Armas dolorosas portáteis não deixam rastros de uso e podem virar assunto de polícia
Um bom tempo atrás nós ouvimos falar sobre a Inglaterra considerando realizar testes com armas não-letais de direcionamento de energia. Basicamente uma arma de raios que causaria uma sensação de queimação na vítima, mas sem de fato causar queimaduras ou deixar marcas na pele. É isso que a Joint Non-Lethal Weapons Directorate, JNLWD, tem explorado desde 2005. Mas segundo o engenheiro do projeto, Wesley Burgei, eles ainda têm alguns bugs para tomar conta:
"Nós já estabelecemos a irradiação mínima para causar uma sensação de queimação e caracterizamos em que ponto o ferimento térmico se inicia", diz ele. "Mas ainda não chegamos à irradiação operacional exata que caracteriza um efeito militar útil com uma margem de segurança conservadora."
Em bom português? Estamos falando de problemas de segurança em potencial. Felizmente eles serão corrigidos e bem pensados antes que estas armas cheguem às ruas, graças a um protocolo das Nações Unidas sobre armas a laser. Eles proíbem qualquer arma laser que possa penetrar a retina e causar cegueira. Parece esquisito que uma arma que cause queimação na pele não faça nada com os olhos, mas, de acordo com Burgei, é perfeitamente possível usar um comprimento de onda seguro à retina.
É ótimo que a preocupação com segurança seja proeminente no design e criação destas armas não-letais, mas Steve Wright, um analista de armas não-letais da Leeds Metropolitan University, aponta um argumento interessante sobre elas:
"Perseguir a dor em vez do cérebro — através de diálogo — já nos levou a equipamentos de tortura de um botão no passado. Se não deixam marcas na pele, como alguém poderá provar que não houve abuso?"
As armas do tipo Taser, que já são usadas por aí, deixam provas, marcas e rastros de uso. Mas as armas de raios como esta sendo projetada no JNLWD, uma vez que estejam dentro das normas de segurança impostas pela ONU, não deixarão. Sem querer iniciar uma discussão do tipo "Oh, não! Escândalo! Tortura!!", mas… como as regularemos? [New Scientist]