Pesquisadores britânicos e espanhóis demonstraram que aranhas são capazes de sintonizar suas teias, permitindo que esta criatura de oito patas receba informações específicas sobre seu ambiente, incluindo a presença de presas, potenciais companheiros e as condições estruturais da teia.
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Parecido com cordas de um instrumento afinado, cada fio de seda da aranha transmite vibrações através de uma extensa variedade de frequências, que são propagandas pela teia. Isso permite que aranhas, que não veem muito bem, sintam a integridade das teias e detectem presas ou companheiros.
Cientistas já sabiam disso há anos, mas eles não tinham certeza absoluta sobre a precisão das características destas vibrações, ou se as aranhas tinham algum controle sobre este recurso arquitetônico. Para entender melhor, pesquisadores de Oxford e da Universidade Carlos III, de Madri, exploraram as relações entre as propriedades dos materiais das teias de aranha e como as vibrações se propagam através dos fios de seda. O estudo deles, que foi publicado no Royal Society Interface, demonstra que aranhas podem, de fato, afinar suas teias para transmitir mensagens específicas.
Acima, o vídeo: a teia, além de ajudar a pegar a presa, envia “vibrações” para a aranha — que reage ao impacto quase que instantaneamente
Usando lasers poderosos para medir vibrações ultra-pequenas, os pesquisadores isolaram três recursos de teia em particular que permitem que as aranhas transformem suas armadilhas em transmissores de dados: tensão da teia, rigidez da seda e a arquitetura da teia de modo geral. É importante considerar que as aranhas conseguem manipular todas essas três características.
Por exemplo, ambas as ondas transversais (isto é, ondas que vibram em ângulos retos para a direção de sua expansão) e as ondas longitudinais (isto é, ondas que vibram na direção da propagação) podem ser sintonizadas pela aranha quando ela ajusta a tensão da teia e a rigidez da borda externa da teia e os raios, conhecidos como linhas guias. De fato, as teias da aranha são tão personalizáveis, que os pesquisadores acreditam que os recursos da seda da teia evoluíram para este propósito.
“Nós propusemos que as linhas guias da seda possam ter evoluído como um controle de mecanismo para estas fibras multifuncionais”, escreveram os autores da pesquisa no estudo. “Os diversos níveis de influência ativa na engenharia da teia revela a habilidade extraordinária das aranhas em modelar as propriedades físicas do material que elas próprias produzem e arquitetar a funcionalidade biológica, como a transmissão de dados.”
Então, quando uma aranha produz sua teia, ela não está construindo apenas uma armadilha e aguardando cegamente que só sua estrutura vai conferir a si a propagação de vibrações específicas. Em vez disso, a aranha está trabalhando como um engenheiro aplicado, construindo uma teia estável cuja função primária é ser uma armadilha, enquanto ela vai otimizando a habilidade da teia de transmitir informações críticas. Isto é essencialmente construir — e afinar — sua teia para ser um dispositivo multifunção.
Ao mesmo tempo, a aranha deve constantemente balancear a troca entre a integridade estrutural da teia e a habilidade da teia em transmitir sinais em frequências específicas.
[Journal of the Royal Society Interface]
Foto do topo por Pixabay