas se cadastrem e sejam verificados.

É uma experiência com curadoria, não é como o YouTube e o MySpace onde qualquer um pode criar uma conta e ser descoberto. Não dá nem mesmo para compartilhar as suas playlists com outros usuários, por exemplo.

Não sei nem dizer se o serviço vale mesmo os US$ 10 mensais que ele pede — ou US$ 15 no plano familiar de até seis pessoas — porque do que nos foi mostrado, o Apple Music não é tão diferente do Spotify. O que realmente importa é quão inteligente o aplicativo (e a curadoria humana) será. Ainda bem que teremos três meses para testá-lo de graça para saber a resposta.

Vou aguardar até 30 de junho para descobrir se o Apple Music é a experiência certa para mim. Até lá, vamos aproveitar para comparar os principais recursos dele com o Spotify.

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Apple Music vs. Spotify

Como o Apple Music se compara ao Spotify, seu principal concorrente no mercado de streaming? Eis o que já sabemos.

Quanto ele custa

  • Grátis: Você pode ouvir rádios com propagandas entre as músicas de graça usando apenas o seu Apple ID. No Spotify, você tem acesso à toda a biblioteca do serviço com propagandas entre as canções.
  • Premium: Em ambos os casos, você tem acesso ilimitado online e offline à biblioteca por US$ 10 por mês (o Spotify cobra R$ 15 no Brasil; o Apple Music ainda não revelou os preços em reais).
  • Familiar: A Apple introduziu um plano familiar baratíssimo que cobra apenas US$ 15 para até seis pessoas usarem uma mesma conta. O Spotify Família custa US$ 25 para quatro usuários, mas parece que esse valor será reduzido.

Catálogo

  • O Spotify tem um catálogo de mais de 30 milhões de músicas. Tem até Led Zeppelin! Mas não tem Taylor Swift.
  • O Apple Music também terá mais de 30 milhões de músicas, com um catálogo provavelmente bem parecido com o do Spotify. Mas não espere que tudo no iTunes esteja no catálogo do Apple Music — não espere que a discografia do Beatles seja disponibilizada lá, por exemplo.
  • Existirão algumas diferenças entre um catálogo e outro, baseado no que cada serviço puder negociar. O iTunes terá alguns exclusivos e o Spotify terá outros.

Onde você pode ouvi-lo

  • Mesmo que o Apple Music seja lançado com um aplicativo para Android, o Spotify sai na frente neste tópico: você pode acessá-lo de praticamente qualquer lugar, o que é ótimo. Além do iOS, Android PC, Mac e na web, o Spotify pode ser ouvido do seu Playstation 3 ou 4 e até mesmo dentro de carros do Uber.
  • Não posso ter certeza, mas parece que o Apple Music não terá uma versão web. Afinal, o release diz apenas que ele será um “app”, certo?

Ainda no tópico de software

  • A Apple sabe fazer programas bons, especialmente no iOS. Claro, não é perfeito. Enquanto isso, os apps do Spotify são meio bagunçados.

Playlists

  • Ocasionalmente isso é chamado de “rádio”. Sim, ambos os serviços têm playlists com curadoria de “experts”.
  • Adicionalmente, tanto Apple Music quanto Spotify irão gerar playlists ruins feitas por robôs geniais.

Descobrindo novas músicas

  • Spotify e Apple Music têm inúmeros métodos para lhe apresentar novas músicas que você nunca ouviu antes. Ambos irão sugerir canções de acordo com os gêneros e artistas que você costuma ouvir. Músicas serão oferecidas por tópicos musicais, hits do momento, hits temporais, etc. Playlists com curadoria de experts também levarão a novas descobertas. É bem padrão, mas estou curioso para ver a interface da Apple neste setor.

Extras do Spotify

  • Talvez a função mais legal presente no Spotify e não no Apple Music (por enquanto) é o aspecto social: você pode ver o que os seus amigos escutam e sugestões se basearão nisso.
  • O Spotify também apresentou recentemente uma nova função para quem pratica corridas e uma investida em vídeos.
  • Player na web, duh! Cadê o seu, Apple?

Extras do Apple Music

  • O grande diferenciador do Apple Music é o Connect: uma seção do aplicativo que permite acompanhar os seus artistas favoritos. É mais ou menos como uma página do Facebook que você pode seguir. O artista posta algo e você pode responder a essa postagem e o artista também pode usar essa página para compartilhar conteúdo exclusivo.
  • O Apple Music funciona muito bem com todo o conteúdo que você já tem. Eu tenho cerca de 100 GB de música carregada no iTunes Match e posso puxá-la para qualquer um dos meus dispositivos Apple sem problemas. Eu gosto como o Apple Music planeja integrar a sua coleção pessoal com todo o resto. (O Google Play Música também faz isso muito bem.)
  • Você não deveria subestimar como as pessoas são preguiçosas. A Apple já possui milhões de cartões de crédito cadastrados em sua base de dados. Então, muitas dessas pessoas provavelmente assinarão o Apple Music por osmose.

Qual eu devo escolher?

  • Difícil dizer! Mas se você gosta do Spotify, talvez não haja muitos motivos para mudar de serviço em 30 de junho.

Sim, existem outros serviços no mercado

  • Há também o Deezer, o Rdio, o Napster, o Xbox Music… E existem até pessoas que se importam com o Tidal do Jay Z. O Spotify e o Apple Music estão longe de serem os únicos serviços de streaming do mercado… mas eles são certamente os maiores! Por isso concentramos esta comparação preliminar entre eles dois.

Teremos mais detalhes sobre o Apple Music no final do mês.

Colaborou: Mario Aguilar.

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