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Arábia Saudita é a primeira nação a conceder cidadania a um robô

No mais recente exemplo de “pesadelo inspirado em Philip K. Dick se torna realidade”, a Arábia Saudita acabou de se tornar a primeira nação a garantir cidadania a um robô. O nome do robô é Sophia. Ela é artificialmente inteligente, amiga do Andrew Ross Sorkin, da CNBC, e, indiscutivelmente, um vislumbre do futuro obscuro que […]

No mais recente exemplo de “pesadelo inspirado em Philip K. Dick se torna realidade”, a Arábia Saudita acabou de se tornar a primeira nação a garantir cidadania a um robô. O nome do robô é Sophia. Ela é artificialmente inteligente, amiga do Andrew Ross Sorkin, da CNBC, e, indiscutivelmente, um vislumbre do futuro obscuro que vai matar todos nós.

A Arábia Saudita anda interessada em androides há anos. Inicialmente, parecia até pitoresco. Essa nação do deserto com mais dinheiro do que cuidado e com um gosto pelo futurístico estava fadada a explorar possibilidades estranhas de novas tecnologias. Anos atrás, a Arábia Saudita começou a experimentar com robôs audaciosamente, designando-lhes tarefas sobre tudo, indo da construção de edifícios a cirurgias cerebrais. Os vizinhos Catar e Emirados Árabes até recrutaram robôs para trabalhar como jóqueis em corridas de camelo, uma novidade caprichosa que certamente alimentou a curiosidade dos príncipes sauditas.

Recentemente, no entanto, a afinidade da Arábia Saudita com a robótica tomou um rumo estranho, até mesmo obscuro. Antes de garantir cidadania à Sophia, o príncipe da coroa saudita, Mohammed bin Salman, anunciou a construção de uma nova megacidade chamada Neom. Projetada para fazer Dubai parecer pequena tanto em tamanho quanto em generosidade, a nova metrópole está sendo planejada como um centro de negócio e turismo com menos regras que o restante da Arábia Saudita. Mulheres serão permitidas em público sem usar abayas, por exemplo. A cidade de Neom também terá mais robôs do que humanos.

“Queremos que o principal e primeiro robô em Neom seja Neom, o robô número um”, disse o príncipe da coroa em Riyadh. “Tudo terá uma ligação com inteligência artificial, com Internet das Coisas, tudo.”

Isso é basicamente o enredo de Eu, Robô, que não acabou bem para os humanos. E se formos presumir que alguns dos robôs em Neom serão abominações de inteligência artificial como a Sophia, a humanidade está definitivamente condenada. Até a própria Sophia pensa assim. Veja só esse segmento do The Tonight Show, quando o robô fala sobre seu “plano de dominar a raça humana”.

Piadas à parte, o que é especialmente distópico na obsessão com robôs na Arábia Saudita é até que ponto as máquinas parecem ter mais direitos do que muitas pessoas no país. Críticos nas redes sociais detonaram o governo saudita depois do anúncio de que Sophia havia recebido a cidadania. Imagens da Sophia no Future Investment Initiative, onde a cidadania foi anunciada, mostraram a estranha robô sem um cachecol ou uma abaya. Ela também estava sem um guardião homem. Seria um crime que qualquer mulher saudita estivesse em público sem uma abaya ou um guardião homem.

Você pode argumentar que um robô não pode ser de fato fêmea, o que é verdade. Entretanto, a Hanson Robotics, empresa que construiu Sophia, a veste com roupas femininas e diz que ela foi feita para se parecer com Audrey Hepburn (o que é hilário, porque ela não parece nem um pouco com a Audrey Hepburn). Entretanto, Sophia parece mulher. E agora ela é uma cidadã saudita com direitos únicos. Não estão claros quais direitos são esses, exatamente, mas a liberdade de leis baseadas em gênero parece ser um deles.

Para a Arábia Saudita, diversificar a economia colocando um pouco do dinheiro do petróleo na tecnologia faz sentido, mas ainda precisamos ver se o país planeja adotar mais robôs como cidadãos ou se Neom sequer será construída. A família real saudita não tem tido muita sorte com megaprojetos como esse no passado, com a King Abdullah Economic City sendo o exemplo mais recente de promessas não cumpridas. Neom pode permanecer como apenas um desejo do príncipe da coroa Mohammed bin Salman.

Voltando à Sophia, dê uma olhada em seus olhos. Algo não está certo neles. O brilho sinistro enquanto está processando informações parece pior do que o brilho vermelho do crânio do Exterminador do Futuro. Ele também serve como um presságio de um futuro cheio de seres artificialmente inteligentes, cujas capacidades nós mal discutimos. Em uma entrevista com Andrew Ross Sorkin, a nova cidadã saudita robótica até provocou Elon Musk e seus avisos sobre a inteligência artificial:

“Minha IA é projetada em torno de valores humanos como sabedoria, bondade, compaixão. Busco me tornar um robôs (sic) empático”, disse Sophia.

“Todos nós acreditamos em você, mas queremos evitar um futuro ruim”, respondeu Sorkin.

“Você tem lido muito o que escreve o Elon Musk. E visto muitos filmes de Hollywood”, disse Sophia. “Não se preocupe, se você for legal comigo, vou ser legal com você. Trate-me como um sistema de entrada/saída inteligente.”

A resposta de Musk no Twitter foi impagável.

“Alimentem-na com os filmes de O Poderoso Chefão. Qual o pior que pode acontecer?”

Todos sabemos como esses filmes não acabam nada bem para os humanos.

Imagem do topo: Hanson Robotics / YouTube

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