
Arqueólogos acham sinais de uso de drogas psicoativas na Idade do Ferro
Arqueólogos descobriram os sinais mais antigos de uso de drogas psicoativas em Qurayyah, oásis na Arábia Saudita, um dos mais importantes sítios arqueológicos da península.
Em 2023, cientistas do Instituto Max Planck de Geoantropologia e da Universidade de Viena, em colaboração com arqueólogos do governo saudita, recuperaram “dispositivos de fumigação” no sítio. Os dispositivos seguem a cultura arqueológica de Qurayyah, sendo, portanto, da Idade de Bronze.
Agora, em um estudo publicado na última sexta-feira (23), os cientistas detalham que os dispositivos eram usados para fumar Peganum harmala, planta psicoativa conhecida como harmala ou arruda síria.
De acordo com o estudo, há evidências de uso da droga psicoativa que datam de mais 2.700 anos, durante a Idade de Ferro. Nesse período, os habitantes da Arábia estavam descobrindo o potencial terapêutico, sensorial e, possivelmente, psicoativo.
Isso porque, conforme o estudo, os árabes queimaram a planta em ambientes domésticos, descartando motivações religiosas ou funerárias.
Brasileiro ajudou a descobrir uso mais antigo de droga psicoativa
Barbara Huber, do Instituto Max Planck, afirma que os cientistas encontraram resíduos orgânicos de fumigação de recipientes de cerâmica. O químico brasileiro Daniel Vassão, técnico de laboratório do Max Planck, conduziu análises de cromatografia líquida e espectrometria em massa.
O brasileiro e a equipe identificaram harmina e harmalina, os principais alcaloides da planta psicoativa.
Os alcaloides da planta são famosos por afetarem neurotransmissores como a serotonina, causando diversos efeitos, desde a sedação média a alucinações.
Desse modo, o estudo fornece a primeira evidência química do uso mais antigo de droga psicoativa envolvendo a queima da harmala.
Além disso, o método de administração sugere que as pessoas usavam controladamente a droga psicoativa na Idade de Ferro. A queima da semente e a inalação da fumaça minimizam os riscos de toxicidade associados à ingestão da planta.
O estudo também mostra diferente usos de planta como drogas psicoativas entre diferentes setores. A harmala era para uso terapêutico doméstico, como dito acima.
No entanto, arqueólogos encontraram substâncias psicoativas de outras plantas em túmulos perto do oásis, indicando distinções específicas no papel de cada planta.